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Na fila para ser privatizado, Correios têm lucro de R$ 1,5 bilhão

Os dados, ainda não divulgados oficialmente pela empresa, foram enviados pelo presidente da estatal, Floriano Peixoto Vieira Neto, ao Ministério da Economia

CORREIOS: estatal ainda deve 2,5 bilhões de reais por prejuízos, mas fechou os últimos dois anos no azul Divulgação (Correios/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de maio de 2021 às 13h26.

Os Correios tiveram um lucro líquido de R$ 1,53 bilhão em 2020, o melhor resultado em pelo menos uma década. Os dados, ainda não divulgados oficialmente pela empresa, foram enviados pelo presidente da estatal, Floriano Peixoto Vieira Neto, ao Ministério da Economia.

No documento, obtido pelo Estadão/Broadcast, ele ressalta que o desempenho "garante à empresa uma imagem institucional sólida" e a deixa "em condições bastante favoráveis no contexto dos estudos de desestatização que estão sendo conduzidos a seu respeito".

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O presidente Jair Bolsonaro entregou em mãos o projeto de privatização dos Correios ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) em 24 de fevereiro. No dia 20 de abril, os deputados aprovaram requerimento de urgência para a proposta, o que permite que ela seja pautada a qualquer tempo na Casa.

O texto não define qual será o modelo de privatização, mas abre caminho para a venda dos Correios ao liberar à iniciativa privada a operação de serviços que hoje são de monopólio da União.

Desde 2010, os Correios tiveram lucro acima de R$ 1 bilhão apenas em 2012 (R$ 1,113 bilhão). Entre 2013 e 2016, a estatal acumulou um prejuízo de R$ 3,943 bilhões, fruto de problemas de gestão e provisões para fazer frente aos rombos nos planos de previdência (o Postalis) e de saúde (o Postal Saúde) dos funcionários. Ambos já foram alvo de denúncias de corrupção. O Postalis acumula quatro operações da Polícia Federal: Positus, Greenfield, Pausare e Rizoma, que investigaram fraudes na gestão dos recursos.

A partir de 2017, a empresa começou a reverter os prejuízos, mas o desempenho melhor em 2020 veio na esteira da expansão do comércio eletrônico - modalidade que teve aumento de demanda com a pandemia de covid-19 e o maior número de pessoas em trabalho remoto. Segundo o ofício enviado ao Ministério da Economia, a receita com encomendas manteve o patamar de crescimento, com alta de 9% em relação a 2019. As receitas internacionais, por sua vez, ultrapassaram R$ 1,2 bilhão, um valor nunca registrado até então, de acordo com a estatal.

Com o resultado positivo, o patrimônio líquido da companhia cresceu 84% em relação a 2019, somando R$ 950 milhões

Comissão especial

Na tentativa de evitar que o projeto fique parado nas comissões permanentes, onde a oposição tem mais força, o presidente da Câmara determinou a criação de uma comissão especial para apreciar a matéria. A comissão não foi formalmente instalada, mas o ato permite maior controle sobre a discussão ao relator, Gil Cutrim (Republicanos-MA). Do contrário, a proposta seria discutida em cada uma das comissões temáticas e teria diversos relatores diferentes. Em muitas delas, o governo já vinha perdendo terreno na discussão sobre os Correios.

Cutrim afirmou que o projeto ainda está em fase de debates e que não há um prazo para trazer o projeto à votação. "É uma matéria que precisa ser amplamente discutida", afirmou.

Já o secretário de Comunicação da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect), Emerson Marinho, afirma que o resultado mostra a "alta capacidade" da estatal de manter o serviço à população mesmo em um ano de pandemia. Em relação à privatização, ele vê o desempenho como prova de que não há "argumento sólido" para vender a companhia. "Nenhum empresário vende nada que dê lucro, pelo contrário, investe mais para dar mais lucro."

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