Flybondi estreia em São Paulo com voo a menos de R$700 para Buenos Aires
A empresa, que opera no modelo de baixo custo, terá voos no aeroporto de Guarulhos. A Flybondi já opera no Rio e estreará em Florianópolis em dezembro
Carolina Riveira
Publicado em 30 de outubro de 2019 às 15h37.
Última atualização em 30 de julho de 2020 às 14h25.
Depois de anunciar voos em Rio de Janeiro e Florianópolis, a companhia aérea argentina Flybondi vai chegar a São Paulo.
A partir de janeiro de 2020, a empresa, que opera no modelo de baixo custo (conhecido como low-cost ), terá três voos semanais entre São Paulo, saindo do aeroporto de Guarulhos, rumo a Buenos Aires, capital argentina. O primeiro voo será no dia 24 de janeiro de 2020, véspera do aniversário de 466 anos da cidade de São Paulo, conforme antecipado pela empresa a EXAME.
Os voos serão às segundas, quartas e sextas, sempre no mesmo horário: um saindo de Buenos Aires às 15h10 (com chegada em São Paulo prevista para 18h) e outro saindo de São Paulo às 18h45 (com chegada na Argentina prevista para 21h50).
As passagens já estão disponíveis para compra no site da companhia a partir desta quarta-feira 30. Durante os próximos dias, a empresa terá uma promoção com preço de 188 reais + taxas, totalizando pouco mais de 650 reais na passagem de ida e volta. Em outras datas, também é possível encontrar no site passagens a menos de 800 reais, ida e volta.
A passagem inclui uma bagagem de 10 quilos, mas, como é de praxe das empresas do tipo low-cost, malas maiores e outros serviços, como marcação de poltrona, são cobrados separadamente.
Em Buenos Aires, a Flybondi opera no aeroporto El Palomar, que é menor e fica distante 18 quilômetros da zona urbana da capital argentina. Sua operação no aeroporto é inclusive um dos fatores que a possibilitam oferecer preços menores: as outras companhias aéreas que viajam para o Brasil operam no aeroporto de Ezeiza, que tem taxa pouco mais de 100 reais mais cara.
Autorizada a voar no Brasil neste ano, a Flybondi fez seu primeiro voo em terras nacionais em 11 de outubro, ligando Buenos Aires ao aeroporto do Galeão, no Rio -- a empresa chegou a vender passagens promocionais a 1 real + taxas, já esgotadas.
Já os voos em Florianópolis começam a partir de dezembro. Mesmo antes do início da operação, a Flybondi decidiu adicionar um novo voo aos três semanais que anunciou inicialmente na capital catarinense, devido à alta demanda, segundo a empresa.
A Flybondi é uma das quatro empresas do tipo low-cost que receberam autorização para operar no Brasil. Além dela, chegaram ao país desde o fim de 2018 as chilenas Sky e JetSmart (que ligam cidades brasileiras a Santiago) e a norueguesa Norwegian (que liga o Rio de Janeiro a Londres, na Inglaterra).
Em entrevista a EXAME no mês passado, executivos da Flybondi afirmaram que operar em São Paulo seria um desafio devido ao público com foco mais executivo da cidade. Acapital paulista não é um centro turístico, de modo que os viajantes usam mais a cidade para fazer conexões para outros destinos. Para os que vêm a São Paulo a negócios, uma low-cost pode não ser o modelo ideal, já que não inclui os confortos que os executivos de alto escalão demandam (o avião não tem classes separadas, por exemplo) e não tem muitas opções de horários. Os poucos voos semanais da Flybondi também podem não ser a frequência ideal para executivos, disse na ocasião Mauricio Sana, diretor comercial da Flybondi, em sua passagem por São Paulo.
A empresa, contudo, decidiu apostar na capital paulista mesmo assim. Além da Flybondi, as low-cost chilenas Sky e JetSmart já operam na cidade.
“Estamos muito contentes com o lançamento do nosso terceiro destino brasileiro em tão pouco tempo de operação no Brasil. Temos grande expectativa, porque será a única conexão low cost entre São Paulo e Buenos Aires, duas das cidades mais importantes da América Latina. Agregamos assim mais conectividade para a região, mais oferta acessível para o turismo e um incentivo para a geração de emprego e o desenvolvimento econômico”, afirmou em comunicado o CEO da Flybondi, Sebastian Pereira.
Primeira baixo custo argentina
Tendo feito o primeiro voo apenas em janeiro de 2018, a Flybondi tem no currículo o fato de ter inaugurado a categoria low-cost na Argentina e, desde então, já transportou mais de 2 milhões de passageiros. A empresa voa para 17 destinos. Além do Brasil, a Flybondi faz voos internacionais também para o Paraguai, mas seu foco está no mercado doméstico argentino.
Um levantamento do buscador de passagens Viajala feito a pedido de EXAME e analisando os meses de novembro e janeiro mostrou que a Flybondi tem os melhores preços em boa parte dessas datas entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires.
O preço médio para voar entre o Galeão e Buenos Aires em novembro foi de 1.385 reais, mais caro que os 1.226 reais do preço médio da Flybondi; em janeiro, considerado período de alta temporada, o preço médio na rota foi de 2.005 reais, também maiores que os 1.541 reais médios da Flybondi, embora a low-cost argentina também tenha preço um pouco maior que outras companhias em algumas datas.
Mesmo com o curto período de operação, a Flybondi chegou ao posto de terceira maior companhia aérea no mercado doméstico argentino, com 9% do mercado entre janeiro e junho, ante 15% da Latam e 68% da Aerolíneas Argentinas. (A quarta posição no mercado local é de outra low-cost, a Norwegian, que tem 7% do mercado no período).
Nos últimos doze meses, a empresa mais que dobrou seu número de passageiros e de voos. A Flybondi opera atualmente com cinco aviões Boeing 737.
O desafio das low-cost
Reportagem da última edição da revistaEXAME mostrou que as low-cost conseguem preços mais baixos ao operar em aeroportos mais baratos, focar em eficiência e se atentar a detalhes como poucos atrasos, voos sem escala e aviões que rodam mais horas. Serviços como check-in no aeroporto, café a bordo e despacho de bagagem também são cobrados.
O modelo é consolidado sobretudo na Europa, com empresas como a irlandesa Ryanair e a britânica EasyJet. No mercado sul-americano, empresas desse modelo vêm se estabelecendo nos últimos dois anos. No Brasil, a operação tornou-se possível após uma resolução de 2016 (confirmada em lei neste ano) que permitiu a cobrança de bagagens despachadas.
Por operar apenas voos internacionais, e não no mercado doméstico brasileiro, as low-cost sul-americanas não precisam arcar com os custos de impostos brasileiros e preços altos de combustível, o que faz a operação ser mais viável. Companhias estrangeiras foram autorizadas a operar no mercado doméstico neste ano, mas a Flybondi afirmou que não tentará ingressar nesta frente, ao menos por enquanto. São Paulo já será difícil o suficiente.