Fintech de música, Strm capta R$ 35 milhões e atrai dupla sertaneja Henrique e Juliano em rodada
A Strm se posiciona como uma ‘gravadora de bolso’ para artistas independentes e está em operação desde 2023
Repórter de Negócios
Publicado em 24 de julho de 2024 às 06h58.
Última atualização em 24 de julho de 2024 às 11h05.
“Uma avaliação de carreira era tudo o que eu queria ter feito na época em que tinha a minha banda”, afirma Fernando Gabriel, CEO da Strm, fintech de música que está anunciando um aporte de R$ 35 milhões. Coliderada pelo fundo americano Tompkins Ventures e pela dupla sertaneja Henrique e Juliano, a rodada será usada para o desenvolvimento de produtos e para fomentar a entrada da startup em outros mercados.
A Strm se posiciona como uma ‘gravadora de bolso’ para artistas independentes. No dia a dia, ela conta com uma ferramenta que ajuda músicos a avaliarem o estágio na carreira e as oportunidades nos gêneros musicais em que atuam, faz a distribuição do catálogo musical e oferece adiantamentos financeiros aos artistas, em valores entre R$ 1 mil e R$ 1 milhão.
Por trás do modelo da Strm, está o emprego de inteligência artificial, usada para dar insumos aos artistas sobre tendências e estilos que estão bombando em plataformas de streaming, como Spotify, Deezer, Amazon Music e YouTube. E ainda para o cálculo dos valores que o músico pode adiantar de acordo com o catálogo que possui e a previsão de receita. “Em média, o nosso tíquete fica entre R$ 30 e 50 mil”, diz Gabriel.
Hoje, a Strm monitora mais de 4,5 milhões de músicos pelo mundo em plataformas como Spotify, Instagram e YouTube e tem mais de 37 mil como usuários no banco de dados - 80% da base está em território nacional.O restante fica distribuído por 40 países, em particular Estados Unidos e vizinhos na América Latina.
Como o negócio da Strm foi criado
São artistas que conheceram a plataforma pelas redes sociais e usaram uma ferramenta de avaliação do portfólio e carreira da Strm."Todo mundo que tem alguma música pode entrar na plataforma e fazer um teste inicial", diz Fernando Gabriel.
Engenheiro de formação, o CEO transita pelo universo da música há mais de 20 anos. Primeiro como cantor, compositor e artista independente da banda de pop rock Fatale. Depois, empresariando artistas de matizes musicais diferentes.
No encontro com o também engenheiro Thiago Lobão, apaixonado por música e MPB e especializado em venture capital - com passagens por SP Ventures, InteliGov e atual CEO da Catarina Capital -, o desenho da Strm começou a ganhar forma a partir de 2019.
O primeiro capital é um investimento-anjo de Henrique Portugal, tecladista do Skank, ainda em 2019. Dois anos depois, a Strm recebeu um seed de US$ 1 milhão, atraindo KondZilla, Caco Grandino, baixista do NX Zero, e a Futurum Capital.Os recursos pavimentaram a criação da tecnologia para o funcionamento da startup, em operação desde o ano passado, após o período de testes nos 12 meses anteriores. Em 2023, a musictech faturou R$ 2,5 milhões, valor que deve crescer 10 vezes em 2024.
“Nós já estamos chegando ao faturamento do ano passado inteiro agora por mês. Estamos super felizes e confiantes porque é um privilégio trabalhar com música e poder preencher o nosso propósito”, afirma o empreendedor. “A maioria das pessoas que trabalham na Strm é de artistas que vivem ou já viveram da música e sabem a dor e a dificuldade que éser um artista independente”.
Qual o futuro do negócio
Com o caixa cheio, a startup começa a planejar a entrada de forma orgânica em outros mercados. O começo será por Estados Unidos e países como Colômbia, México e Argentina.Por ora, os usuários destes têm acesso restrito às funcionalidades da plataforma, acessando apenas a parte área de diagnóstico de carreira.
À medida que a internacionalização ganhe corpo, o plano da empresa é levar recursos como o adiantamento de recebíveis e a distribuição dos catálogos musicais. A chegadade um investidor americano, caso da Tompkins Ventures, vem para potencializar esse processo.
“Nós temos, por exemplo, uma lista de espera nos Estados Unidos de mais de US$ 2 milhões em solicitações de adiantamentos sem termos feito grandes esforços para isso”, diz Gabriel.
Além da captação via equity, a startup estuda outros veículos para levantar recursos com recebíveis e financiar a operação de crédito tanto aqui quanto lá fora.