Negócios

Eles passaram a vender lanche na garagem durante a pandemia. Agora fazem R$ 6 milhões com hambúrguer

Casal planeja investir R$ 50 milhões para abrir 10 novas lojas nos próximos quatro anos

João Pedro Faria Palhares e Fabrícia Nascimento Silva: casal vende 11.000 hambúrgueres por mês  (BB Onça/Divulgação)

João Pedro Faria Palhares e Fabrícia Nascimento Silva: casal vende 11.000 hambúrgueres por mês (BB Onça/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 28 de maio de 2024 às 07h21.

A pandemia da covid-19 criou um leva de empreendedores por necessidade. Pessoas que precisaram, de um dia para outro, achar novas maneiras de fazer dinheiro, depois de perderem seus negócios ou empregos.

Para o casal do interior paulista João Pedro Faria Palhares e Fabrícia Nascimento Silva, não foi diferente. João trabalhava numa rede de venda de cosméticos que quebrou por causa da crise sanitária. Fabrícia atuava com engenharia civil, cuidando de obras. 

Assim que a pandemia explodiu, a rede de cosméticos quebrou e as obras em que Fabrícia trabalhava foram interrompidas. Não bastasse a falta de dinheiro, ainda tinha o tempo ocioso, já que sair de casa não era o recomendado.

“Como sempre gostamos de comida, começamos a fazer pequenos encontros com amigos dentro de casa, fazendo hambúrguer para eles”, diz João Pedro. “O pessoal começou a sugerir que a gente poderia ter alguma renda com isso”. 

A ideia dos amigos ficou na cabeça do casal, que decidiu instalar uma churrasqueira na garagem da casa dos pais de Fabrícia em Ibirá, cidade de 11.690 habitantes no interior paulista a 413 quilômetros de São Paulo e, dali mesmo, vender os hambúrgueres. O alimento, aliás, é comemorado nesta terça-feira, 28, qunado se celebra o Dia do Hambúrguer.

“A família ajudava, os amigos vinham nos visitar e acabam ajudando também nas entregas, na produção”, diz a empreendedora.

Foi o início da BB Onça, uma hamburgueria de São José do Rio Preto que faturou 6 milhões de reais ano passado e que agora traça um plano para abrir 10 novas lojas nos próximos anos, num investimento de 50 milhões de reais. 

Hoje vendendo 11.000 hambúrgueres por mês, está com uma meta de alcançar 8,5 milhões de reais em receitas em 2024.

Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal Exame Empreenda

Como a BB Onça cresceu

Fabrícia e João Pedro não foram os únicos que tiveram ideia de abrir uma hamburgueria durante a pandemia. Um levantamento do aplicativo de delivery iFood mostrou que o número de restaurantes que vendiam hambúrguer na plataforma praticamente dobrou de março de 2020 para o mesmo mês de 2021.

A grande questão aqui é: como passar o boom e continuar no mercado — e mais, crescendo. 

No caso de Fabrícia e João Pedro, a estratégia foi se mudar. 

“Pensamos que o melhor para poder crescer no médio e no longo prazo era estar numa cidade maior, com uma demanda mais aquecida”, diz João Pedro.

A opção foi São José do Rio Preto, o maior município da região, com 413.200 habitantes. 

“A gente tinha ilusão de que, por estar numa cidade grande, iríamos vender 100 hambúrgueres por dia”, diz João Pedro. “Mas a realidade foi completamente outra. Tinha dias que vendíamos oito, 12 sanduíches. Quando passávamos de 20, era uma comemoração absurda”. 

A estratégia adotada pelo casal foi, então, profissionalizar ao máximo o restaurante: fazer um cardápio customizado, com um design diferente, criar espaços temáticos na lanchonete e até patentear a marca. 

“O nosso restaurante, por exemplo, era extremamente feio. Parecia um açougue de 1950. Era uma casa antiga, lembrava uma casa, tinha até um tanque de lavar roupas no fundo”, afirma João Pedro. “Quando decidimos investir em marketing e apostar na profissionalização, fizemos espaços temáticos de selva no nosso restaurante”. 

Além disso, o casal passou por consultorias de profissionalização que ajudaram na gestão.

“Quando eu trabalhava com engenharia, precisava cuidar de 200 peões de obra”, afirma Fabrícia. “Na hamburgueria, eram outros estilos de profissionais, precisava ter outra gestão”. 

O que aprendiam na consultoria, passavam também para seus funcionários. Hoje, são 56. Dos 6 milhões de reais em faturamento, 30% vem de delivery e o restante da operação física. Recentemente, também contrataram um CEO de mercado para ajudar na expansão.

Quais são os planos de expansão da BB Onça

Agora com a operação em São José do Rio Preto consolidada, o casal tem planos maiores. Querem abrir 10 lojas nos próximos anos, todas por ali, em cidades próximas à sede. O investimento será na casa dos 50 milhões de reais. No longo prazo, querem também crescer por meio de franquias. 

A meta para 2024 é faturar 8,5 milhões de reais. Para este ano, um novo restaurante temático também deverá ser aberto.

E o nome do negócio?

Com o crescimento do negócio, mais pessoas acabam perguntando ao casal o motivo da hamburgueria se chamar BB Onça. A reportagem da EXAME também perguntou.

“É uma homenagem à Fabrícia”, explica João Pedro. “Desde pequenina ela é chamada de onça pelos familiares”, brinca. Fabrícia concorda com o apelido - e está feliz que ele dá nome a um negócio milionário para o casal.

Acompanhe tudo sobre:HambúrgueresRestaurantes

Mais de Negócios

A empresa que convenceu Jeniffer Castro a fazer publis após o episódio do avião

Ele já fez R$ 300 milhões com 10 mil cursos e agora aposta em suplementos

Carlos Lisboa, CEO da Ambev a partir de janeiro, fala da busca pela melhor versão da companhia

O que o "mestre das vendas" pensa sobre inteligência artificial para fechar negócios