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Google desbanca cartões de crédito e débito na Índia

O sistema permite que as pessoas transfiram dinheiro entre contas de qualquer banco, usando apenas um endereço de pagamento virtual.

(Justin Sullivan/Getty Images)

Mariana Desidério

Publicado em 18 de dezembro de 2017 às 15h03.

Última atualização em 18 de dezembro de 2017 às 15h04.

O presidente do Google , Sundar Pichai, pode contar com o sucesso logo de cara do Tez, o sistema online de pagamentos que ele montou especialmente para a Índia. É um início promissor para uma grande batalha.

O primeiro clique no processo de compras online está migrando de sites de busca como o Google (que pertence à Alphabet) para a gigante de e-commerce Amazon.com. Mas o Google não deu o braço a torcer. Embora o número de buscas de produtos que começam no aplicativo da Amazon esteja aumentando, Pichai entra no final do processo, o pagamento.

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A Ásia é perfeita para o teste. A região enfrenta problemas na hora de dividir uma conta no restaurante, pagar o supermercado ou fazer uma encomenda em um website de nicho.

Governos e consumidores não querem mais saber de dinheiro. Na China, muitos usam aplicativos para smartphone como Alipay e WeChat Pay. Na Indonésia, o maior serviço de transporte individual, chamado Go-Jek, está absorvendo não só uma, mas três empresas locais de tecnologia financeira para popularizar seu sistema Go-Pay. Enquanto isso, Cingapura está adotando um código QR nacional.

Na Índia, a conversa sobre pagamentos digitais ganhou importância quando o governo proibiu a circulação de 86 por cento do dinheiro do país. O choque, em novembro de 2016, foi uma dádiva para operadoras de carteiras virtuais, como Paytm, e marcou o lançamento de uma nova interface móvel de pagamento que conectou a maioria dos bancos indianos.

Respondendo à grave falta de cédulas, o governo indiano lançou seu próprio aplicativo de pagamentos na interface. Mas é o Tez, introduzido pelo Google em setembro, é que mostra o verdadeiro potencial da plataforma compartilhada.

O sistema permite que as pessoas transfiram dinheiro entre contas de qualquer banco, usando apenas um endereço de pagamento virtual. Aplicativos móveis que utilizam essa tecnologia processaram 77 milhões de transações em outubro, vindo de 31 milhões no mês anterior. Acredita-se que boa parte do crescimento vem do empurrão do Google, considerando que apenas 10 por cento das transações foram realizadas no aplicativo do governo, o BHIM, em outubro, comparado a 45 por cento em junho.

Vale a pena observar a reação do Facebook. A expectativa é que a empresa dona da rede social lance em breve um recurso de pagamentos dentro das conversas realizadas em seu aplicativo WhatsApp, já usado em peso por 250 milhões de indianos.

Os pagamentos entre pares talvez não bastem. Para Pichai e Mark Zuckerberg, do Facebook, será crítica a adesão de comerciantes em grandes cidades e pequenos vilarejos. Meio milhão de comerciantes já usam o aplicativo Tez, segundo um executivo do Google informou ao Economic Times. Enquanto isso, a organização que administra a tecnologia compartilhada, chamada National Payments Corporation of India, ainda está aperfeiçoando os recursos para aumentar a aceitação de seu sistema nos pontos de venda.

As transações móveis já ultrapassam aquelas feitas por meio da RuPay, a versão indiana de Visa e Mastercard. A RuPay processou US$ 700 milhões em estabelecimentos comerciais em outubro, enquanto a franquia Visa/Mastercard de cartões de crédito e débito processou US$ 13 bilhões.

Se Google e Facebook conseguirem demolir essa fonte lucrativa de receita para os bancos, também conseguirão um modelo. Fora da China, a concorrência no segmento de pagamentos está aberta na Ásia. E os cartões estão com cara de derrota.

Esta coluna não necessariamente reflete a opinião da Bloomberg LP e seus proprietários.

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