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Ele criou um negócio de US$ 1,3 bilhão ao levar inteligência artificial para o ônibus

O israelense Amos Haggiag é fundador da Optibus, empresa de tecnologia presente em 2.000 cidades, entre elas o Rio de Janeiro

Haggiag, da Optibus: Brasil no centro da estratégia de expansão da empresa fundada em 2014, em Tel Aviv (David Fitzgerald/Getty Images)
LB

Leo Branco

Publicado em 20 de novembro de 2022 às 08h12.

Última atualização em 21 de novembro de 2022 às 11h59.

Um dos projetos de mobilidade urbana de maior visibilidade no Brasil nos últimos anos, o BRT (Bus Rapid Transit) do Rio de Janeiro é um dos legados da Olimpíada realizada em 2016.

As 125 estações espalhadas por 120 quilômetros de corredores exclusivos para ônibus deram aos cariocas meios inéditos de cruzar a cidade.

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Apesar disso, os sucessivos choques econômicos enfrentados pelo Rio depois da Olimpíada, somados à instabilidade política local, provocaram o sucateamento de parte dessa infraestrutura. Nos últimos anos, algumas estações deixaram de receber ônibus e foram alvo de vandalismo.

Não há solução fácil para um sistema de transporte do qual dependem boa parte dos mais de 13 milhões de moradores do Rio e da Baixada Fluminense.

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O que faz a Optibus

Para o israelense Amos Haggiag, boa parte dos problemas de sistemas de transporte pode ser resolvida com um olhar atento à montanha de dados gerados por uma operação desse porte.

Haggiag é fundador da Optibus, empresa de tecnologia aberta em Tel Aviv em 2014 para colocar a inteligência artificial a serviço de uma tomada de decisão mais racional (e menos intuitiva) em questões críticas de uma operadora de ônibus, como:

O negócio da Optibus é um SaaS voltado a gestores públicos e de empresas de transporte público com painéis para acompanhar centenas de indicadores úteis aos desafios elencados acima — e dar pistas do jeito com melhor custo-benefício para resolvê-los.

"Companhias de ônibus ao redor do mundo ainda estão acostumadas a usar planilhas Excel para acompanhar essas informações e tomam decisões de forma manual", diz Haggiag, formado em ciência da computação e matemática e fundador da Optibus após quase uma década de trabalho com algoritmos nas multinacionais Siemens e Microsoft.

O sistema criado por Haggiag rastreia todo tipo de dado sobre a operação de uma empresa de transporte antes disperso em inúmeras planilhas. E, ainda, monitora GPS e outros dados de sensores instalados nos ônibus para chegar a conclusões úteis ao gestor da operação.

Onde está a empresa

Atualmente, 2.000 cidades no mundo adotam o software da Optibus. O Rio de Janeiro, com o BRT, é o mais novo cliente da empresa israelense no Brasil.

Em alguns locais, como em Kampala, capital de Uganda, o software da Optibus foi utilizado para começar do zero a operação de 3.000 ônibus — o primeiro transporte público numa cidade de 1,5 milhão de habitantes.

Em outros, como na cidade gaúcha de Viamão, na Grande Porto Alegre, o uso da ferramenta acelerou a tomada de decisões como a mudança de horário de partida de uma determinada linha de ônibus. O que antes costumava levar semanas, agora pode ser resolvido em questão de dias.

No Rio de Janeiro, a Optibus foi contratada pela MOBI-Rio, empresa de transporte municipal administradora do BRT, para dar suporte de dados no trabalho de melhoria da infraestrutura existente e na expansão da rede.

Com as obras do corredor TransBrasil, previstas para terminarem no ano que vem, o BRT carioca deve ganhar 32 quilômetros. Mais 540 ônibus estão previstos para o sistema até 2024.

Os algoritmos da Optibus deverão auxiliar os gestores do BRT em questões como a frequência das viagens, em particular durante eventos especiais realizados na cidade, como Carnaval, Réveillon e Rock in Rio.

Além do Rio e do Rio Grande do Sul, no Brasil a Optibus tem negócios em cidades de São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Distrito Federal.

Quem já investiu no negócio

"Assim como outros países em desenvolvimento, o Brasil tem uma porção de oportunidades de melhoria no transporte público ", diz Haggiag. "Por isso, está no centro da nossa estratégia."

Além de chamar a atenção de gestores públicos e empresas de transporte, a empresa de Haggiag atraiu investidores.

Em maio, a Optibus levantou 100 milhões de dólares numa Série D com a participação de nomes de peso como o venture capital do grupo chinês Tencent.

A rodada avaliou a empresa em 1,3 bilhão de dólares, tornando a Optibus o primeiro unicórnio voltado ao setor do transporte público.

Em oito anos de operação, a empresa já levantou 260 milhões de dólares em investimentos.

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