Ele empreendeu para ajudar a irmã a pagar a faculdade. Hoje, fatura R$ 300 milhões com energia limpa
Marcelo Abuhamad é um dos sócios do Bonö Group, holding paranaense aberta por colegas de uma república estudantil. Em 2023, braço da Bonö para energia renovável foi uma das empresas que mais cresceram no país, segundo o ranking EXAME Negócios em Expansão. Conheça a história dele
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 17 de outubro de 2023 às 18h35.
Última atualização em 17 de outubro de 2023 às 19h37.
O empreendedor Marcelo Abuhamad experimentou já durante a faculdade os desafios de estar à frente de um negócio.
Abuhamad é sócio-fundador do Grupo Bonö Energia, um dos nomes de referência no mercado de energias renováveis no Brasil.
O que faz parte do Grupo Bonö
O grupo sediado em Londrina, no norte do Paraná, agrega negócios em cinco frentes:
- Bonö Energia: empresa de engenharia e desenvolvedora de projetos fotovoltaicos em geração distribuída, projetos de mobilidade elétrica, sistemas de armazenagem de energia e na migração para o mercado livre de energia
- WHS: distribuidora de equipamentos fotovoltaicos
- Sunhub: hub de soluções com um portfólio completo de soluções para gestão comercial e de marketing além de um braço de capacitação no setor solar
- Greenfield: estruturadora de ativos de energia
- Prime Company: especializada em trade internacional
Em 2022, o grupo faturou R$ 300 milhões. Só a unidade dos projetos fotovoltaicos (Bonö Energia) teve uma expansão de 90% na receita operacional líquida, que fechou o ano em R$ 149 milhões.
O resultado conferiu à Bonö o 25° lugar entre as empresas que mais crescem no Brasil na categoria de negócios de R$ 30 milhões a R$ 150 milhões inscritas no ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, o maior anuário do empreendedorismo do país.
Na primeira edição do Negócios em Expansão, que olhou para o desempenho das empresas ao longo de 2021, a Bonö já tinha obtido um crescimento expressivo.
A receita operacional líquida da empresa em 12 meses saltou 173%, para R$ 80,3 milhões, o que deu à empresa a sexta posição entre as empresas da categoria de R$ 30 milhões a R$ 150 milhões.
Em sete anos de existência, o Bonö Group instalou 1,2 mil projetos fotovoltaicos, num total de 400 megawatts comercializados para empresas, público-alvo dos projetos feitos por ali.
Como tudo começou
Tudo começou numa república estudantil. Em 2016, os colegas de faculdade e de residência Marcelo Abuhamad, Vitor Ferrari, Murilo Ferrari e Guilherme Semensato tiveram a ideia de recorrer a alguma atividade para complementar a renda de cada um.
Era um empreendedorismo por necessidade — todos tinham o desejo de seguir uma carreira com carteira assinada após a formatura.
Desafios pessoais, contudo, forçaram uma mudança de rota. Abuhamad, por exemplo, perdeu o pai aos 18 anos e, na sequência, precisou assumir a gestão de uma casa de eventos fundada pela família em Ourinhos, no interior paulista.
"Sem a presença do meu pai, precisei deixar a faculdade para empreender e, entre outras coisas, permitir que minha irmã, que estava no último ano de faculdade, pudesse concluir os estudos", diz ele.
Os primeiros desafios de Marcelo foram conseguir quitar dívidas e demitir funcionários do estabelecimento.
Os erros e acertos amadureceram o faro dele para outros negócios.
Com os amigos de faculdade, Abuhamad abriu uma revenda de eletrônicos em plataformas online como o Mercado Livre.
A guinada veio com a aposta na energia renovável, um setor tido pelos sócios como anti-crise.
"Entre as diversas transformações da indústria de energia, o destaque foi a abertura do mercado, inclusive para os consumidores menores, atingindo o cidadão comum, que também está aderindo à energia solar", diz Vitor Ferrari, CEO da Bonö Fotovoltaico.
Por que cresceu o mercado de energia solar
Os últimos dois anos foram de expansão acelerada para os negócios de energia renovável.
Por um lado, os preços de equipamentos para os projetos de energia solar caíram drasticamente com a importação maciça de componentes da China e investimentos no setor de gigantes nacionais como a WEG.
Além disso, uma regra editada em 2021 pelo governo federal provocou uma corrida de interessados pela energia solar no ano passado.
Até então, ao instalar uma usina fotovoltaica numa residência ou comércio, por exemplo, os gastos com energia caíam a praticamente zero.
Pela lei brasileira, a produção acima do consumo de eletricidade de uma residência ou comércio pode ser jogada na rede de distribuição das concessionárias de energia.
O saldo serve para abater o valor da conta em meses de produção aquém do consumo. Nas instalações com boa insolação, isso garantiu por algum tempo um alívio praticamente permanente na conta de luz.
Tudo isso mudou com o marco regulatório do setor editado no início do ano passado. O texto incluiu a cobrança de uma taxa pelo uso das redes de distribuição das concessionárias a todas as usinas solares instaladas a partir de janeiro de 2023.
As instalações de energia solar abertas até essa data ganharam isenção na taxa até 2045 — o que contribuiu para um ótimo desempenho das empresas do setor ao longo do ano passado.
Em julho de 2023, o Brasil chegou a 32 gigawatts de potência instalada a partir de energia solar, segundo dados da Absolar, a associação do setor. Só em 2022 o setor teve um avanço de 77% em capacidade instalada.
Como fazer parte do EXAME Negócios em Expansão
O ranking Negócios em Expansão é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país.
Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.
Os resultados vieram a público num evento para mais de 400 convidados em São Paulo.
Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país.
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Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%. Veja os resultados: