"James Bond" do Papa tenta por ordem no Banco do Vaticano
Suíço René Brülhart é a aposta do Papa para conter eventuais abusos na instituição financeira e de seus braços
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2013 às 17h15.
São Paulo – O quarentão da foto acima, sempre bem vestido, embora frequentemente visto com a barba por fazer, é o suíço René Brülhart. Trata-se da principal aposta do Papa Bento XVI para conter eventuais abusos cometidos pelo Istituto per Opere di Religione (IOR), mais conhecido como o Banco do Vaticano.
Em julho do ano passado, Brülhart foi indicado pelo Papa para investigar eventuais abusos na condução da instituição e de outros braços financeiros do Vaticano, como seguradoras e fundos de investimento. Sua nomeação foi a resposta de Bento XVI às suspeitas de autoridades italianas de que o banco estivesse envolvido em operações de lavagem de dinheiro.
Firme, jovem e bem vestido, Brülhart foi apelidado imediatamente pela imprensa internacional de “o James Bond” do Papa. A prestigiada revista britânica The Economist chegou a afirmar que o seu trabalho, porém, seria tão difícil, que poderia quebrar a capa de gelo do agente britânico que lhe inspirou o apelido.
Pressão
Com ativos de 6 bilhões de euros e cerca de 33.000 correntistas, o Banco do Vaticano foi o centro de uma crise financeira iniciada em 2010, quando a Justiça italiana congelou 23 milhões de euros em fundos de uma instituição vinculada ao banco, o Credito Artegiano.
Na época, a procuradoria de controle financeiro do Banco Central da Itália afirmou que o então presidente do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, e o diretor geral da instituição, Paolo Cipriani, não forneceram todas as informações solicitadas sobre a transação.
Duas movimentações, em especial, chamaram a atenção das autoridades financeiras italianas, sendo uma delas uma transferência de 21 milhões de dólares para o banco americano JP Morgan.
Tedeschi não resistiu à pressão e deixou o comando do Banco do Vaticano em maio do ano passado. O banco passou a ser presidido, então, pelo economista brasileiro Ronaldo Schmitz.
Mas o que ganhou maior repercussão na imprensa mundial foi a nomeação, semanas depois, de Brülhart para fiscalizar as operações financeiras do Banco do Vaticano e de seus braços. O suíço fez fama ao coibir os crimes financeiros no principado de Liechtenstein.
007 das finanças
Ele também esteve no centro das investigações que culminaram nas denúncias de um esquema de pagamento de propinas dentro da gigante alemã Siemens. Tais credenciais levaram a The Economist a chamá-lo de o “007 do sistema financeiro”.
A revista, porém, mostrou-se bastante reservada quanto às chances de sucesso de Brülhart em sua nova empreitada, apontando dois motivos. O primeiro é que o Banco do Vaticano não é uma instituição pública. Pelo contrário: é uma das mais fechadas empresas privadas do mundo, o que dificulta a implementação de regras de boa governança, tão apreciadas pelo mercado.
O segundo é que o seu trabalho precisa contar com o apoio incondicional do Papa – e quem o nomeou, Bento XVI, está de saída. A revista lembra que o Vaticano é um dos países mais avessos a mudanças no mundo. Isso significa que não se sabe, ainda, se o novo pontífice manterá a licença de seu 007 para continuar sua missão.
São Paulo – O quarentão da foto acima, sempre bem vestido, embora frequentemente visto com a barba por fazer, é o suíço René Brülhart. Trata-se da principal aposta do Papa Bento XVI para conter eventuais abusos cometidos pelo Istituto per Opere di Religione (IOR), mais conhecido como o Banco do Vaticano.
Em julho do ano passado, Brülhart foi indicado pelo Papa para investigar eventuais abusos na condução da instituição e de outros braços financeiros do Vaticano, como seguradoras e fundos de investimento. Sua nomeação foi a resposta de Bento XVI às suspeitas de autoridades italianas de que o banco estivesse envolvido em operações de lavagem de dinheiro.
Firme, jovem e bem vestido, Brülhart foi apelidado imediatamente pela imprensa internacional de “o James Bond” do Papa. A prestigiada revista britânica The Economist chegou a afirmar que o seu trabalho, porém, seria tão difícil, que poderia quebrar a capa de gelo do agente britânico que lhe inspirou o apelido.
Pressão
Com ativos de 6 bilhões de euros e cerca de 33.000 correntistas, o Banco do Vaticano foi o centro de uma crise financeira iniciada em 2010, quando a Justiça italiana congelou 23 milhões de euros em fundos de uma instituição vinculada ao banco, o Credito Artegiano.
Na época, a procuradoria de controle financeiro do Banco Central da Itália afirmou que o então presidente do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, e o diretor geral da instituição, Paolo Cipriani, não forneceram todas as informações solicitadas sobre a transação.
Duas movimentações, em especial, chamaram a atenção das autoridades financeiras italianas, sendo uma delas uma transferência de 21 milhões de dólares para o banco americano JP Morgan.
Tedeschi não resistiu à pressão e deixou o comando do Banco do Vaticano em maio do ano passado. O banco passou a ser presidido, então, pelo economista brasileiro Ronaldo Schmitz.
Mas o que ganhou maior repercussão na imprensa mundial foi a nomeação, semanas depois, de Brülhart para fiscalizar as operações financeiras do Banco do Vaticano e de seus braços. O suíço fez fama ao coibir os crimes financeiros no principado de Liechtenstein.
007 das finanças
Ele também esteve no centro das investigações que culminaram nas denúncias de um esquema de pagamento de propinas dentro da gigante alemã Siemens. Tais credenciais levaram a The Economist a chamá-lo de o “007 do sistema financeiro”.
A revista, porém, mostrou-se bastante reservada quanto às chances de sucesso de Brülhart em sua nova empreitada, apontando dois motivos. O primeiro é que o Banco do Vaticano não é uma instituição pública. Pelo contrário: é uma das mais fechadas empresas privadas do mundo, o que dificulta a implementação de regras de boa governança, tão apreciadas pelo mercado.
O segundo é que o seu trabalho precisa contar com o apoio incondicional do Papa – e quem o nomeou, Bento XVI, está de saída. A revista lembra que o Vaticano é um dos países mais avessos a mudanças no mundo. Isso significa que não se sabe, ainda, se o novo pontífice manterá a licença de seu 007 para continuar sua missão.