Eles sofreram preconceito ao criar uma cerveja ligada ao skate. Hoje, faturam R$ 60 milhões
Marca quer entrar em novos mercados como Estados Unidos, Europa e Indonésia. A previsão é de que a primeira unidade internacional seja aberta nos Estados Unidos, em 2024
Marcos Bonfim
Publicado em 28 de outubro de 2022 às 10h18.
Última atualização em 28 de outubro de 2022 às 15h15.
A LayBack começou com o desejo de um pai e um filho que queriam criar uma cerveja para celebrar os bons momentos e as boas amizades. André Barros e seu filho, o skatista e hoje medalhista olímpico Pedro Barros, estavam acostumados a brindar os bons momentos mundo afora. Não sabiam, porém, que era tão difícil entrar no mercado com uma cerveja.
Como não tinham interesse em investir em fábrica, a primeira batalha foi encontrar quem estivesse disposto a produzir a cerveja e o segundo ter canais para escoar o produto, uma pilsen artesanal.
“Precisávamos de parceiros para investir no nosso produto. Quando você chegava nas cervejarias e falava que era uma marca de um skatista, o cara te escutava por dois minutos, falava que era ‘legal’ e sumia”, afirma Rafael Alcici, CEO da empresa.
Ele chegou à empresa em 2017 e caiu em um mundo desconhecido. Engenheiro civil de formação, tinha deixado o universo de pontes e estradas em sua terra natal, Minas Gerais, para empreender em Florianópolis, Santa Catarina, em um negócio de hotelaria. Foi onde conheceu pai e filho e tempos depois se associou à dupla.
"Eu vivi muito do preconceito que tinha com o skate quando a gente procurava cervejaria. Já escutei de tudo, que era esporte de marginal, coisa de criança, que se quisessem vender cerveja chamavam o Wesley Safadão. Até a gente ter as nossas casas, nós apanhamos bastante”, diz o executivo.
Como foi a virada da marca
Após anos de vendas minguadas, a mudança de chave veio como a estratégia de criar o próprio canal de varejo e de construção de marca, assim nasceu o primeiro LayBack Park, em 2018, em Florianópolis, Santa Catarina.
São espaços que reúnem opções como:
- pistas de skate
- bar
- foodtrucks
- lojas
- estúdios de tatuagem
Todos eles, juntos, se tornaram pontos de encontro para quem curte o lifestyle de skate e surf.
Hoje, já têm 17 estabelecimentos distribuídos entre Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Brasília. Para escalar, o formato tem baixo custo de implementação e os parceiros pagam aluguel pelo uso do espaço ou parte do que arrecadam com as vendas. “O nosso modelo é muito colaborativo, eles pagam um terço do que pagariam em outros lugares”, diz Alcici.
Até o fim do ano, o número deve chegar a 20 espaços em operação e, em dezembro de 2023, atingir 25. É um número que a empresa coloca como limite na estratégia de expansão em território nacional como uma forma de preservar os valores e o conceito da marca. Pelo mesmo motivo, não pensam em franquiar o modelo de negócios.
Os espaços pipocaram entre 2021 e 2022, período em que foram construídos 12, e surfaram também a onda da Olimpíadas de Tóquio, a primeira com a participação do skate. O Brasil saiu do Japão com três medalhas de prata, incluindo uma do Pedro Barros. E no surf, esporte-irmão e outro estreante no evento, ganhou uma medalha de ouro com Ítalo Ferreira.
Em 2021, o faturamento registrou alta de 500% em relação ao ano de 2020, avançando de R$ 6 milhões para R$ 30 milhões. Para 2022, a estimativa é de dobrar o valor e chegar a R$ 60 milhões.
Com a consolidação do modelo de LayBack Park, a expectativa é de que o ritmo de crescimento diminua um pouco. A empresa quer centrar esforços em ampliar a distribuição da cerveja no varejo e entende que é um processo mais moroso até que o resultado apareça.
Atualmente, os espaços são os principais clientes da marca e consomem em torno de 840 mil litros por ano dos rótulos, que inclui uma IPA e um APA, além de edições sazonais.
Quais as novas fronteiras
À medida que avança, a empresa olha para outros mercados. Geograficamente, quer expandir a marca para os Estados Unidos, Europa, a partir de Portugal, e Indonésia, casa da famosa cerveja Bintang, uma das inspirações de Barros para a criação da LayBack. Entre os três, os Estados Unidos devem ser o primeiro destino, estimado para 2024.
Em termos de negócios, pretende ampliar o núcleo de projetos proprietários, eventos que desenvolve em torno do ecossistema de skate e surf. A área representa em torno de 8% do faturamento e está muito centrada em competições com atletas de base dos dois esportes. Na mesma linha de fomentar o esporte, lançou recentemente a LayBack Skate School para capacitar jovens skatistas.
A confecção de produtos e coleções de roupas que levem a marca para o dia a dia dos clientes também deve ganhar um impulso a partir de 2023. “Nós usávamos mais como marketing, uma lembrança de quem visitou. Agora, passamos a encarar como um negócio”, afirma Alcici, para quem o maior desafio é manter o negócio sustentável sem ter que colocar alguém para dentro que queira mudar o lifestyle da marca.
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