Lucro da Gerdau cai 51% no 1º tri, mas empresa vê retomada ainda em 2020
Embora os canteiros de obras estejam quase todos parados devido ao coronavírus, a siderúrgica enxerga fundamentos para a recuperação do mercado imobiliário
Juliana Estigarribia
Publicado em 6 de maio de 2020 às 12h51.
Última atualização em 6 de maio de 2020 às 14h57.
Após a pandemia do novo coronavírus , a demanda por aço despencou, levando a Gerdau a amargar uma queda de 51,3% no lucro líquido do primeiro trimestre, para 221 milhões de reais. Porém, a siderúrgica prevê uma retomada gradual do consumo de aços longos - usados na construção civil - diante da taxa básica de juros Selic no menor patamar da história e dos estímulos ao mercado imobiliário.
"Com o nível atual da Selic e os estímulos ao mercado imobiliário, não vemos sinais de suspensão dos lançamentos previstos para este ano", afirmou Gustavo Werneck, presidente da Gerdau, em teleconferência com jornalistas.
Em balanço divulgado nesta quarta-feira, 06, a companhia reportou, no primeiro trimestre, queda de 4,6% da produção de aço bruto na comparação anual, além de uma retração nos volumes de vendas da ordem de 9,8% na mesma base.
Diante desse desempenho, a receita líquida da siderúrgica recuou 8% de janeiro a março, para 9,2 bilhões de reais. A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado recuou 24,5% na mesma base, para 1,17 bilhão de reais.
"A entrada diária de pedidos no final de março caiu 60% em relação a um mês típico como janeiro, por exemplo", diz Werneck.
Segundo o executivo, para maio, a expectativa é de uma queda mais branda dos pedidos, em torno de 25% em relação a um mês típico de trabalhos. Prova disso é que as as aciarias elétricas do grupo, que utilizam sucata como matéria-prima, já foram religadas. "Talvez o momento mais difícil para nós já tenha passado."
Investimentos
Em um cenário descrito como de "profundas incertezas" por Werneck, a Gerdau anunciou a redução dos investimentos previstos para 2020, de 2,6 bilhões de reais para 1,6 bilhão. Com isso, a estimativa de 7 bilhões de desembolsos para o período de 2019 a 2021 passou a ser de 6 bilhões.
Na visão do executivo, oano deve ser melhor para aços longos do que planos, usados em inúmeros segmentos da indústria. "Os números mostram uma situação muito difícil para a produção industrial."
Ele acredita que o caminho de retomada para aços longos também pode passar por possíveis estímulos em infraestrutura. "O cenário é de muitas incertezas, mas nós estamos com uma posição de liquidez de caixa significativa e preparados para a retomada."