Foi ampliado até quarta-feira o prazo para que a VarigLog detalhe sua proposta de compra da Varig. O novo prazo foi determinado na noite desta segunda-feira pela Justiça do Rio. A ex-subsidiária já depositou mais de 3 milhões de dólares para cobrir as despesas correntes. A VarigLog também se comprometeu a fazer outros depósitos, de até 20 milhões de dólares, no decorrer da negociação.

O aumento de prazo foi pedido pela própria Varig, segundo nota divulgada pela Justiça. O objetivo é dar mais tempo para que os credores e o administrador judicial - a consultoria Deloitte - possam estudar melhor a oferta.

Um dos juízes que trata da recuperação judicial da Varig, Paulo Roberto Fragoso, afirmou que a ampliação do prazo tem o objetivo de permitir "maior detalhamento possível e transparência" na análise da nova proposta.

A VarigLog continua negociando com os credores e as empresas de leasing um maior prazo para renegociação da dívida da Varig. A ex-subsidiária fez uma proposta de investimento de 500 milhões de dólares na Varig. Neste fim de semana, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) derrubou um obstáculo para a operação, aprovando a venda da VarigLog para a Volo do Brasil, empresa que tem como sócio o fundo americano Matlin Patterson.

A Volo adquiriu a VarigLog no fim de 2005, e ainda buscava a aprovação do negócio pela Anac. Agora formalmente incorporada pela Volo, a empresa pode constar como compradora da Varig. Resta à Justiça avaliar a nova proposta, e decidir se convoca um outro leilão de venda ou se encaminha a oferta da ex-subsidiária aos credores da Varig. Em nota divulgada no sábado (245/6), a Volo afirmou que "aguardará com tranqüilidade as próximas etapas do processo de recuperação da Varig, a serem decididas na próxima semana, certa de que a maturidade demonstrada pelas autoridades de nosso país irá conduzir a uma solução positiva para a Varig do Brasil".

Disputas nos tribunais

A proposta da VarigLog pode ser a salvação para a Varig, que tem cancelado diariamente mais de 100 vôos por dia e foi obrigada a reduzir as operações nacionais e internacionais por conta de disputas de aeronaves nos tribunais dos Estados Unidos com empresas de leasing. O objetivo da oferta consiste em um aporte imediato de 20 milhões de dólares, para manter a companhia aérea voando, e um pagamento de 480 milhões de dólares destinado a salários de funcionários, capital de giro, manutenção de aeronaves e fornecimento de combustíveis.

Como a compra da Varig teria de ser oficializada por um novo leilão, ainda que aceita previamente pela Justiça ou pelos credores, a VarigLog receberia de volta os 20 milhões de dólares do aporte inicial caso algum outro grupo fizesse o lance vencedor.

O leilão de venda da Varig foi cancelado na última sexta-feira (23/6) pela Justiça do Rio de Janeiro. A NV Participações, consórcio formado pelos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) e por investidores estrangeiros que havia ofertado 1,01 bilhão de reais pela companhia aérea, não depositou o sinal de 75 milhões de dólares no prazo determinado pela Justiça. Os compradores também não conseguiram oferecer garantias de que conseguiriam pagar o valor total ofertado

O depósito dos 75 milhões de dólares ajudaria a convencer a Justiça americana a prorrogar uma liminar que protege a Varig contra o arresto de aeronaves. Essa decisão foi estendida até 21 de julho, mas condicionada ao pagamento esperado para esta sexta-feira.