Hoje é o Dia D para a guerra do Frango Assado
A administradora de restaurantes corporativos Sapore saberá se tem chance de se unir à IMC, controladora dos restaurantes Viena e Frango Assado
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 13 de dezembro de 2018 às 05h55.
Hoje é o dia em que Daniel Mendez, ex-garçom uruguaio que em 1992 fundou a administradora de restaurantes corporativos Sapore, saberá se tem chance de realizar o projeto de expandir seu negócio pela união com a International Meal Company (IMC), controladora dos restaurantes Viena e Frango Assado. É uma das mais renhidas disputas corporativas em curso no Brasil.
Às 14h, na sede da IMC em São Paulo, os acionistas da companhia votarão a inclusão no estatuto de uma cláusula conhecida como “poison pill”. Mecanismo mais comum no mercado financeiro americano, a “pílula de veneno” obriga um investidor que compre mais de 30% das ações da empresa a fazer uma proposta para adquirir também os 70% restantes. Dessa forma, os acionistas ficam protegidos de propostas não-solicitadas de investidores que queiram entrar de sola na companhia.
Depois de ver frustrada uma proposta de fusão lançada no início do ano, a Sapore apresentou no início do mês passado uma oferta pública de aquisição (OPA) para comprar na bolsa uma fatia de cerca de 40% na IMC. O conselho de administração da dona do Frango Assado recomendou que os acionistas rejeitem a oferta porque uma auditoria realizada na Sapore quando ainda se estudava a fusão encontrou problemas.
A Sapore nega qualquer irregularidade e abriu mão da confidencialidade da auditoria ao convidar, nesta semana, todos os acionistas que quisessem conhecer o resultado da diligência a dar uma olhada nos documentos, mas somente um apareceu. A administradora de restaurantes corporativos diz que as informações seguem abertas. Agora, porém, só lhe resta torcer para que a assembleia não tenha quórum suficiente para votar a cláusula da pílula de veneno ou que a ideia seja rejeitada. Se for aprovada, a Sapore vai retirar a OPA imediatamente porque afirma não ter condições de levantar dinheiro para comprar mais ações. A OPA seria bancada com um empréstimo de 550 milhões de reais obtido com Bradesco, Banco do Brasil e Banco Votorantim.
A ferramenta da pílula de veneno é uma faca de dois gumes. Caso, no futuro, surja um investidor interessado em adquirir uma fatia na IMC que seja do agrado dos demais acionistas, esse potencial comprador pode ser desestimulado pela exigência de ampliar a oferta. Como o Advent – que é, junto com o Itaú, um dos dois maiores acionistas da IMC, com participação de 10% – já deixou claro que deseja se desfazer da sua participação na dona do Frango Assado, existe o risco de a resistência à proposta da Sapore neste momento significar um tiro no pé mais à frente.