Mercedes vê expansão de parcerias como o futuro da indústria automotiva
Para a montadora, as empresas só conseguirão entregar veículos elétricos, autonômos e com mais conectividade se houver mais combinações de projetos
Juliana Estigarribia
Publicado em 25 de junho de 2020 às 12h14.
Em um cenário de profundas transformações da indústria automotiva, no sentido da eletrificação, automação e conectividade, a Mercedes-Benz acredita que as parcerias entre as montadoras devem ser cruciais para trazer ao consumidor os produtos do futuro.
“A Mercedes entende que a realidade não virá de dentro para fora, mas justamente o contrário, com parcerias”, afirma Philipp Schiemer, presidente da montadora para América Latina.
A Mercedes fechou no ano passado uma parceria com a sua principal concorrente, a BMW, para o desenvolvimento de carros autônomos. A Volkswagen também se aliou à Ford para produção de picapes, assim como outras inúmeras parcerias no setor para desenvolver o veículo do futuro.
Após sete anos , Schiemer está deixando o posto para assumir o cargo de presidente da Mercedes-AMG, marca de superesportivos do grupo Daimler.
“O mercado de veículos esportivos também está se transformando, com a eletrificação e a digitalização ganhando muito mais importância. Isso implica em uma mudança cultural na empresa e acharam que eu tinha o perfil certo para a função”, diz Schiemer.
Em seu lugar, assume Karl Deppen, que está na companhia desde 1990. O executivo chega para chefiar uma das operações mais importantes do grupo: o mercado brasileiro de caminhões e ônibus é visto como um dos três maiores do mundo, embora tenha apresentado uma queda profunda nos últimos anos, diante de sucessivas crises.
Schiemer lembra que ao chegar ao Brasil em 2013, o país registrava um forte crescimento do produto interno bruto e recente recorde de vendas de veículos pesados, na esteira de incentivos e juros subsidiados do BNDES para a compra de bens de capital.
“A situação da Mercedes não era boa, estávamos perdendo espaço no mercado. Tínhamos a imagem de uma empresa antiga, devagar e com produtos desatualizados.”
Após revisão dos processos internos e das metas, a montadora anunciou dois ciclos importantes de investimentos, que somados superam 3 bilhões de reais. Recentemente, a marca voltou à liderança do disputado e rentável mercado de veículos pesados.
“Manter a motivação do board na Alemanha foi desafiador com tantas crises no Brasil, mas a matriz continua acreditando no país.”
Para ele, o paísprecisa se modernizar, com um ambiente mais convidativo de negócios, e a pandemia só veio para realçar os graves problemas estruturais. "O Brasil tem potencial, mas temos uma população carente. Como vamos conseguir combater o coronavírus se metade da população não tem acesso a saneamento básico?", indaga.