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La Casa de Papel: além de bancos, série roubou a audiência da Netflix

Com 183 milhões de assinantes ao redor do mundo, o CEO da empresa revelou que grande parte deles passa os seus dias assistindo séries estrangeiras

La Casa de Papel: crescimento na base de assinantes da Netflix foi impulsionado por séries estrangeiras (Imdb/Divulgação)

La Casa de Papel: crescimento na base de assinantes da Netflix foi impulsionado por séries estrangeiras (Imdb/Divulgação)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 24 de junho de 2020 às 11h48.

A Netflix é uma das poucas empresas imunes ao novo coronavírus. Isso porque, por se tratar de uma "companhia de ficar em casa", a plataforma de streaming viu sua base de usuários e de tempo gasto vendo séries aumentar exponencialmente desde o início da pandemia e do distanciamento social.

Com 183 milhões de assinantes ao redor do mundo, o CEO da empresa, Reed Hastings, revelou que grande parte deles passa os seus dias assistindo séries estrangeiras, como a famosa La Casa de Papel --- série mais assistida no Brasil em 2019, a de produção de língua não inglesa mais vista na plataforma no ano passado e que conseguiu a atenção de 65 milhões dos usuários da Netflix em seu lançamento.  Em entrevista à britânica BBC, Hastings afirmou que "esse tipo de série é traduzido além das fronteiras porque refletem verdades universais". Outra série que bombou foi a alemã "Nada Ortodoxa".

"Durante a pandemia, vimos que nossos membros estão assistindo mais conteúdos de outros países e culturas. Em partes isso acontece porque as pessoas têm mais tempo para explorar nossos serviços", explicou Hastings. "Por outro lado, é porque estamos descobrindo que, quanto mais global nos tornarmos, mais importante é trabalhar com criadores locais e diversos para contar histórias locais e autênticas que falam com todos nós", disse.

Cerca de 86% dos novos 15,7 milhões de novos assinantes (ou seja, 13,5 milhões) não moram nem nos Estados Unidos e nem no Canadá, o que pode confirmar a teoria de que conteúdos locais atraem mais pessoas locais.

Outras empresas do ramo também têm se beneficiado no momento atual, apesar da crise. A Disney, que está com uma de suas principais fontes de renda comprometida ­— os parques de diversão —, encontrou um refúgio em seu recém-lançado serviço de streaming, o Disney+. Em apenas dois meses, a base de assinantes do serviço subiu de 30 milhões para 50 milhões, especialmente depois do lançamento na Europa, em 24 de março. Com isso, a empresa levou apenas cinco meses desde a estreia do Disney+ nos Estados Unidos para atingir o mesmo número de assinantes que a Netflix demorou sete anos para conquistar. No Brasil, o strea­­­ming da Disney deve ser inaugurado no fim deste ano ou no começo do próximo.

Por aqui, o Globoplay, strea­­­ming da Globo, viveu algo semelhante: no primeiro trimestre de 2020, a plataforma teve um crescimento de 123% em relação ao mesmo período de 2019. A empresa não divulga o número exato de assinantes.

Não é de estranhar que globalmente a audiência das plataformas de strea­­­ming de vídeos tenha crescido 20% de 9 e 23 de março, de acordo com a Conviva, consultoria americana especializada no mercado de vídeos. Para 2020, a estimativa é que a pandemia acelere o crescimento da base de novos assinantes de serviços de streaming no mundo. A consultoria Strategy Analytics prevê um total de 949 milhões de assinantes até o fim do ano, 5% mais do que a estimativa calculada antes do novo coronavírus. Em 2019, eram 805 milhões. Com isso o faturamento do mercado, que alcançou 24 bilhões de dólares no ano passado, também tende a acelerar. No dia 16 de abril, as ações da Netflix atingiram seu maior valor da história, 439 dólares, o que fez a empresa superar o valor de mercado da Disney pela primeira vez. Como se vê, a Net­flix e os demais serviços de strea­­­ming podem sair da quarentena ainda mais fortes.

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