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"Menino prodígio" explora a genialidade e as camadas de Tony Hsieh, ex-CEO da Zappos

Livro escrito por Angel Au-Yeung e David Jeans vai além das conquistas retratadas na imprensa e se debruça sobre questões de saúde mental, o uso de drogas e a angústia que dominava uma das primeiras vozes a falar em felicidade no ambiente trabalho

Tony Hsieh: Na vida de uma das primeiras vozes a falar sobre felicidade no ambiente trabalho estavam, também, tristeza e envolvimento com drogas (Bryan Steffy/Getty Images)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 29 de maio de 2024 às 10h47.

Última atualização em 29 de maio de 2024 às 10h52.

Por Sergio Esteves, CMO da Loft

Tony Hsieh é (ou deveria ser) um velho conhecido de empreendedores em todo o mundo. O fundador da LinkExchange e cofundador e CEO da Zappos, já foi chamado de "guru do e-commerce", "gênio da cultura corporativa" e criador da "empresa mais feliz do mundo".

Mas é na obra Wonder Boy: Tony Hsieh, Zappos, and the Myth of Happiness in Silicon Valley, que é possível ir além dessas conquistas retratadas na imprensa e conhecer mais sobre sua mentalidade e vida pessoal, em especial o seu envolvimento com drogas e a tristeza que dominava uma das primeiras vozes a falar sobre felicidade no ambiente de trabalho.

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Lançado em 2023, três anos após a morte de Hsieh em circunstâncias trágicas – ele não resistiu aos ferimentos de um incêndio doméstico e faleceu aos 46 anos – o livro é fruto de 200 entrevistas, compiladas pelos autores Angel Au-Yeung e David Jeans, e conta a trajetória de um "tech star", com toda sua complexidade, genialidade, ascensão e queda.

Logo no início, "Garoto Maravilha" narra a venda do primeiro negócio de Hsieh, a LinkExchange, uma espécie de cooperativa de publicidade digital, para a Microsoft, por 265 milhões de dólares. A transação, que realizou o sonho do filho de imigrantes Taiwaneses de se tornar rico, foi fechada em 1998 – ele tinha 24 anos na época.

Parte, então, para o que sua mente genial, agora com mais recursos, foi capaz de criar.

Na Zappos, segundo negócio com que entrou de cabeça e o primeiro marketplace de calçados nos Estados Unidos, Hsieh ajudou a construir a empresa em que ele gostaria de trabalhar, e dois traços marcantes de seu estilo de liderança ganharam força: o compromisso com a qualidade no atendimento aos clientes e a busca pela felicidade no ambiente de trabalho.

Após sua experiência na LinkExchange, empresa que fez com que ele passasse a "odiar levantar da cama todos os dias para trabalhar", Hsieh ficou convencido de que a cultura deve ser a pedra fundamental na construção de qualquer empresa.

Festa como 'lifestyle'

Ele acreditava em propósito e em entregar felicidade em uma época em que essas palavras ainda não tinham muito espaço no vocabulário corporativo. Também odiava hierarquia e gestões rígidas e era um grande defensor da forma mais antiga de marketing que existe: o boca a boca de clientes satisfeitos.

O que os autores nos mostram, no entanto, é que Hsieh era obcecado pela felicidade não só no ambiente de trabalho. Ser festeiro era seu "lifestyle" e também o que o levou à lona.

Por isso, "Garoto Maravilha" não é uma leitura leve. Há muitas passagens sobre abuso de álcool e drogas, questões de saúde mental e os riscos de se cercar de "yes people" e não dar espaço para o contraditório.

Após se aposentar da Zappos em agosto de 2020, a empresa que liderou por 20 anos, mesmo após vendê-la para a Amazon por 1,2 bilhão de dólares em 2009, Hsieh viveu poucos meses.

Isolado por causa da pandemia de Covid-19, aumentou o consumo de álcool e drogas e passou a se comportar de maneira bastante diferente do usual, sendo menos generoso com as pessoas e apresentando pensamentos e comportamento obsessivos.

Sua história é uma leitura necessária, em especial para empreendedores.

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