Negócios

Montadoras preveem alta da produção, mas nível de emprego é dúvida em 2021

A indústria automotiva projeta crescimento de 25% dos volumes neste ano, porém, a volta das contratações ainda depende de retomada perene das vendas

Linha de produção: retomada com desafios (Volkswagen/Divulgação)

Linha de produção: retomada com desafios (Volkswagen/Divulgação)

JE

Juliana Estigarribia

Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 12h58.

Última atualização em 9 de janeiro de 2021 às 01h12.

Após um ano extremamente difícil para o setor automotivo, as montadoras projetam um avanço de 25% da produção em 2021, puxado tanto pelo mercado doméstico quanto pelas exportações. No entanto, o crescimento não deve significar necessariamente um aumento das contratações, uma vez que as empresas ainda aguardam sinais mais claros de retomada perene das vendas.

"Algumas montadoras até vêm fazendo contratações temporárias, mas ainda não sabemos se estamos vivendo uma retomada firme, que veio para ficar", afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em conversa com jornalistas nesta sexta-feira, 08. 

Em 12 meses, a indústria automotiva eliminou 5.000 postos de trabalho e o horizonte ainda se mostra nebuloso para mais contratações. "Esperamos que o aumento da produção venha atrelado à alta perene do emprego", acrescenta.

Uma parte do crescimento da produção está atrelada ao aumento inesperado das exportações. Para 2021, a Anfavea projeta avanço de 9% do volume embarcado,  para 353.000 unidades. "Da mesma forma que as vendas no Brasil caíram e retomaram rapidamente, esse movimento também aconteceu nos outros países. Há uma demanda reprimida."

Além disso, o dirigente explica que as montadoras estão buscando oferecer mais opções para exportar. "As empresas também lançaram produtos no ano passado que acabaram sendo exportados, o que contribuiu para melhorar as projeções."

Do lado da demanda doméstica, a associação projeta um crescimento de 15% dos licenciamentos totais -- incluindo leves e pesados -- em 2021, para 2,36 milhões de unidades. Apesar do avanço, o desempenho ainda está abaixo das vendas registradas em 2019, de 2,8 milhões de unidades.

Para este ano, um dos maiores desafios que a indústria deve enfrentar é o aumento do ICMS no estado de São Paulo, maior mercado consumidor de veículos do país.

Moraes afirma que um carro novo que custa 50.000 reais antes pagava cerca de 900 reais de ICMS em São Paulo. Com o novo aumento, deve pagar acima de 2.000 reais do imposto.

"Este não é o momento de aumentar impostos. Estamos falando há tanto tempo sobre reforma tributária e, em meio à pandemia, elevar a alíquota do ICMS só vai piorar a situação", diz Moraes.

Balanço

Em 2020, o licenciamento total de veículos no país alcançou 2,05 milhões de unidades, declínio de 26,2% em relação ao ano anterior. Por segmento, as vendas de carros de passeio e comerciais leves somaram 1,95 milhão de unidades no ano passado, queda de 26,7% na mesma base de comparação. Já em caminhões e ônibus a retração foi de 11,5% e 33,4%, respectivamente.

A produção total de veículos no ano passado recuou cerca de 31% na mesma base, para 2,01 milhões de unidades.

Já a exportação, segundo a Anfavea, registrou uma queda menor do que a esperada, mas ainda substancial, de 24,3% sobre 2019.

Por outro lado, as montadoras ajustaram fortemente seus estoques, atingindo ao final de dezembro o menor nível da história da indústria: em torno de 12 dias. O usual, segundo a associação, é de 30 dias. "As empresas buscaram se adequar à realidade do mercado", diz Moraes.

O dirigente acredita que, com a digitalização das vendas de veículos, as montadoras e concessionárias estão obtendo mais assertividade na produção. "Níveis mais baixos de estoques devem ser o novo normal da indústria."

Acompanhe tudo sobre:AnfaveaMontadoras

Mais de Negócios

Você já usou algo desta empresa gaúcha que faz R$ 690 milhões — mas nunca ouviu falar dela

Ela gastou US$ 30 mil para abrir um negócio na sala de casa – agora ele rende US$ 9 milhões por ano

Ele só queria um salário básico para pagar o aluguel e sobreviver – hoje seu negócio vale US$ 2,7 bi

Banco Carrefour comemora 35 anos de inovação financeira no Brasil