Mais vitaminas, menos antibióticos: o consumo de remédios na pandemia
Crescimento de vitaminas foi mais forte no Norte e no Sul; remédios para doenças crônicas também cresceram
Mariana Desidério
Publicado em 22 de outubro de 2020 às 15h03.
Última atualização em 22 de outubro de 2020 às 15h29.
A pandemia do novo coronavírus mudou diversos hábitos dos brasileiros. E no consumo de medicamentos não foi diferente. Um levantamento feito pela empresa ePharma mostrou que nos últimos meses o consumo de vitamínicos cresceu cerca de 30% no país. O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor
O levantamento considerou o período entre janeiro e agosto de 2020. A ePharma atua no gerenciamento de benefícios farmacêuticos (como desconto em produtos) e seu sistema está presente em 30.000 pontos de venda no país.
Os vitamínicos mais receitados no período foram a vitamina C, com 11.800 unidades, um avanço de 87% em relação aos dados de 2018, segundo a ePharma. Em seguida vêm os polivitamínicos, e os polivitamínicos com sais minerais.
As regiões do país em que o crescimento desse consumo foi mais intenso são Norte e Sul, com aumento de 47% e 40% respectivamente. Em termos absolutos, a região que concentra a maior parte do consumo de vitamínicos no período é o Sudeste, com 14.000 unidades, o que representa 68% do total consumido, de 20.600.
“É uma tendência geral do mercado, as pessoas começaram a ter esse sentimento de que precisavam se cuidar. Esse consumo aumentou a partir de meados de abril e o crescimento se manteve nos meses seguintes”, afirma Bruna de Vivo, responsável pela área de operações farmacêuticas da ePharma. Segundo ela, os dados do segundo semestre vão indicar se esse movimento vai perdurar ou não.
A mudança de comportamento foi além dos vitamínicos. Dados da consultoria Iqvia indicam aumento do consumo de medicamentos para doenças crônicas, como problemas de tireoide e diabetes. “Pessoas com problemas crônicos como diabetes às vezes não fazem o controle correto da doença. E essas pessoas começaram a querer se cuidar mais”, afirma de Vivo.
Do outro lado, os dados da Iqvia também indicam queda no consumo de remédios para problemas de saúde agudos, como antibióticos e corticóides. Assim como os medicamentos para doenças crônicas, eles tiveram um pico de consumo nos primeiros meses do ano. Mas depois não retornaram ao patamar de consumo anterior, registrando consumo menor em julho do que em janeiro.
“O consumo desses medicamentos caiu muito, provavelmente porque as pessoas deixaram de ir ao hospital e também porque deixaram de sair de casa, e com isso a incidência de doenças agudas que elas pegavam também diminuiu”, afirma.