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Investidor que previu enrosco na HP detona Vale e Petrobras

Para Jim Chanos, empresas brasileiras nunca alcançarão um “retorno econômico puro” em função da excessiva interferência do governo nos seus negócios


	Graça Foster, presidente da Petrobras: aumento da gasolina virá - só não se sabe quando
 (Nacho Doce/Reuters)

Graça Foster, presidente da Petrobras: aumento da gasolina virá - só não se sabe quando (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2012 às 13h15.

São Paulo - Meses antes da HP divulgar um prejuízo de 6,85 bilhões de dólares, ancorado sobretudo em irregularidades contábeis associadas a uma aquisição do passado, um megainvestidor já chamava a atenção para o que seria "a última armadilha da empresa para seus investidores", criticando o modelo de compras em série adotado pela companhia. Agora, o mesmo Jim Chanos, fundador da empresa de investimentos Kynikos Associates, mira sua metralhadora giratória para duas gigantes brasileiras: a Petrobras e a Vale.

Durante a Sohn Conference, realizada ontem em Londres, Chanos afirmou que a gestão das duas empresas estaria sendo afetada por um "capitalismo de estado sufocante".

Ambas, na sua visão, seriam usadas para apoiar os objetivos políticos do governo, fazendo com que seu potencial de lucro nunca viesse inteiramente à luz. "As pessoas temiam que Lula fosse socialista. Bem, Dilma é uma socialista", disse, durante o evento.

Chanos criticou a expansão da Vale em um momento de desaceleração na China. Para ele, a empresa é excessivamente dependente do apetite chinês por aço, sendo que o país está construindo suas próprias plantas nesse momento. "A demanda está prestes a cair", pontuou.

Em evento realizado essa semana em São Paulo, a própria Vale admitiu que a procura deve crescer na casa dos 3% ao ano, se mantendo abaixo do PIB chinês pela próxima década. A mineradora reforçou, no entanto, que o movimento ainda seria "bom" para a Vale.

Petróleo

Em relação à Petrobras, o americano Jim Chanos chamou a atenção para os pesados investimentos feitos em campos off-shore. Apesar de viver uma fase de gastos acentuados, a empresa não repassa preços completos de combustível ao consumidor, adotando um "modelo de negócio mal executado", nas palavras do investidor.

A Petrobras precisa importar gasolina para suprir a aquecida demanda brasileira, embora não repasse esses valores na íntegra para não contribuir com a escalada da inflação. Nos cálculos do Bank of America, a prática deve trazer para a empresa impactos estimados em 4 a 6 bilhões de dólares no ano que vem, a menos que a política de preços seja revista.

Ontem, a presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que o plano de negócio da estatal prevê um aumento de 15% na gasolina até 2013, mas que não há urgência na implementação da medida. 

 

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