Mercado Pago lança saque via PIX em agências e vendedores do Meli
Depósitos em conta também devem ser realizados nas agências e estabelecimentos em breve; foco é ampliar portfólio de serviços a clientes em 2022
Karina Souza
Publicado em 24 de março de 2022 às 16h38.
Última atualização em 25 de março de 2022 às 16h43.
De olho no relacionamento com clientes fora das telas, o Mercado Pago vai permitir, a partir de abril, o pix saque nas agências do Mercado Livre e em estabelecimentos de vendedores que utilizam a plataforma de pagamentos. Ao todo, serão cerca de 14,5 mil pontos cadastrados -- incluindo as Lotéricas Caixa. Desse total, 2,8 mil são da própria rede do Mercado Livre, hoje utilizada apenas como ponto de entrega. As informações foram divulgadas na manhã desta quinta-feira, 24, em coletiva de imprensa.
Em relação aos estabelecimentos, grandes redes contarão com o sistema do Mercado Pago para realizar esse tipo de transação ao longo de 2022 – mas trata-se de um processo que ainda não está concluído. Aos pequenos comerciantes, não está totalmente definido quem poderá ofertar esses serviços e quem não, mas o que se sabe é que terão de ter CNPJ, loja física e “o mínimo de infraestrutura”.
No último ano, o Mercado Pago entrou no Sandbox BC (ambiente em que entidades são autorizadas pelo Banco Central para testar projetos na área financeira ou de pagamento) e foi contemplado, em novembro do ano passado, no primeiro ciclo dessa iniciativa. Daqui para frente, além do pix saque, a companhia também quer fornecer serviços de depósito em conta nos mesmos locais este ano.
O fluxo para aproveitar esses serviços será realizado da seguinte forma (abaixo) e terá um custo a partir do nono saque pix realizado por mês. O Mercado Pago não divulga o valor, mas afirma que está “muito abaixo” de tarifas de DOC e TED, por exemplo. Aos vendedores, essa é mais uma oportunidade de faturamento ofertada pela financeira.
Hoje, cerca de 3 milhões de vendedores já usam a plataforma do Mercado Pago no país – isso sem contar os 9 milhões de vendedores que estão dentro da plataforma do Mercado Livre. E o foco, daqui pra frente, será completar o portfólio de serviços já oferecidos pela financeira para aumentar esse número em 2022.Para isso, o Mercado Pago vai investir em mais serviços de crédito e de investimentos aos usuários.
Crédito em foco
Ainda falando de PIX, a companhia deve lançar em breve a opção de fazer uma transação usando crédito. Deve funcionar como um “empréstimo” com data programada para ser pago – na data de vencimento, a quantia é cobrada da conta do cliente. Ainda não há data para o lançamento do serviço.
Hoje, a financeira oferece as seguintes soluções de crédito: para vendedores, soluções de capital de giro com parcelas fixas ou % das vendas (a ser escolhido pelo cliente), além de soluções de curto prazo de empréstimos. Aos consumidores, as soluções vão desde o BNPL (crediário digital), até o empréstimo pessoal em até 12 vezes.“Não há um descolamento entre as linhas de crédito, o que a gente preza sempre é que o cliente saiba o que ele está fazendo. Os usuários das linhas têm uma alta recorrência, o que nos permite conhecê-los melhor e desenvolver, em paralelo, novos serviços que atendam às necessidades deles”, afirma Denis Labre, diretor de Mercado Crédito.
A companhia utiliza modelos de machine learning, que contam com mais de 2 mil variáveis para analisar clientes. É a esse processo, somado com os dados obtidos de bureaus de crédito que permite à em´presa oferecer alternativas mesmo a quem está negativado pelo sistema tradicional.
Além disso, a companhia também passou a oferecer cartão de crédito em 2021 e foi um produto “massivamente adotado”, nas palavras do executivo – a companhia não abre quantas pessoas já fizeram o cartão.No último ano, o Mercado Pago estruturou um FIDC de R$ 1 bilhão para antecipação de recebíveis em cartão de crédito. E afirma que os planos são continuar utilizando fundos como esses dentro da carteira de crédito. Ainda assim, nada novo deve vir em 2022. “O que a gente tem hoje nos atende bem”, afirma Tulio.
Em um período macroeconômico conturbado, a companhia afirma que os níveis de inadimplência “se mantiveram dentro da expectativa” e que não impedem os planos de expansão de crédito em 2022. Dentro desses planos, está a expectativa de crescimento da operação brasileira, argentina, mexicana e o início da operação no Chile. A carteira de crédito do Mercado Pago fechou o último ano em R$ 4,5 bilhões.
Mais opções de investimentos
“Queremos lançar mais produtos financeiros. Há um público grande que demanda que isso seja mais simples”, afirma Tulio. De olho nesse potencial, a companhia já conta com parceria com a corretora Órama e vai passar a oferecer este ano produtos de renda fixa mais conservadora, como forma de tentar entender as necessidades do público consumidor. A ideia não é fazer mais parcerias, mas aproveitar parte do investimento em pessoal (principalmente de tecnologia) a ser realizado durante o ano para reforçar o desenvolvimento de novas ofertas.
Por enquanto, a novidade é o CDB da financeira, que deve ser lançado ainda em 2022. “Queremos trazer a flexibilidade de oferecer taxas e prazos da forma que for melhor para nós e para os clientes, o que é um avanço em relação à conta do Mercado Pago, que remunera 100% do CDI para todos os usuários”, afirma Tulio.
Recentemente, a companhia também lançou a frente de criptomoedas (que já conta com mais de 1 milhão de usuários em cerca de três meses), contando com um mix de usuários da plataforma e de pessoas que já investiam em cripto. “Tivemos um feedback positivo de vendedores afirmando que não procurariam por esse tipo de solução, caso não fosse ofertada no Mercado Pago”, diz Tulio.
Por fim, a companhia não descarta ampliar o portfólio de seguros – com “novidades em breve”, segundo o executivo. Hoje, o Mercado Pago oferece seguro contra furto e roubo de celulares, garantia estendida e carteira protegida.
São planos que acompanham o crescimento acelerado da fintech. No último ano, o faturamento teve um avanço superior a 70%, para US$ 773 milhões, representando cerca de 37% do negócio. A ideia é crescer cada vez mais.