"Fiquem em casa": europeus fazem novo confinamento para conter pandemia
A chanceler alemã, Angela Merkel, pede que viagens e celebrações desnecessárias sejam canceladas. Nova onda atinge com força Reino Unido, França e Itália
Fabiane Stefano
Publicado em 17 de outubro de 2020 às 16h44.
"O que vai acontecer no inverno, o que vai acontecer no Natal, vai ser decidido nos próximos dias e semanas", alertou.
"Se todos nós reduzirmos agora, significativamente, os encontros fora do núcleo familiar por um certo tempo, poderemos frear e mudar a tendência dessa multiplicação de infecções", frisou.
Merkel reconheceu que é um pedido "difícil", mas necessário, para não saturar os hospitais, continuar a manter as escolas abertas e proteger a economia e o emprego.
Limitar os contatos "é a ferramenta mais eficaz que temos agora para combater a pandemia. E hoje é mais necessária do que nunca", insistiu.
Em uma Europa que acumula mais de 248.000 mortes e mais de 7 milhões de contágios, a Alemanha foi vista como um exemplo de gestão da pandemia para muitos países vizinhos. Os atuais surtos do vírus confirmam, porém, que não há receitas mágicas.
O país registrou 7.830 casos de coronavírus em 24 horas, um número que não se viu na primeira onda da pandemia, embora na época não houvesse tantos testes de diagnóstico.
Desde que a epidemia atingiu o país, 9.767 pessoas morreram, 33 delas na sexta-feira.
"Todos em casa"
Na França, entrou em vigor neste sábado (17) o toque de recolher decretado pelo governo, válido entre 21h e 6h, em várias regiões do país, incluindo Paris. No total, 20 milhões de pessoas serão afetada.
A regra é simples: "Todos em casa das 21h às 6h", resumiu o primeiro-ministro Jean Castex.
Antes de o toque de recolher começar, à meia-noite, grupos lotados se reuniram na sexta-feira em terraços e restaurantes ainda abertos, tiraram fotos em grupo e brindaram a dias melhores.
"Vamos aproveitar ao máximo (...) Primeiro, restaurante; depois, alguns bares; e agora uma caminhada pela Champs-Élysées com os amigos", disse um estudante de 19 anos.
No Reino Unido, país mais atingido na Europa, com 43.400 mortes, metade da população da Inglaterra - ou seja, cerca de 28 milhões de pessoas - está sob novas restrições a partir de hoje.
Reuniões de familiares e amigos que não moram sob o mesmo teto estão proibidas em Londres e em outras partes da Inglaterra. Na região de Lancashire (noroeste), que junto com Liverpool, são as duas áreas em "alerta muito alto", as restrições são ainda mais fortes.
Na Itália, onde o limite simbólico de 10.000 novos casos em 24 horas foi ultrapassado na sexta-feira, a região da Lombardia (norte), principal foco do surto, fechará seus bares e restaurantes a partir de sábado e suspenderá todos os eventos esportivos.
Na Bélgica, cafés e restaurantes também fecharão a partir de segunda-feira, por um mês, e haverá toque de recolher à noite.
"Semana após semana, os números estão dobrando, aumentando sem freio", disse o primeiro-ministro Alexander De Croo.
A Bélgica registra uma das taxas de mortalidade mais altas do mundo, com 89 mortes a cada 100.000 habitantes.
Limitar os contatos à espera de vacina
Na América Latina e no Caribe, a região mais afetada do mundo, com 377.952 óbitos e quase 10,5 milhões de casos de contágio, o governo do México disse na sexta-feira que propôs aos Estados Unidos estender até 21 de novembro as restrições ao trânsito não essencial na fronteira comum para conter o coronavírus.
Ambos os países mantêm a fronteira de 3.145 quilômetros fechada ao tráfego terrestre não essencial, como no caso de turistas, ou de visitantes ocasionais, embora seja permitida a passagem de mercadorias, trabalhadores, ou estudantes.
O México registra mais de 840.000 casos confirmados do coronavírus e 85.704 mortes, enquanto os Estados Unidos, o país com o maior número de vítimas fatais, tem 218.000 óbitos e 8 milhões de infecções.
Na sexta-feira, duas empresas americanas - Pfizer e Moderna - disseram que esperam solicitar a provação emergencial para suas vacinas contra a covid-19 no final de novembro.