Fábrica da CBMM em Araxá (MG): empresa com 67 anos de história inova para continuar líder de mercado e garantir perpetuidade. (Germano Lüders/Exame)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 31 de agosto de 2023 às 14h36.
Última atualização em 31 de agosto de 2023 às 18h40.
Em 1955, quando a mineradora CBMM foi fundada em Araxá, no cerrado de Minas Gerais, pouco se sabia sobre o potencial do nióbio — descoberto em 1801 pelo químico inglês Charles Hatchett.
Naquele ano, a economia brasileira cresceu 8,8%, em um forte processo de industrialização que começou no governo Getúlio Vargas. Somente em 1958 pesquisas para o uso do metal na composição do aço foram iniciadas e a empresa ganhou protagonismo no mercado. Vinte e dois anos depois, em 1977, a companhia era eleita a melhor empresa de Siderurgia, Mineração e Metalurgia da sétima edição do prêmio MELHORES E MAIORES, da EXAME. Hoje, totaliza nove premiações: além de 1977, em 1996, 1998, 2000, 2008, 2009, 2010, 2013 e 2015.
A empresa é, junto com a CSN, recordista de seu setor em premiações anuais e, por isso, é uma das campeãs históricas nos 50 anos de MELHORES E MAIORES.
A CBMM passou pelos diversos momentos políticos e econômicos do país pautada pelo investimento em pesquisa e pela internacionalização. Enquanto o Brasil convivia com uma inflação exorbitante — que criou até mesmo um grupo de fiscais dos preços nas gôndolas de supermercados e farmácias — a empresa iniciou o processo de internacionalização e a abertura da primeira subsidiária em Pittsburgh, nos Estados Unidos.
Chegou às duas décadas dos anos 2000 como líder global na produção de nióbio e 80% da oferta mundial de produtos para os setores de energia, automotivo, infraestrutura, aeroespacial, dentre outros. A empresa tem capacidade de produzir 150 mil toneladas de produtos de nióbio, enquanto a demanda global chega a 120 mil toneladas. Em 2022 faturou R$ 11 bilhões.
A CBMM é uma empresa de capital fechado, mas segue a governança de uma empresa listada, com conselho de administração, comitês de financeiro, de pessoas, ética e fiscal. “O nosso diferencial é a proximidade e a atenção que damos aos clientes. Nós vendemos e entendemos todo o processo para apoiarmos a implementação dos produtos pelos clientes. Além disso, investimos R$ 300 milhões no nosso programa de tecnologia e projetos com universidades”, afirma o CEO da companhia, Ricardo Lima.
Atualmente, os carros elétricos ficam em torno de 7 horas carregando na tomada para obter autonomia completa. A proposta da bateria a base de óxido de nióbio é de carga total em apenas 10 minutos.
Atualmente, são 40 projetos em baterias automotivas sendo desenvolvidos pela CBMM. Um dos que devem dar o primeiro resultado é em parceria com a Toshiba. “Até 2030 teremos muito potencial de crescimento. O aço é o nosso principal negócio, mas baterias passam a ser a segunda grande indústria para aplicação de nióbio. Nosso desafio é tornar isso uma realidade”, diz Lima.
A companhia também tem como meta zerar a emissão de CO2 até 2040. Enxerga como oportunidades, além da eletrificação, os investimentos que tornem o mundo mais sustentável, além da transformação digital e da urbanização consciente. “Muitos dos nossos clientes primeiro perguntam como é possível reduzir a emissão de CO2, e só depois o preço dos produtos. Para garantir a perpetuidade da empresa precisamos construir uma multiculturalidade, que respeite as diferenças geográficas e regionais das nossas unidades”, afirma.