Fernando Parrillo, presidente da Prevent Senior: o início foi com serviço de ambulância (Germano Lüders/Exame)
Mariana Desidério
Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 13 de dezembro de 2019 às 07h00.
A operadora de saúde Prevent Senior, focada no público idoso, tem impressionado pelos resultados em um setor que luta contra a alta nos custos dos tratamentos. O faturamento foi de 1 bilhão de reais, em 2014, para 3,5 bilhões, em 2019. No mesmo período, o lucro subiu de 56 milhões de reais para uma expectativa de 410 milhões ao final deste ano.
Isso com uma carteira que outras operadoras pagariam para não ter. A Prevent Senior tem 456.000 beneficiários, sendo 346.000 com 61 anos ou mais e 258 que já chegaram aos 100 anos de idade. O envelhecimento da população é uma das explicações dadas para o fato de a inflação médica ter ficado em 17% em 2018, ante uma inflação geral de 3,7%. “Estamos contra a lógica do mercado de saúde”, afirma o administrador Fernando Parrillo, presidente da empresa.
Para seu modelo funcionar, a concentração do atendimento na rede própria é fundamental. Ela evita desperdícios em exames desnecessários e garante a gestão da informação sobre os pacientes dentro da operadora. A Prevent Senior tem 44 unidades na rede própria de atendimento, sendo 12 hospitais.
Agora, a empresa está reformando suas unidades, com quartos mais amplos para atender melhor os familiares dos pacientes, e uma decoração com menos cara de hospital. A ideia é criar um ambiente mais acolhedor e que remeta o mínimo possível à doença.
Na unidade de Santa Cecília, no centro de São Paulo, o hall de entrada recebeu plantas, móveis de tom amadeirado e painéis com fotos de paisagens. Quem entra para visitar um familiar tem grande chance de ouvir o fisioterapeuta Henrique Estercio de Oliveira, arranhar algumas notas no piano de cauda que fica na recepção. “Um dia um paciente meu estava muito abalado e resolvi tocar algumas músicas para ele. Ele ficou emocionado, disse que foi a melhor coisa que lhe aconteceu. Desde então, toco sempre que possível”, diz.
A unidade -- assim como os outros hospitais da operadora -- permite também a visita de animais de estimação para os pacientes internados. O objetivo é que a visita ajude a levantar o ânimo de quem está há algum tempo no hospital. Há também um serviço de atenção ao paciente, que atende inclusive os familiares que perderam um parente. Os hospitais da operadora promovem ainda palestras e encontros para que os beneficiários se informem melhor sobre uma doença, ou tirem dúvidas sobre cuidados no pós-operatório.
A operadora também promove atividades fora dos hospitais e consultórios. Há aulas de ginástica em clubes na capital paulista, como o Allianz Parque, o estádio do Palmeiras, na zona oeste de São Paulo. No teatro Prevent Senior, em Pinheiros, ocorrem os cursos de artes, canto e música. Cerca de 7.000 beneficiários da companhia participam de atividades.
A aposentada Maria Aparecida dos Santos Watanabe, de 73 anos, frequenta as aulas de ginástica em grupo. “Precisei de uma cirurgia no joelho e o médico me recomendou exercícios. Comecei e não parei mais. Perdi peso, fiz amigos, isto aqui é meu remédio”, diz.
Este ano, a companhia está partindo para um investimento que irá aumentar em 50% sua capacidade de atendimento, para 700 mil beneficiários. São 300 milhões de reais na construção de mais seis hospitais, sendo cinco em São Paulo e um em Santos, no litoral paulista.
Outro projeto, que receberá investimento de 200 milhões de reais, é um complexo batizado de Cidade Prevent Senior, no local onde ficava a antiga fábrica da cervejaria Antarctica, na Mooca. O complexo tem a meta de ser uma espécie de Disney para a terceira idade, com clube, piscina, teatro, cinema, shopping, restaurante e, é claro, um hospital. Há ainda 80 milhões investidos na compra de dois helicópteros para a remoções emergenciais. Tudo capital próprio.
A versão completa da reportagem sobre a Prevent Senior está na edição 1199 da revista EXAME, disponível nas bancas, tablets e smartphones.