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Ex-Unilever cria startup de vendas para o pequeno varejo que já fatura R$ 4 bilhões

Do ex-vp de vendas da multinacional, o Compra Agora conecta pequenos lojistas e indústrias em um marketplace dotado de inteligência de dados

Julio Campos, CEO do Compra Agora: R$ 4 bilhões em vendas para o pequeno varejo (Silvia Zamboni/Compra Agora/Divulgação)

Julio Campos, CEO do Compra Agora: R$ 4 bilhões em vendas para o pequeno varejo (Silvia Zamboni/Compra Agora/Divulgação)

No Compra Agora, plataforma de vendas coordenada pelo ex-vp de vendas da multinacional de bens de consumo Unilever, Julio Campos, o  mercado potencial do pequeno varejo é motivação para crescer. Nas contas da empresa, que nasceu dentro do hub de desenvolvimento de negócios da Unilever, 1 milhão de estabelecimentos brasileiros podem fazer parte da clientela. Destes, 30% já fazem. Em dois anos, a empresa já atraiu 40 clientes e, em 2021, faturou R$ 4 bilhões.

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Criado em 2016 dentro do Grupo Gronext Technologies, empresa de tecnologia em que a Unilever é majoritariamente investidora, o Compra Agora surgiu para solucionar boa parte das dores do pequeno varejista interessado em vender produtos da multinacional, como o atendimento ao consumidor, organização de estoques e compras morosas.

“Imaginamos que uma plataforma que exibisse todo o portfólio de produtos com itens que façam sentido para cada caso particular poderia simplificar a vida desse varejista”, diz Julio Campos, CEO do Compra Agora. “Num único lugar ele consegue comprar de forma mais eficiente, usando dados para indicações de promoções, por exemplo. A ideia sempre foi trazer prosperidade e facilidade”.

Na plataforma, antes chamada de Compra Unilever, a própria empresa tinha pouca representatividade. Segundo Campos, os produtos da Unilever costumavam representar apenas 4% do carrinho de compras dos pequenos lojistas. Reverter isso, segundo ele, dependia de maior competitividade.

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Essa conclusão, junto ao olhar atento ao que há de mais complicado na vida do pequeno vendedor é, em boa medida, resultado da longa experiência de Campos na própria Unilever. O executivo esteve na empresa por mais de três décadas — mais recentemente como vice-presidente de vendas e desenvolvimento de negócios para o Brasil e América Latina.

Em 2020, Campos deixou a empresa para comandar o Compra Agora, depois do modelo de negócio se provar e dar seus primeiros passos rumo à independência. “É incrível perceber como o pequeno varejo já é dono de mais de 50% do mercado comprador das grandes indústrias. Não à toa percebemos que seria necessário dar mais atenção a isso”, diz.

Agora independente, a empresa atua apartada da Unilever — inclusive atendendo concorrentes diretos da multinacional. Na lista de clientes da Compra Agora estão gigantes como 3M, Arcor, Bauducco, Cargill, Danone, Heinz, Faber-Castell, Pepsico e também a própria Unilever.

Marketplace para o pequeno varejo

Na prática, a empresa funciona como um marketplace para pequenos varejistas, especialmente lojistas de bens de consumo. Por lá, diferentes indústrias podem colocar seus insumos à venda, enquanto empreendedores ganham um ambiente para encher seus carrinhos a partir da compra online e da comparação de preços na plataforma.

A loja online também conta com inteligência de dados para recomendação de alguns itens e promoções, além de segmentar os sortimentos com base nas necessidades de cada negócio. Em outra frente, um blog dedicado à produção de conteúdos informativos publica periodicamente textos sobre gestão, finanças, tendências de mercado e digitalização.

A plataforma, que possui 400 mil clientes cadastrados e 40 indústrias, cresce na casa dos 25% ao ano, diz Campos. Nesse ritmo, a meta é chegar a 1 milhão de pontos de venda e um faturamento de R$ 5 bilhões em 2022 — um resultado que também virá a partir da expansão do negócio pela América Latina. Em janeiro, o Compra Agora chegou à Argentina e em outubro estará no México.

“O Compra Agora nasceu da proposta de facilitar a vida do pequeno varejista com tecnologia. Anos depois, principalmente com a pandemia e a ida de negócios para o digital, isso se mostrou ainda mais valioso”, diz.

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