O vice-ministro de Comércio e Industrialização da Bolívia, Williams Donaire, acusou a Petrobras Bolivia Refinación, subsidiária da empresa brasileira no país vizinho, de "tirar vantagem" na venda de petróleo subsidiado ao exterior.

De acordo com Donaire, a companhia brasileira comprava petróleo da estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) por 27 dólares o barril e o exportava a preços do mercado internacional, atualmente em 63 dólares o barril. "Vendem 300 000 barris a preço internacional e obtêm superávit", disse o vice-ministro ao jornal boliviano La Prensa.

Com o lucro da operação, a Petrobras já teria recuperado os 105 milhões de dólares investidos na compra das refinarias de Gualberto Villarroel e Guillermo Elder, realizada em 1999. As duas refinarias são responsáveis pela produção de cerca de 90% da gasolina e de outros derivados de petróleo, como óleo diesel, nafta, querosene, e do gás liquefeito de petróleo (GLP) consumido no mercado interno boliviano.

Expropriação

O governo da Bolívia voltou atrás, nesta quinta-feira (14/9), da decisão de confiscar as receitas das refinarias da Petrobras no país. "Estamos suspendendo temporariamente uma resolução ministerial para facilitar as negociações com a Petrobras", afirmou o vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, durante entrevista coletiva em La Paz.

Na última terça-feira (12/9), o governo boliviano havia anunciado uma resolução ministerial que, na prática, estabelecia a estatização da cadeia produtiva do petróleo na Bolívia. A medida causou indignação no governo brasileiro, que se prontificou a entrar com uma ação na Justiça boliviana e, se preciso, recorrer aos órgãos internacionais para anular a decisão.