Compra da AstraZeneca ameaça pesquisa de medicamentos
O plano de comprar a farmacêutica provavelmente levará a cortes de bilhões de dólares em pesquisa e ao fechamento de laboratórios
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2014 às 14h30.
Nova York - O plano da Pfizer Inc. de comprar a AstraZeneca Plc provavelmente levará a cortes de bilhões de dólares em pesquisa, ao fechamento de laboratórios e à demissão de milhares de cientistas se a história se repetir.
Embora os fabricantes de medicamentos geralmente se refiram a “sinergias” ao propor grandes aquisições, o resultado para os pacientes costuma ser que menos medicamentos novos sejam investigados, de acordo com uma revisão das últimas grandes aquisições realizadas pela Pfizer .
Desde a compra da Wyeth em 2009, a Pfizer, com sede em Nova York, se livrou de US$ 4,6 bilhões em gastos de pesquisa, anunciou planos para fechar pelo menos sete laboratórios e reduziu seu foco científico a seis áreas da medicina, finalizando os trabalhos em doenças como asma e alergias.
“Quanto menor a quantidade de empresas existentes, pior é a situação para os pacientes porque há menos pessoas trabalhando para descobrir coisas”, disse John LaMattina, que era o principal cientista da Pfizer durante duas grandes fusões, antes de sair da empresa em 2007.
Após gastar US$ 244 bilhões em aquisições desde 2000, a Pfizer anunciou formalmente no dia 28 de abril o seu interesse em adquirir a AstraZeneca .
A empresa melhorou hoje seu lance para cerca de 63,1 bilhões de libras (US$ 106,5 bilhões).
A AstraZeneca rejeitou a oferta, dizendo que o valor de sua linha de medicamentos experimentais não é reconhecida.
Registro da Pfizer
Desde 2000, a Pfizer levou apenas três medicamentos ao mercado, que geram mais de US$ 1 bilhão em vendas anuais, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Durante o mesmo período, a Bristol-Myers Squibb Co., que investiu apenas US$ 21 bilhões em acordos, produziu a mesma quantidade de produtos bilionários.
Os efeitos de uma megafusão sobre o desenvolvimento de medicamentos podem ser “devastadores”, disse Bernard Munos, ex-executivo da Eli Lilly Co. que fundou o Centro de Pesquisa em Inovação Biomédica Inno Think, uma empresa de consultoria de Indianápolis.
“Quando se trata de consolidação dos canais, 1+1=1”, disse Munos em reposta por e-mail a perguntas. “As três megafusões da Pfizer reduziram a capacidade do setor de produzir novos medicamentos para aproximadamente 2 ou 3 entidades médicas novas por ano”.
Produtividade de pesquisa
Em alguns casos, a produtividade de pesquisa desacelerou até parar na espera pela decisão de se a nova empresa iria continuar o teste de certos medicamentos.
Passaram-se meses sem que novos programas de pesquisa fossem iniciados e a contratação foi congelada, de acordo com LaMattina.
Enquanto isso, os cientistas consumiam-se na ansiedade de não saber se seriam demitidos ou realocados, disse.
Embora os analistas digam que a consolidação é boa para os lucros e os investidores, algumas pessoas do setor argumentam que ela tem sido ruim para a pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos, e para os pacientes.
O diretor de pesquisa e desenvolvimento da Pfizer, Mikael Dolsten, disse que a decisão de abandonar algumas áreas de pesquisa foi conduzida pelo que a empresa sente que pode fazer com a ciência, por quais doenças os pacientes e os investidores estão dispostos a pagar e pela concorrência da Pfizer.
Foco mais definido
Durante os últimos anos, a Pfizer citou repetidamente a necessidade de enfocar mais a investigação, esquivando a ideia de que investir mais é melhor.
Além dos cortes orçamentários e dos fechamentos dos laboratórios, as megafusões tendem a atrasar enormemente as pesquisas em andamento, disse Kenneth Kaitin, diretor do Centro Tufts para Pesquisa do Desenvolvimento de Medicamentos.
Tais aquisições desaceleram a chegada de um medicamento ao mercado em nove meses, em média, pois o planejamento entra em espera e as decisões são adiadas até que o novo acordo esteja completo e os esforços de consolidação comecem a se estabelecer.
A AstraZeneca, com sede em Londres, tem um papel promissor em pesquisa e desenvolvimento, que inclui uma nova geração de tratamentos para o câncer que funcionam ao fortalecer o sistema imunológico do corpo.
Incluído neste trabalho há um medicamento que a Pfizer abandonou e cujos direitos foram vendidos à AstraZeneca quando se concluiu que os rumos da pesquisa não eram sustentáveis.
Nova York - O plano da Pfizer Inc. de comprar a AstraZeneca Plc provavelmente levará a cortes de bilhões de dólares em pesquisa, ao fechamento de laboratórios e à demissão de milhares de cientistas se a história se repetir.
Embora os fabricantes de medicamentos geralmente se refiram a “sinergias” ao propor grandes aquisições, o resultado para os pacientes costuma ser que menos medicamentos novos sejam investigados, de acordo com uma revisão das últimas grandes aquisições realizadas pela Pfizer .
Desde a compra da Wyeth em 2009, a Pfizer, com sede em Nova York, se livrou de US$ 4,6 bilhões em gastos de pesquisa, anunciou planos para fechar pelo menos sete laboratórios e reduziu seu foco científico a seis áreas da medicina, finalizando os trabalhos em doenças como asma e alergias.
“Quanto menor a quantidade de empresas existentes, pior é a situação para os pacientes porque há menos pessoas trabalhando para descobrir coisas”, disse John LaMattina, que era o principal cientista da Pfizer durante duas grandes fusões, antes de sair da empresa em 2007.
Após gastar US$ 244 bilhões em aquisições desde 2000, a Pfizer anunciou formalmente no dia 28 de abril o seu interesse em adquirir a AstraZeneca .
A empresa melhorou hoje seu lance para cerca de 63,1 bilhões de libras (US$ 106,5 bilhões).
A AstraZeneca rejeitou a oferta, dizendo que o valor de sua linha de medicamentos experimentais não é reconhecida.
Registro da Pfizer
Desde 2000, a Pfizer levou apenas três medicamentos ao mercado, que geram mais de US$ 1 bilhão em vendas anuais, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Durante o mesmo período, a Bristol-Myers Squibb Co., que investiu apenas US$ 21 bilhões em acordos, produziu a mesma quantidade de produtos bilionários.
Os efeitos de uma megafusão sobre o desenvolvimento de medicamentos podem ser “devastadores”, disse Bernard Munos, ex-executivo da Eli Lilly Co. que fundou o Centro de Pesquisa em Inovação Biomédica Inno Think, uma empresa de consultoria de Indianápolis.
“Quando se trata de consolidação dos canais, 1+1=1”, disse Munos em reposta por e-mail a perguntas. “As três megafusões da Pfizer reduziram a capacidade do setor de produzir novos medicamentos para aproximadamente 2 ou 3 entidades médicas novas por ano”.
Produtividade de pesquisa
Em alguns casos, a produtividade de pesquisa desacelerou até parar na espera pela decisão de se a nova empresa iria continuar o teste de certos medicamentos.
Passaram-se meses sem que novos programas de pesquisa fossem iniciados e a contratação foi congelada, de acordo com LaMattina.
Enquanto isso, os cientistas consumiam-se na ansiedade de não saber se seriam demitidos ou realocados, disse.
Embora os analistas digam que a consolidação é boa para os lucros e os investidores, algumas pessoas do setor argumentam que ela tem sido ruim para a pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos, e para os pacientes.
O diretor de pesquisa e desenvolvimento da Pfizer, Mikael Dolsten, disse que a decisão de abandonar algumas áreas de pesquisa foi conduzida pelo que a empresa sente que pode fazer com a ciência, por quais doenças os pacientes e os investidores estão dispostos a pagar e pela concorrência da Pfizer.
Foco mais definido
Durante os últimos anos, a Pfizer citou repetidamente a necessidade de enfocar mais a investigação, esquivando a ideia de que investir mais é melhor.
Além dos cortes orçamentários e dos fechamentos dos laboratórios, as megafusões tendem a atrasar enormemente as pesquisas em andamento, disse Kenneth Kaitin, diretor do Centro Tufts para Pesquisa do Desenvolvimento de Medicamentos.
Tais aquisições desaceleram a chegada de um medicamento ao mercado em nove meses, em média, pois o planejamento entra em espera e as decisões são adiadas até que o novo acordo esteja completo e os esforços de consolidação comecem a se estabelecer.
A AstraZeneca, com sede em Londres, tem um papel promissor em pesquisa e desenvolvimento, que inclui uma nova geração de tratamentos para o câncer que funcionam ao fortalecer o sistema imunológico do corpo.
Incluído neste trabalho há um medicamento que a Pfizer abandonou e cujos direitos foram vendidos à AstraZeneca quando se concluiu que os rumos da pesquisa não eram sustentáveis.