JBS: a J&F negou ter contratado o Bradesco ou qualquer outro banco para vender ativos (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 23 de maio de 2017 às 19h15.
Última atualização em 24 de maio de 2017 às 17h40.
São Paulo - A JBS e a família controladora da empresa conversaram com o Bradesco BBI para trabalhar em um plano para a venda de vários ativos após o escândalo decorrente das revelações da delação premiada de Joesley e Wesley Batista na semana passada, disseram três fontes com conhecimento direto do assunto nesta terça-feira.
A família, que detém cerca de 42 por cento da JBS, está buscando maneiras de levantar capital depois da exigência do Ministério Público Federal para pagamento de multa de 11 bilhões de reais como parte de acordo de leniência que ainda está sendo negociado, disse uma das fontes.
As alegações de suborno assustaram os investidores da JBS, que têm 17,9 bilhões de reais em dívida de curto prazo, e reduziram o valor de mercado da empresa em um terço.
O escândalo, que levou a pedidos de renúncia do presidente Michel Temer, revelou a ligação próxima dos irmãos Batista com políticos mais poderosos do país, aos quais admitiram ter pago propina para obter crédito estatal barato e outros favores.
Os irmãos Batista inicialmente rejeitaram o valor da multa proposta, mas parece improvável que seja significativamente reduzida, levando a holding J&F a considerar vender ativos para levantar dinheiro e pagá-la, disse a mesma fonte, que pediu anonimato porque o plano é sigiloso.
A J&F negou ter contratado o Bradesco ou qualquer outro banco para vender ativos. JBS e Bradesco não responderam imediatamente a pedidos de comentários.
Joesley e Wesley Batista consideraram vender a empresa de produtos lácteos Vigor e a fabricante de calçados Alpargatas no início deste ano, disseram as pessoas. A J&F deu mandato ao Bradesco na época para ajudar a decidir o destino de ambos os ativos, acrescentaram as fontes.
Após breve interrupção, o mandato foi agora retomado para ajudar os irmãos Batista a reestruturar suas participações, disseram as fontes. O Bradesco, principal credor da JBS, também foi convidado a procurar compradores por ativos como marcas de alimentos dentro e fora do Brasil, disseram duas pessoas.
Uma das fontes disse que Alpargatas, que a J&F adquiriu da Camargo Corrêa há dois anos e meio por 2,7 bilhões de reais, poderia agora valer mais de 3 bilhões de reais.
A situação ressalta os desafios enfrentados pelos irmãos Batista, que transformaram a JBS em menos de uma década de uma empresa regional em um gigante global que opera em quatro continentes, com a ajuda de empréstimos estatais de baixo custo.
(*Texto corrigido às 17h39, dia 24/05: corrige no título e no 1º parágrafo de matéria de 23 de maio para esclarecer que controladores da JBS "conversaram com o Bradesco BBI", em lugar de "contrataram o Bradesco BBI")