"Inovação e diversificação são pilares do novo plano estratégico da Embraer, que aumentará a receita e a rentabilidade nos próximos anos”, disse Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer (Embraer/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 15 de outubro de 2020 às 15h50.
Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 16h26.
A Embraer acaba de lançar sua mais nova e inovadora subsidiária: a Eve, startup voltada para o mercado de mobilidade aérea urbana, ou UAM. A Eve é a primeira startup independente criada pela EmbraerX, braço de inovação da fabricante brasileira de aeronaves e localizada na Costa Espacial da Flórida, em Melbourne, nos Estados Unidos.
Como parte da iniciativa da empresa para acelerar a revolução da mobilidade aérea urbana, a EmbraerX faz parte do projeto Uber Elevate desde seu início, em 2017. André Stein, responsável pela estratégia da EmbraerX, foi nomeado CEO da Eve. "Após ser incubada por quase quatro anos dentro da EmbraerX, este é o momento certo para estabelecer a Eve como uma empresa independente", diz a Embraer em comunicado.
“Valorizamos o enorme potencial do mercado de UAM, pois representa um novo segmento de negócios no qual prevemos grandes oportunidades para a Embraer. Inovação e diversificação são pilares do novo plano estratégico da Embraer, que aumentará a receita e a rentabilidade nos próximos anos”, disse Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer, em nota.
A Eve está desenvolvendo um portfólio de soluções para preparar o mercado de mobilidade aérea urbana, como o desenvolvimento e a certificação do veículo elétrico de decolagem e pouso vertical, também chamado de eVTOL, da empresa — ao contrário de aviões que precisam de uma pista, esse veículo pousa e decola como um helicóptero.
Ainda está prevista a criação de uma abrangente rede de suporte e serviços associados e soluções de gestão de tráfego aéreo urbano. Os primeiros conceitos do veículo voador foram apresentados em 2019 durante o evento Uber Elevate Summit, em Washington, DC. Já o primeiro voo do simulador foi feito em julho de 2020. A Eve usa tecnologia e experiência da Embraer e da Atech, subsidiária da brasileira. A holandesa KLM e a japonesa SkyDrive também estão realizando testes com carros voadores e aviões do futuro.
A fabricante brasileira corre para se reiventar, depois do cancelamento de sua parceria com a americana Boeing. A Embraer, que havia duplicado algumas de suas estruturas para atender a separação da aviação comercial, em preparação à parceria não concretizada por iniciativa da Boeing, também foi prejudicada pela pandemia do coronavírus e precisou demitir 900 funcionários no Brasil, além de 1.600 colaboradores que aderiram a três planos de demissão voluntária.
A receita do segmento de aviação comercial da fabricante brasileira, geralmente a maior e mais rentável, caiu 77% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019, levando a Embraer a um prejuízo líquido de 1,7 bilhão de reais no período de abril a junho.
A Uber também enfrenta dificuldades com a pandemia — e ainda precisa provar que seu modelo de negócios pode sim ser lucrativo. Com perda de mais de 72% dos passageiros durante a quarentena, a empresa de mobilidade amargou prejuízo de 2,9 bilhões de dólares no primeiro trimestre do ano e de 1,8 bilhão de dólares no segundo.
Além dos carros voadores, outro projeto futurista da Uber são os carros autônomos, ainda sem sucesso. Depois de mais de 2,5 bilhões de dólares investidos durante cinco anos, a Uber ainda não tem um carro autônomo que consiga dirigir de maneira satisfatória.