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Grupo Heber, da Família Bertin, entra em recuperação judicial

A companhia terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação do total das dívidas aos credores

Fernando Bertin: as dívidas declaradas da empresa controlada pela família Bertin somam R$ 7,85 bilhões (Alexandre Battibugli/Exame)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de agosto de 2017 às 10h12.

Última atualização em 17 de agosto de 2017 às 10h37.

O Grupo Heber, controlado pela família Bertin e que atua em infraestrutura e agronegócios , entrou na terça-feira com pedido de recuperação judicial. As dívidas declaradas da empresa somam R$ 7,85 bilhões. No processo, foram incluídas 10 companhias que fazem parte desse conglomerado, entre elas, a Cibe e a Contern, que formam a concessionária que administra o Rodoanel Sul e Leste, em São Paulo.

A companhia terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação do total das dívidas aos credores, que incluem bancos públicos, como Caixa e Banco do Brasil, e fornecedores. Após a apresentação dessa proposta, os detentores dessas dívidas terão 120 dias para discutir e aprovar o acordo.

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A consultoria de reestruturação financeira Galeazzi & Associados e o escritório Thomaz Bastos, Waisberg e Kurzweil vão assessorar o grupo no processo. A Galeazzi foi contratada nesta semana para tentar reverter a crise na empresa dos Bertin, apurou o Estado.

Em dificuldade financeira, a crise no grupo Heber se agravou a partir de 2014, com redução de novos projetos de infraestrutura e custo mais elevado para rolagem de dívidas. No mês passado, o Banco Fibra já havia entrado com pedido de falência da empresa Contern. Preocupados com novos pedidos, o grupo decidiu recorrer à Justiça para planejar a reestruturação de seus negócios.

A companhia alega que sua situação financeira se deteriorou por causa dos investimentos pesados para a construção do Trecho Leste do Rodoanel e para a operação dos Trechos Sul e Leste. O grupo argumentou, em nota, que os projetos sofreram várias interferências que não estavam previstas no contrato de concessão, como a redução de praças de pedágios, que constavam no projeto licitado, o que teria aumentado os custos.

Apoio do governo

O Bertin era um dos mais importantes frigoríficos do País até entrar em dificuldades financeiras na década passada. Foi salvo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, com o apoio de bancos privados, convenceu sua rival JBS a absorver a companhia. Em troca, o BNDES apoiou a JBS na compra da americana Pilgrim's.

Desde então, o Bertin tornou-se um grupo com interesse em várias áreas de infraestrutura. Entrou nos dois projetos mais cobiçados do País - Belo Monte e Rodoanel. No primeiro, desistiu e saiu do empreendimento logo. Já no caso do Rodoanel, levou o projeto adiante, mesmo com dificuldades financeiras, que resultaram em inúmeros atrasos nas obras.

O grupo ainda se aventurou em projetos termoelétricos bilionários e não teve fôlego para tirá-los do papel. Foram mais de 20 usinas térmicas. Depois da crise de 2008, que secou o mercado de crédito no mundo inteiro, o Bertin teve dificuldade para apresentar garantias das térmicas arrematadas e sofreu punições por causa disso. Para especialistas, o fracasso da empresa no setor elétrico se deveu à combinação entre falta de experiência na área e ousadia.

Apesar dos altos e baixos, o Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) autorizou à época aportes de R$ 280 milhões para a Nova Cibe, empresa do grupo - investimentos que renderam prejuízo ao fundo.

Procurados, Caixa e Banco do Brasil não retornaram aos pedidos de entrevista. A Galeazzi não quis se pronunciar.

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