Já reiniciou? Após mais de R$ 22 mi, startup do 'modem inteligente' começa a operar fora do país
Criada em São Paulo, a Beegol já recebeu R$ 22 milhões em investimentos. Agora, foi selecionada para o programa boostlab, do BTG
Repórter de Negócios
Publicado em 13 de junho de 2024 às 15h24.
Última atualização em 14 de junho de 2024 às 18h55.
Um café bastou para criação de uma startup que pretende acabar com uma questão universal: a identificação e resolução dos problemas relacionados à conectividade da internet. Os dois fundadores saíram do encontro com uma definição clara: o modem é um super computador na casa das pessoas, mas precisava de inteligência.
Eles assentaram ali as bases para a Beegol, startup que usa inteligência artificial para mapear e resolver os problemas de conectividade nas casas das pessoas.
A startup foi selecionada para participar do boostlab, programa de investimento em startups do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) e recebeu R$ 1 milhão em recursos - valor que pode ser dobrado ao longo da iniciativa. O projeto inclui mentorias presenciais com executivos e sócios do BTG e aceleração comercial, com empresas do grupo e parceiros.
O sonho grande da Beegol é aposentar aquela conhecida pergunta: “você já reiniciou o modem?”. Não só no Brasil, mas pelo mundo afora. O negócio começou no início da pandemia e ainda antes do ‘hype’ da IA generativa. No fim de 2022, a tecnologia ficou operacional.
Para o modelo circular, a Beegol fechou parcerias com algumas das maiores fabricantes de modems do mundo, como a ZTE, Commscope e a RDK para embarcar o produto. Os serviços estão em uso nas maiores operadoras do país, como Vivo e Algar Telecom.Como funciona a tecnologia da Beegol
Uma vez embarcado, o software coleta dados sobre o desempenho da rede e envia para uma plataforma centralizada. Com o uso de IA, a plataforma analisa as informações, identifica os problemas que afetam a conectividade, como quedas de sinal, lentidão e interferências.
A partir daí, a plataforma da Beegol pode tomar medidas automáticas para resolver os problemas, como reiniciar o modem, ajustar as configurações de rede ou até mesmo sinalizar para a operadora a necessidade do envio de um técnico para a casa ou região do cliente.
“Atualmente, a nossa tecnologia identifica e geolocaliza algo próximo de 100% dos problemas. Pelo menos 50% deles, nós resolvemos remotamente porque são simples, como reiniciar um computador ou trocar uma rede de wi-fi. Os outros 50%, que precisam da ação de alguém em campo, nós não resolvemos, mas antecipamos”, afirma Gilberto Mayor, co-fundador e CEO da Beegol. Em sua maioria, são casos de infraestrutura física, como questões em postes ou desgaste de fibras.
PhD em ciências da computação, Mayor passou mais de 20 anos em operações de companhias como Claro, Oi e Telefônica. Tem como sócio o Charles Hong, que acumula passagens pela fabricante de modem Humax e liderou a EBS Brasil, empresa de equipamentos eletrônicos.
Qual é o futuro do negócio da Beegol
Até aqui, a receita de Beegol tem vindo só da operação no Brasil, quadro que muda a partir do próximo mês com o início de um contrato na Austrália. A tecnologia da startup está sendo testada também nos Estados Unidos e em países da Europa e da Oceania.
“Nós temos uma oportunidade imensa de avançar com um software e AI brasileiros, criados para o setor de telecom, globalizando essa tecnologia. Isso porque, curiosamente, é a mesma dor no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa”, afirmaHong, co-fundador e CSO.
A estratégia de internacionalização deve ser fortalecida com uma rodada bridge, em andamento. Criada com capital próprio, a Beegol recebeu R$ 22 milhões em 2022, em rodada liderada pela Indicator Capital, a partir de um fundo dedicado a negócios de Internet das Coisas. Na lista de investidores, estão ainda o Banco do Brasil, Multilaser, Lenovo e a Wayra, braço de inovação da Vivo.
A expectativa é de que os recursos pavimentem o crescimento do negócio fora do Brasil. A projeção dos sócios é de que a maior fatia da receita em 2025 venha dos mercados externos.‘É muito difícil desenvolver um novo ChatGPT porque isso requer bilhões de dólares, mas é possível aplicar as técnicas mais modernas de inteligência artificial com sucesso. E nós estamos mostrando que dá para globalizar”.