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Eztec vê receita 26% maior em 2011 e mantém foco em SP

Empresa não quer construir para a população de baixa renda, saindo do grupo de construtoras movidas pelo programa do governo "Minha Casa, Minha Vida"

A atuação exclusiva em São Paulo também não é vista dentro da Eztec como um fator limitador. (Raul Junior)

A atuação exclusiva em São Paulo também não é vista dentro da Eztec como um fator limitador. (Raul Junior)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2011 às 20h33.

São Paulo - O que aos olhos do mercado pode parecer um caminho na contramão do setor imobiliário, para a Eztec é uma estratégia para crescer de forma organizada.

Com atuação exclusivamente no estado de São Paulo, onde a escassez na capital de áreas adequadas para construção fez muitas construtoras partirem para outras direções, a empresa também optou por não construir para a população de baixa renda.

Enquanto grande parte das principais construtoras e incorporadoras, movidas pelo programa "Minha Casa, Minha Vida", reformularam seu mix de produtos para aumentar a oferta de unidades no segmento econômico, esse nicho tem participação mínima nas operações da Eztec, que concentrou a atuação nas classes média e alta.

"Entendemos a mentalidade desse público e sabemos nos relacionar com ele", afirmou o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Emílio Fugazza, à Reuters na quinta-feira. "O número de famílias que demandam imóveis no segmento econômico é maior, mas o valor de demanda gerado é menor, pelo preço mais baixo das unidades", defendeu.

Segundo Fugazza, a Eztec deve fechar 2011 com faturamento de 800 milhões de reais, aumento de 25,7 por cento ante o ano passado, quando a receita líquida foi de 636,4 milhões.

Durante o primeiro semestre, a empresa conseguiu alta de 20 por cento na receita líquida, enquanto empresas de porte maior e com foco mais ampliado como Cyrela e Rossi apresentaram ganhos de 10 e 23 por cento, respectivamente.

A atuação exclusiva em São Paulo também não é vista dentro da empresa como um fator limitador. Hoje a Eztec conta com banco de terrenos de 4 bilhões de reais no estado.

"Terreno não é problema", assinalou na entrevista o presidente-executivo da companhia, Silvio Zarzur, que disse receber perto de 350 ofertas de compra de terreno por mês.

"Durante muito tempo fomos criticados pelos investidores por atuar somente em São Paulo, mas é preciso olhar a qualidade do nosso banco", acrescentou.


O estado de São Paulo responde por cerca de 40 por cento do mercado imobiliário nacional. A Eztec detém atualmente 3,5 por cento de participação na região "e temos condições de dobrar", disse o presidente.

"A estratégia de comprar em dinheiro é uma vantagem sobre os concorrentes", defendeu Zarzur. A companhia possui hoje 306 milhões de reais em caixa.

Até setembro, a Eztec cumpriu 70,7 por cento do ponto médio da meta de lançamentos para o ano, que é de 1 bilhão a 1,2 bilhão de reais, contabilizando 778 milhões. Para o próximo ano, Zarzur adiantou que a empresa já possui 12 projetos para serem lançados.

Novas regiões

Embora defenda a atuação exclusivamente em São Paulo como "o foco que outras companhias não têm", Zarzur reconhece que, em algum momento, terá de partir para outra grande cidade.

"Estamos sempre olhando terrenos e oportunidades em regiões com potencial de crescimento como Rio de Janeiro e Brasília. Mas precisamos desenvolver o mesmo controle e processo organizado que temos aqui para chegar em uma nova região com 'market share' relevante", disse Zarzur, acrescentando que o movimento deve ocorrer no médio a longo prazo.

Antes disso, segundo ele, a companhia ainda vê forte potencial para explorar áreas de São Paulo "menos óbvias", como bairros da zona Leste e a região da Serra da Cantareira.

"Enquanto estiver do jeito que está, não tem porque sair daqui, mas estamos preparados se precisar mudar", ponderou.

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