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InterCement foca Am. do Sul e África, vê receita 7% maior

Empresa de cimento mantém planos de investimentos de 3,5 bilhões de reais no mundo de 2012 a 2016

Cimento: empresa passou a atuar em oito países após a integração de parte dos ativos da portuguesa Cimpor, em 2012 (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2014 às 20h05.

São Paulo - A InterCement, uma das 10 maiores produtoras de cimento do mundo e integrante do grupo Camargo Corrêa , colocou a América do Sul e a África como foco de investimentos nos próximos anos, diante do crescimento mais acelerado nessas regiões, além de aversão do grupo ao difícil mercado asiático.

A empresa mantém planos de investimentos de 3,5 bilhões de reais no mundo de 2012 a 2016, com os quais espera acompanhar a evolução do mercado de cimento no Brasil, e ampliar capacidades em países como Argentina, Paraguai, Moçambique e Argélia, afirmou o presidente da companhia, José Édison, à Reuters.

Segundo ele, a expectativa para 2013 é elevar o faturamento da InterCement no mundo em 7 por cento, após receita líquida de cerca de 7 bilhões de reais em 2012. Já em termos de volume, a previsão é de vendas de 28 milhões de toneladas, após 27 milhões em 2012.

A empresa passou a atuar em oito países após a integração de parte dos ativos da portuguesa Cimpor, em 2012. Agora, a companhia quer capturar a partir dos próximos dois a três anos ganhos de sinergias anuais de 300 milhões de reais, disse.

No Brasil, mercado com vendas anuais de cerca de 70 milhões de toneladas e onde é vice-líder entre as produtoras de cimento, atrás da Votorantim, a empresa prevê abrir três fábricas novas e expandir a unidade de Goiás até 2016. Juntas, elas devem elevar sua capacidade de produção em mais de um terço, ante atuais 14 milhões de toneladas.

"O Brasil vai muito bem, obrigado", disse o presidente da InterCement, minimizando preocupações de analistas sobre desaceleração da economia e atrasos nas concessões de infraestrutura. A companhia detém cerca de 18,5 por cento de participação no mercado brasileiro.


"Cinquenta e cinco por cento do cimento do Brasil é vendido em saco para consumidores construírem suas casas, não vai para infraestrutura (...) Nossa avaliação é que o mercado continuará crescendo de 4 a 6 por cento ao ano, independente do cenário", disse, citando a expansão da renda das famílias e estímulos ao setor imobiliário, como o programa Minha Casa Minha Vida.

Ele afirmou que a meta da InterCement é atingir participação de cerca de 20 por cento no Brasil, o que poderá exigir abertura de fábrica em Tocantins, onde o setor agrícola está exigindo investimentos em infraestrutura. "No Brasil, se o mercado crescer 4 por cento ao ano, requer inauguração de três fábricas por ano e eu tenho que ocupar parte dessas três." PORTUGAL Em Portugal, porém, o quadro recessivo derrubou o consumo de cimento do país, de 8 milhões de toneladas anuais para cerca 3 milhões, disse Édison. Com isso, a empresa está usando a região como base de exportação para 10 países, apesar das margens baixas da atividade ante a venda no mercado interno.

"Deveremos exportar este ano de Portugal 2,5 milhões de toneladas de cimento ante níveis muito baixos em anos anteriores. Estamos exportando muito para países da África como Argélia, Costa do Marfim e Togo", disse. Ele acrescentou que parte da produção portuguesa também está sendo levada para o Norte do Brasil, onde a empresa ainda não tem fábricas.

A estratégia de exportação portuguesa continuará enquanto o mercado interno de cimento no país não se recuperar, disse Édison, algo que ainda pode levar vários anos. "Torcemos para que seja rápido, mas pode demorar mais de cinco anos", disse o executivo, afirmando que o consumo atual do país está em 300 quilos por habitante, ante pico há alguns anos de 1.100 quilos.

Apesar disso, Édison afirmou que a InterCement não tem planos para vender ativos em Portugal ou fechar novas unidades. A empresa tem cinco fábricas no país, das quais uma moagem não está operando. A expectativa de vendas em Portugal este ano é de 1,5 milhão de toneladas.


"O que temos feito até agora é manter alguns fornos desligados nas fábricas, mas estamos avaliando o religamento (a partir de 2014) para exportar", disse Édison, sem dar detalhes. "Mesmo operando numa escala muito menor, a operação está equilibrada, tem resultado positivo e não tem nenhuma ameaça de que a gente venha vender ou fechar unidades", acrescentou.

Sul

Na América do Sul, um dos mais recentes projetos da InterCement é a conclusão no fim de outubro da primeira fábrica no Paraguai, mercado parcialmente abastecido por importações.

A unidade é uma moagem com capacidade para 400 mil toneladas anuais, que vai consumir clínquer exportado de Portugal até que a empresa termine a construção de um forno de clínquer no começo do segundo semestre de 2014.

"Daí começaremos a fazer uma nova moagem para dobrarmos para 800 mil toneladas de capacidade", disse o executivo, afirmando que a empresa pretende ter 50 por cento do mercado paraguaio.

Na Argentina, Édison afirmou que as vendas em toneladas da InterCement no país deverão crescer 12 por cento em 2013, com todas as nove fábricas atualmente operando a plena capacidade.


Assim, a empresa segue com planos de construir fábrica nova na província de San Juan, próxima do Chile, com capacidade para 1 milhão de toneladas e que deve ficar pronta por volta de 2017.

Além desses países, o Édison citou Peru e Colômbia como focos de atenção para expansão futura. "Também olho com atenção para Chile e Equador, mas não iríamos tão cedo (...) No Chile eu só poderia entrar com a compra de um dos três players do país; para o Equador estamos permanentemente olhando para lá." "Pode ser que façamos nos próximos dois a três anos alguma coisa (compra de ativos) na América Latina e/ou na África", acrescentou o executivo, citando como possíveis "oportunidades" países como Zâmbia, Quênia, Tanzânia e Nigéria.

Finanças

Édison comentou que a aquisição dos ativos da Cimpor foi financiada por bancos brasileiros e o plano é alongar dívida de 2,5 bilhões de reais que vence em 2015 e está contratada em sua maioria com Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil.

"Temos recursos em caixa para pagar todas as nossas dívidas até 2014 (...) a de 2015 já queremos alongar por motivos de gestão financeira", disse o executivo, sem dar detalhes sobre o endividamento total da companhia.

Sobre eventuais planos de abertura de capital, o executivo afirmou que a InterCement chegou a avaliar o assunto em profundidade, mas preferiu não fazer uma oferta inicial de ações (IPO) este ano ou em 2014. "Mas pode ser que isso mude." A rival Votorantim Cimentos retirou em meados de agosto pedido de IPO que poderia movimentar 10,3 bilhões de reais, numa das maiores operações do tipo este ano no Brasil.

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São Paulo - A InterCement, uma das 10 maiores produtoras de cimento do mundo e integrante do grupo Camargo Corrêa , colocou a América do Sul e a África como foco de investimentos nos próximos anos, diante do crescimento mais acelerado nessas regiões, além de aversão do grupo ao difícil mercado asiático.

A empresa mantém planos de investimentos de 3,5 bilhões de reais no mundo de 2012 a 2016, com os quais espera acompanhar a evolução do mercado de cimento no Brasil, e ampliar capacidades em países como Argentina, Paraguai, Moçambique e Argélia, afirmou o presidente da companhia, José Édison, à Reuters.

Segundo ele, a expectativa para 2013 é elevar o faturamento da InterCement no mundo em 7 por cento, após receita líquida de cerca de 7 bilhões de reais em 2012. Já em termos de volume, a previsão é de vendas de 28 milhões de toneladas, após 27 milhões em 2012.

A empresa passou a atuar em oito países após a integração de parte dos ativos da portuguesa Cimpor, em 2012. Agora, a companhia quer capturar a partir dos próximos dois a três anos ganhos de sinergias anuais de 300 milhões de reais, disse.

No Brasil, mercado com vendas anuais de cerca de 70 milhões de toneladas e onde é vice-líder entre as produtoras de cimento, atrás da Votorantim, a empresa prevê abrir três fábricas novas e expandir a unidade de Goiás até 2016. Juntas, elas devem elevar sua capacidade de produção em mais de um terço, ante atuais 14 milhões de toneladas.

"O Brasil vai muito bem, obrigado", disse o presidente da InterCement, minimizando preocupações de analistas sobre desaceleração da economia e atrasos nas concessões de infraestrutura. A companhia detém cerca de 18,5 por cento de participação no mercado brasileiro.


"Cinquenta e cinco por cento do cimento do Brasil é vendido em saco para consumidores construírem suas casas, não vai para infraestrutura (...) Nossa avaliação é que o mercado continuará crescendo de 4 a 6 por cento ao ano, independente do cenário", disse, citando a expansão da renda das famílias e estímulos ao setor imobiliário, como o programa Minha Casa Minha Vida.

Ele afirmou que a meta da InterCement é atingir participação de cerca de 20 por cento no Brasil, o que poderá exigir abertura de fábrica em Tocantins, onde o setor agrícola está exigindo investimentos em infraestrutura. "No Brasil, se o mercado crescer 4 por cento ao ano, requer inauguração de três fábricas por ano e eu tenho que ocupar parte dessas três." PORTUGAL Em Portugal, porém, o quadro recessivo derrubou o consumo de cimento do país, de 8 milhões de toneladas anuais para cerca 3 milhões, disse Édison. Com isso, a empresa está usando a região como base de exportação para 10 países, apesar das margens baixas da atividade ante a venda no mercado interno.

"Deveremos exportar este ano de Portugal 2,5 milhões de toneladas de cimento ante níveis muito baixos em anos anteriores. Estamos exportando muito para países da África como Argélia, Costa do Marfim e Togo", disse. Ele acrescentou que parte da produção portuguesa também está sendo levada para o Norte do Brasil, onde a empresa ainda não tem fábricas.

A estratégia de exportação portuguesa continuará enquanto o mercado interno de cimento no país não se recuperar, disse Édison, algo que ainda pode levar vários anos. "Torcemos para que seja rápido, mas pode demorar mais de cinco anos", disse o executivo, afirmando que o consumo atual do país está em 300 quilos por habitante, ante pico há alguns anos de 1.100 quilos.

Apesar disso, Édison afirmou que a InterCement não tem planos para vender ativos em Portugal ou fechar novas unidades. A empresa tem cinco fábricas no país, das quais uma moagem não está operando. A expectativa de vendas em Portugal este ano é de 1,5 milhão de toneladas.


"O que temos feito até agora é manter alguns fornos desligados nas fábricas, mas estamos avaliando o religamento (a partir de 2014) para exportar", disse Édison, sem dar detalhes. "Mesmo operando numa escala muito menor, a operação está equilibrada, tem resultado positivo e não tem nenhuma ameaça de que a gente venha vender ou fechar unidades", acrescentou.

Sul

Na América do Sul, um dos mais recentes projetos da InterCement é a conclusão no fim de outubro da primeira fábrica no Paraguai, mercado parcialmente abastecido por importações.

A unidade é uma moagem com capacidade para 400 mil toneladas anuais, que vai consumir clínquer exportado de Portugal até que a empresa termine a construção de um forno de clínquer no começo do segundo semestre de 2014.

"Daí começaremos a fazer uma nova moagem para dobrarmos para 800 mil toneladas de capacidade", disse o executivo, afirmando que a empresa pretende ter 50 por cento do mercado paraguaio.

Na Argentina, Édison afirmou que as vendas em toneladas da InterCement no país deverão crescer 12 por cento em 2013, com todas as nove fábricas atualmente operando a plena capacidade.


Assim, a empresa segue com planos de construir fábrica nova na província de San Juan, próxima do Chile, com capacidade para 1 milhão de toneladas e que deve ficar pronta por volta de 2017.

Além desses países, o Édison citou Peru e Colômbia como focos de atenção para expansão futura. "Também olho com atenção para Chile e Equador, mas não iríamos tão cedo (...) No Chile eu só poderia entrar com a compra de um dos três players do país; para o Equador estamos permanentemente olhando para lá." "Pode ser que façamos nos próximos dois a três anos alguma coisa (compra de ativos) na América Latina e/ou na África", acrescentou o executivo, citando como possíveis "oportunidades" países como Zâmbia, Quênia, Tanzânia e Nigéria.

Finanças

Édison comentou que a aquisição dos ativos da Cimpor foi financiada por bancos brasileiros e o plano é alongar dívida de 2,5 bilhões de reais que vence em 2015 e está contratada em sua maioria com Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil.

"Temos recursos em caixa para pagar todas as nossas dívidas até 2014 (...) a de 2015 já queremos alongar por motivos de gestão financeira", disse o executivo, sem dar detalhes sobre o endividamento total da companhia.

Sobre eventuais planos de abertura de capital, o executivo afirmou que a InterCement chegou a avaliar o assunto em profundidade, mas preferiu não fazer uma oferta inicial de ações (IPO) este ano ou em 2014. "Mas pode ser que isso mude." A rival Votorantim Cimentos retirou em meados de agosto pedido de IPO que poderia movimentar 10,3 bilhões de reais, numa das maiores operações do tipo este ano no Brasil.

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