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Mulheres são só 9% em conselhos de empresas no Brasil

As companhias não são mais explícitas em relação a preconceitos, mas só escolhem homens e não sabem verbalizar razões, disse presidente da WCD

SpencerStuart: análise com 187 empresas listadas em Bolsa constatou que participação feminina nos conselhos administrativos é equivalente a menos da metade da média internacional (Jacoblund/Thinkstock)

SpencerStuart: análise com 187 empresas listadas em Bolsa constatou que participação feminina nos conselhos administrativos é equivalente a menos da metade da média internacional (Jacoblund/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de agosto de 2018 às 09h53.

Última atualização em 2 de agosto de 2018 às 09h58.

A falta de diversidade é o maior desafio nos conselhos de administração das maiores empresas do Brasil, segundo estudo feito pela consultoria SpencerStuart. O levantamento, que compara a realidade das companhias brasileiras a empresas de outros 20 países, mostra que a participação de mulheres como titulares e suplentes de conselhos não chega a 10% no País.

O presidente da SpencerStuart no Brasil, Fernando Carneiro, diz que há iniciativas para promover a diversidade, principalmente de gênero, mas elas são dificultadas pelo predomínio de profissionais de áreas em que a presença feminina é menor, como a financeira, e a exigência de experiência. "Há uma inércia negativa nessa questão da experiência que precisamos superar", disse o executivo ao Estadão/Broadcast.

O estudo, que analisou 187 empresas listadas em Bolsa, mostrou que a presença de mulheres nos conselhos de administração aumentou 15% em 2017, em relação ao ano anterior. Apesar disso, o País tem apenas dez mulheres presidentes de conselho e a participação feminina - 9,4% - é equivalente a menos da metade da média internacional, de 24,1%.

No quesito nacionalidade, o levantamento revela que apenas um terço das empresas tem estrangeiros nessas vagas. Eles representam 8,3% do total de conselheiros no País e 14% dos novos indicados no ano passado. Em outros países, a média é de 27%. "A próxima discussão é a diversidade étnica. Nesse ponto, o Brasil também tem muito a melhorar", diz Carneiro.

A mudança de hábitos, porém, encontra obstáculos. Segundo a copresidente da organização Women Corporate Directors (WCD), Leila Loria, a meta é que todos os recrutadores assumam o compromisso de incluir ao menos uma mulher entre os indicados. Embora as companhias não sejam mais explícitas em relação a preconceitos, Leila diz que elas "recebem uma lista, só escolhem homens e não sabem verbalizar razões".

Mentores

Para superar essas barreiras, o WCD e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) desenvolveram um programa de monitoria para conselheiras, que já está na terceira turma. Alguns dos principais conselheiros do País, como Pedro Passos, Raul Calfat e Fábio Barbosa, dedicam seu tempo para preparar as 27 selecionadas entre 127 inscritas.

O interesse foi grande: na última seleção, foi preciso abrir vagas extras. Escolhemos homens como monitores de propósito. Queremos que eles sejam agentes de mudança, conta a copresidente da WCD.

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