Lucro da Localiza cai 53%, mas ação sobe 10,5%. Por quê?
Apesar da queda, os resultados vieram acima da expectativa do mercado e mostram que o pior para a locadora já passou
Karin Salomão
Publicado em 30 de julho de 2020 às 15h10.
Para a Localiza, o pior da pandemia já passou. A locadora de automóveis e gestão de frota apresentou queda de 53% nos lucros, para 89,9 milhões de reais, e de quase 32% nas receitas no segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior, para 1,57 bilhão de reais. O ebitda foi de 434,8 milhões de reais, queda de 13%.
Mesmo assim, as ações estavam subindo 10,5% às 14h30, uma das maiores altas da bolsa. Apesar da queda, os resultados vieram acima da expectativa do mercado. A prévia realizada pelo BTG Pactual era de 1,37 bilhão de receita e ebitda de 314 milhões de reais.
A locadora também afirmou que já superou o pior da crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Hoje, das 529 agências de aluguel de carros da rede no Brasil, 393 estão abertas e das 125 lojas de seminovos, 124 estão operando."Como voltaram a operar em julho nos níveis de 2019, o modelo de negócio se mostrou surpreendentemente resiliente", diz Bruno Lima, analista da Exame Research.
Em maio, a Localiza reverteu a tendência de queda nos volumes na divisão de aluguel de carros e no final de junho já havia retomado o nível do mesmo mês do ano passado. No caso de aluguel de carros, havia uma frota média de 108.307 carros alugados no trimestre, 8% a menos de no mesmo período do ano anterior. Em junho, no entanto, a frota era de 115.488, quase o mesmo nível do trimestre anterior.
Vender mais que comprar
A empresa também buscou formas de se tornar mais eficiente, reduzir as despesas e gerar caixa. Diante da queda na demanda por aluguel de carros em boa parte do trimestre, a Localiza reduziu compra de veículos junto a montadoras e manteve a venda em suas concessionárias de seminovos. A estratégia reduziu a frota em 16.900 carros, produzindo uma geração de caixa de 655,5 milhões de reais.
Com isso, pretende também aumentar a taxa de ocupação desses veículos, que foi de 55,6% no trimestre e que historicamente é de cerca de 80% - em junho, essa taxa já foi de 60,7%, uma melhora.
Alugar para quem não quer comprar
Um dos segmentos mais afetados foi o de aluguel para carros de aplicativo. No início da pandemia, a locadora deu descontos para que esses usuários conseguissem manter os carros. Esse segmento está aos poucos voltando ao normal, tanto no número de aluguéis quanto no preço. "Cerca de 50% da queda em volume no aluguel para motoristas de aplicativos já foi recuperado", diz Nora Lanari, diretora de relações com investidores, em teleconferência para investidores.
Outro motor de crescimento para o segundo semestre pode ser o aluguel para pessoas físicas. Além do aluguel por dia, a locadora quer firmar contratos mais longos para pessoas físicas - de até alguns anos. Esse novo produto deve ser lançado no segundo semestre, de olho em pessoas que gostariam de usar um carro mas sem as burocracias de possuir um.