Mercado Livre é o vencedor do e-commerce na pandemia, diz Bradesco
As vendas gerais do Meli devem subir 4 bilhões de reais no trimestre, mais do que outros concorrentes
Karin Salomão
Publicado em 21 de julho de 2020 às 14h30.
Última atualização em 21 de julho de 2020 às 17h27.
O marketplace Mercado Livre é o grande vencedor da guerra do comércio eletrônico durante a pandemia, segundo o Bradesco, e deve chamar a atenção dos investidores na divulgação dos resultados, prevista para o final deste mês.
"Acreditamos que o Mercado Livre terá um trimestre muito mais forte no Brasil do que o esperado inicialmente", diz o banco em relatório. As vendas gerais do Meli devem subir 4 bilhões de reais, mais do que outros concorrentes, que devem ganhar de 3 bilhões a 3,5 bilhões de reais a mais nas receitas no trimestre.
O Bradesco inicialmente havia levantado dúvidas sobre o cenário competitivo no início do ano. Também olhou com certa preocupação o impacto do novo sistema de pagamentos pelo WhatsApp no braço financeiro do grupo, mas o sistema acabou sendo suspenso por determinações do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Além disso, Magazine Luiza, B2W e Via Varejo, em profunda transformação interna, são competidores cada vez mais fortes no comércio eletrônico. Para o Bradesco, o Mercado Livre teve vendas decepcionantes na Black Friday do ano passado e apresentou um resultado fraco no primeiro trimestre deste ano. Agora, no entanto, a empresa de marketplace está de volta ao jogo.
O potencial de crescimento das ações, segundo o Bradesco, é de 30%, enquanto Lojas Americanas e Via Varejo podem crescer 16% e 12%, respectivamente, com pouco potencial para B2W e Magalu.
Meios de pagamento
A aceleração do comércio eletrônico não é o único impacto positivo da pandemia para a empresa. Consumidores também se voltaram para os meios de pagamento digitais. Por isso, o banco acredita que a divisão Mercado Pago deve ter um trimestre forte na Argentina, país no qual pequenas lojas de bairro intensificaram o uso de meios de pagamento digitais.
O lançamento do PIX, estrutura de pagamentos instantâneos do Banco Central no Brasil, também pode ajudar a companhia. "Agora acreditamos que a oportunidade de uma adoção maior do e-commerce, facilitada pelo PIX, é maior do que o risco de novos entrantes", diz o banco em relatório.
Corrida acelerada
Todos os grandes nomes do comércio eletrônico viram as ações crescer mais de 70% desde o começo do ano. Se em 2015 o mercado de comércio eletrônico brasileiro chegou a 48,4 bilhões de reais e a 4,6% do mercado, cinco anos depois o mercado deve chegar a 123,7 bilhões de reais e a participação de 9,5% nas vendas.
Em junho, o Bradesco alertou o mercado sobre os riscos dessa corrida. A aceleração dessas vendas — e da valorização das ações — não deve durar para sempre. “Quando a euforia de curto prazo em torno das altas taxas de crescimento desaparecer, e o crescimento do volume geral de vendas desacelerar inevitavelmente à medida que as lojas reabrem, vemos os riscos que esses múltiplos podem contrair”, escreveu o banco em relatório, sobre os múltiplos entre o valor de vendas e as ações.
Na ocasião, o Bradesco rebaixou a recomendação para o Magalu e a B2W, dona da Americanas.com e Submarino.com, de compra para neutro. Agora, em um novo relatório, elevou a recomendação de compra do Mercado Livre para compra, assim como Via Varejo e Lojas Americanas.
Com a corrida pelo bolso — digital — do consumidor cada vez mais intensa, as apostas sobre quem será o vencedor dessa briga também sobem.