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Dívida de irmãos Batista dispara com negócio familiar

Os irmãos que estão no epicentro do mais recente escândalo de corrupção do Brasil compraram as participações de suas três irmãs na J&F Investimentos

JBS: no fim de 2016, Wesley e Joesley Batista ainda não haviam pago pelo negócio, o que ampliou suas dívidas pessoais para R$ 1,3 bilhão por irmão (Paulo Whitaker/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2017 às 17h13.

São Paulo - Em meio à escalada das investigações sobre irregularidades envolvendo a JBS e seus controladores, no ano passado, os irmãos Joesley e Wesley Batista assumiram sem alarde a propriedade integral da holding da família, ampliando suas dívidas pessoais combinadas para R$ 2,6 bilhões (US$ 790 milhões).

Os irmãos que estão no epicentro do mais recente escândalo de corrupção do Brasil compraram as participações de suas três irmãs na J&F Investimentos, uma empresa de capital fechado que detém o controle da JBS e das outras empresas da família, pagando apenas um quinto do valor de mercado de suas participações indiretas na JBS, segundo as declarações de imposto de renda de Wesley e Joesley Bastista de 2017, que integram os documentos divulgados no âmbito do acordo de delação premiada assinado em maio.

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Os irmãos fecharam ainda um acordo semelhante, por valor do de mercado, com os controladores da Blessed Holdings, empresa que aparecia entre os acionistas controladores da JBS desde 2009 e cuja identidade dos antigos proprietários é investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

As declarações de imposto mostram que os irmãos haviam assumido o controle pleno da J&F em dezembro.

Wesley e Joesley Batista declararam ter adquirido, junto às firmas de investimento de suas irmãs Valére, Vanessa e Vivianne, participações idênticas de aproximadamente 20 por cento na J&F por um valor declarado de R$ 591 milhões cada, totalizando R$ 1,18 bilhão.

A aquisição incluiu uma participação indireta combinada na JBS de 18 por cento, fatia avaliada em R$ 5,6 bilhões com base no preço médio das ações do frigorífico em dezembro.

No fim de 2016, Wesley e Joesley Batista ainda não haviam pago pelo negócio, o que ampliou suas dívidas pessoais para R$ 1,3 bilhão por irmão, segundo as declarações de impostos.

A J&F e a JBS preferiram não comentar sobre a mudança e as condições das transações.

A família Batista, liderada por Joesley, de 45 anos, e Wesley, de 47, ganhou destaque internacional durante uma década de aquisições que somaram US$ 20 bilhões e transformaram seu matadouro familiar na maior produtora mundial de carnes.

No âmbito do acordo de delação premiada fechado em maio, os irmãos admitiram atos de corrupção e revelaram aos investigadores brasileiros que a ascensão meteórica da empresa não teria sido possível sem uma rede sombria de pagamentos de propinas a políticos e uma série de negócios com o BNDES.

As fraudes que eles descreveram, supostamente envolvendo o presidente da República entre mais de 1.800 políticos, são tão amplas que reconduziram o Brasil ao caos político um ano após o impeachment de Dilma Rousseff.

Não está claro por que a família decidiu trocar os ativos de mãos, e as condições financeiras das transações, incluindo o cronograma de pagamentos, não foram reveladas.

A informação sobre o aumento das dívidas pessoais dos irmãos Batista surge em meio ao temor crescente de que a J&F possa ter problemas de liquidez com a disparada dos custos dos empréstimos da empresa e as multas aplicadas pelo Ministério Público Federal à família e ao grupo empresarial.

Os dois irmãos fecharam acordo para pagar R$ 225 milhões em multas e a J&F pagará R$ 10,3 bilhões ao longo de 25 anos.

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