Negócios

Michael Dell tenta retomar liderança da empresa, mas enfrenta pressão de acionistas

Entre bons resultados trimestrais e acusações de fraude, permanência do presidente no cargo divide acionistas e membros do conselho

Michael Dell: de volta à presidência, o executivo enfrenta pressões de acionistas (.)

Michael Dell: de volta à presidência, o executivo enfrenta pressões de acionistas (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

São Paulo - Em meio à alta competitividade do mercado de computadores, Michael Dell, presidente e fundador da empresa americana que leva seu nome, vem sendo alvo de uma série críticas por parte de um quarto dos acionistas da companhia, que pediu sua retirada do cargo. Dell tem a árdua tarefa de levar a companhia novamente à liderança de mercado -- hoje ela ocupa a terceira posição entre os fabricantes mundiais de computadores.

O fundador da empresa deixou a presidência em 2004, mas assumiu a cadeira do conselho de administração. Três anos depois, Dell voltou à presidência executiva a pedido do conselho para reverter a série de resultados negativos obtidos pelo então presidente Kevin Rollins. Na época, Dell se limitou a dizer que Rollins teve um papel de extrema importância dentro da empresa.

A tarefa de Dell era tornar a companhia mais diversificada. A empresa sempre foi muito dependente da compra de microcomputadores pelo mercado corporativo. Com a crise, a companhia sofreu um grande tombo. Dell, então, decidiu sair às compras. Recentemente a empresa comprou a Scalent, fornecedora de software de gestão de virtualização de servidores, e a Ocarina Networks, empresa desenvolvedora de tecnologia para armazenamento de dados. A Dell também briga com a HP pela compra da 3PAR, líder global em administração de armazenamento de dados.

O que parecia uma simples troca de cadeiras, com o retorno do executivo que fundou a companhia baseada no modelo de vendas diretas que a levou à liderança de mercado, encontrou alguns percalços no caminho.

O motivo foi uma acusação de fraude feita pela Securities and Exchange Commission (SEC, o correspondente americano à CVM) sobre o acordo de exclusividade fechado entre a Dell e a Intel para o uso de chips em seus computadores. A companhia pagou uma multa de 100 milhões de dólares para encerrar o caso. Em parte deu certo. Os membros do conselho de administração da empresa apoiaram a permanência de Dell no cargo, mas parte dos acionistas ainda torcia o nariz para o presidente.

Leia mais notícias sobre Computadores

Siga as notícias do site EXAME sobre Negócios no Twitter

 


Prejuízo com PCs

Não bastassem os problemas com o governo, o empresário também precisa lidar com a pressão dos investidores. Os analistas Abhey Lamba e Cedric Silas, da corretora americana International Strategy & Investments Group, chamam a atenção para as margens da companhia no último trimestre. "As margens bruta e operacional vieram abaixo das expectativas, à medida que o negócio de consumo ainda luta para ser rentável", afirmaram em relatório.

A margem bruta, de 17,2%, apresentou um recuo de 40 pontos-base sobre o trimestre anterior, e ficou abaixo dos 17,8% esperados pela média do mercado. Já a margem operacional cresceu para 5,6%. Contudo, ficou ligeiramente aquém dos 5,7% esperados pelo mercado – o que causou descontentamento de alguns.

Para os analistas, o que mais atrapalha a Dell, neste momento, é o negócio de microcomputadores. Mais de metade das receitas da companhia vem da venda de PCs, mas trata-se de um mercado com margens decadentes. No longo prazo, isso pode comprometer ainda mais o retorno que a Dell proporciona aos investidores – o que já pressiona o fundador agora. A própria Dell informou, em suas demonstrações, que sofreu um prejuízo de 21 milhões de dólares no segmento de PCs. O lucro líquido global foi de 545 milhões de dólares, para uma receita de 15,5 bilhões.

A saída é diversificar o portfólio de produtos, mas essa é uma solução que vai demorar para surtir efeitos -- se surtir. Para os analistas Louis Miscioscia e Mark Hillman, da consultoria independente Collins Stewart, um dos problemas que a empresa enfrenta é o alto custo na fabricação de seus componentes. Ainda assim, mantêm o otimismo. "Acreditamos que a Dell caminha na direção certa para sua recuperação", afirmaram em relatório. Um otimismo, no entanto, que nem todos os acionistas compartilham.

Leia mais notícias sobre Computadores

Siga as notícias do site EXAME sobre Negócios no Twitter


Acompanhe tudo sobre:ComputadoresConcorrênciaIndústriaIndústrias em geralNegociaçõessetor-eletroeletronico

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia