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Estréia da Gol na bolsa é um sucesso

A estréia da Gol na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) foi um sucesso. Numa ensolarada quinta-feira, dia 24 de junho, a Gol debutou em Wall Street superando as expectativas do mercado. Ela não só conseguiu levantar 280 milhões de dólares as estimativas iniciais de venda oscilavam entre 245 milhões e 277 milhões - […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A estréia da Gol na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) foi um sucesso. Numa ensolarada quinta-feira, dia 24 de junho, a Gol debutou em Wall Street superando as expectativas do mercado. Ela não só conseguiu levantar 280 milhões de dólares as estimativas iniciais de venda oscilavam entre 245 milhões e 277 milhões - como viu seus papéis ganharem uma valorização de 7% naquele dia. Cada ADS (American Depositary Share), foi oferecida a 17 dólares, fechando na marca de 18,22 dólares. Em sua estréia nos pregões, a Gol vendeu 20% de seu capital acionário na Nyse e na Bovespa. Em Nova York, foram negociadas 11,9 milhões de ADSs. Cada ADS equivale a duas ações ordinárias da empresa negociadas no Brasil. "Vamos usar o capital levantado para financiar nossos planos de expansão," comemorava um sorridente Constantino de Oliveira Jr. durante uma teleconferência para investidores transmitida de Nova York. Como manda a tradição na Nyse, naquele dia, Oliveira Jr tocou o sino do pregão rodeado por um enorme cartaz com o logotipo alaranjado da empresa.

Para debutar na Bolsa de Nova York, a Gol contratou os serviços dos melhores de Wall Street. O banco de investimento Morgan Stanley foi o principal arquiteto e subscritor do Initial Public Offer (IPO). Além dele, a Gol contou com a ajuda dos bancos de investimento JP Morgan Chase, UBS e Raymond James Financial e também da corretora Merrill Lynch. A conta paga pela Gol pela subscrição e consultoria a todos eles foi de 14 milhões de dólares.

Repercussão em Wall Street e riscos para a Gol

"O lançamento dos papéis da Gol excedeu as expectativas positivas de Wall Street," diz Jim Corridore, analista do segmento de empresas de aviação civil da agência Standard&Poors. "Não seria correto dizer que foi uma notícia bombástica, mas certamente foi um fato significativo para o mercado." De acordo com Corridore, a curiosidade levantada pelo IPO da Gol entre os investidores americanos deve-se, em parte, à nacionalidade brasileira, uma espécie ainda rara na Nyse. Apenas cerca de trinta empresas verde-amarelas, a grande maioria mamutes como a Petrobras e a Vale do Rio Doce, têm seus papéis negociados na bolsa americana.

Corridore acredita que o bom desempenho da Gol, que por enquanto reina sozinha no segmento de baixas tarifas e baixos custos no mercado brasileiro, deverá gerar, num futuro próximo, concorrentes tanto no Brasil quanto no restante da América do Sul. "Aqui nos Estados Unidos, depois que a Southwest e a Jet Blue começaram a colher resultados positivos, surgiram uma série de novas empresas nessa segmento", diz Corridore. "Uma das coisas mais interessantes das empresas low fare é que elas ajudam o mercado a crescer, incorporando novos passageiros que antes costumavam usar apenas o transporte terrestre."

Por enquanto, a Gol tem experimentado apenas as delícias do crescimento em clima de céu de brigadeiro. Mas assim como as veteranas Varig, Vasp e TAM, à medida que crescer e se estabelecer, a Gol se tornará mais vulnerável a dois tipos de riscos: o principal deles diz respeito às fragilidades fundamentais da economia brasileira. O segundo, não menos crítico para o setor de transportes é o custo do petróleo, cuja subida tem deprimido drasticamente as margens de lucro das companhias aéreas em todo o planeta. Se tudo continuar correndo relativamente bem com a economia brasileira, com o país crescendo a taxas anuais ao redor de 3% e o dólar se mantendo em patamares civilizados, a Gol poderá continuar a crescer e consolidar sua posição no mercado. Nesse cenário favorável, a empresa de Constantino Júnior terá toda a confiança dos investidores e o oxigênio necessário para honrar os financiamentos de sua estratégia de expansão. Hoje, a Gol carrega uma dívida de 2,5 bilhões de dólares correspondente a um empréstimo concedido pelo US Export-Import Bank para financiar a compra de uma frota de 43 aeronaves encomendadas à Boeing, quinze das quais foram compradas no último mês de maio. A Gol mantém também a opção de compra de outros 28 jatos junto à Boeing.

Mas caso a economia brasileira continue mantendo o comportamento ciclotímico das últimas décadas, alternando anos de crescimento com períodos de turbulência e recessão, a Gol poderá se ver asfixiada pela diminuição drástica de suas vendas um cenário turbulento bem conhecido por todas as corporações brasileiras que operavam no segundo semestre de 2002, às vésperas da eleição de Lula. Nesse caso, dependendo da gravidade da crise econômica, o humor dos investidores estrangeiros em relação a Gol e por extensão a todas as demais empresas brasileiras poderá voltar a se azedar, castigando as cotações de seus papéis no pregão da NYSE e encurtando seriamente o seu crédito em Wall Street. Quanto às cotações do petróleo, uma variável que tem-se demonstrado literalmente explosiva no primeiro semestre de 2004, existem dois riscos: o primeiro é que o mercado mundial de produção e refino não dê conta do aumento global da demanda, que tem crescido a uma ordem de 2% ao ano. O segundo é a deterioração ainda maior do cenário político no Oriente Médio, com ataques terroristas que danifiquem seraimente poços e oleodutos principalmente na Arábia Saudita, o maior produtor mundial. Nesse caso, o preço do barril do óleo cru, que bateu na casa dos US$ 40, poderia de fato explodir, causando um novo choque mundial, com sérias conseqüências para toda a economia global, atingindo, de quebra, a novata Gol.

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