Diversidade e governança: pilares do ESG no mundo corporativo
Em artigo, Marina Spínola, professora e diretora de relações institucionais e sustentabilidade da FDC, aborda os desafios para a agenda ESG nas PMEs
Redação Exame
Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 16h13.
Última atualização em 14 de janeiro de 2025 às 16h20.
Por Marina Spínola — mestre em comunicação, professora e diretora de relações institucionais e sustentabilidade da Fundação Dom Cabral
Nos últimos tempos, temos acompanhado algumas notícias sobre a desmobilização das áreas de diversidade e inclusão em grandes empresas – em especial as americanas.
O cenário, contudo, ainda é nebuloso e ainda não há elementos suficientes que confirmem que esse movimento concentrado no contexto americano indica a falência dessa agenda no cenário global.
O que se tem comprovado em literatura científica e em estudos de caso é que os pilares de diversidade e governança são elementos essenciais da agenda ESG (Environmental, Social and Governance).
Esses dois aspectos, além de possibilitarem um avanço social, tornam-se diferenciais estratégicos para médias empresas que buscam crescer de forma sustentável e competitiva no mercado.
O papel da diversidade
A inclusão de pessoas de diferentes origens, gêneros, idades e perspectivas no ambiente corporativo vai além de uma questão ética. A gestão da diversidade e da inclusão é um fator que impulsiona a inovação e a produtividade.
A adoção de políticas de diversidade pode abrir portas para novos mercados, aumentar o engajamento dos colaboradores e, com isso, impactar positivamente o capital reputacional da organização.
A importância da governança
Enquanto a agenda de diversidade expande horizontes e manifesta compromisso com a justiça e a ética, a governança garante que a empresa se mantenha no caminho certo – especialmente quando ela também incorpora os valores e princípios da inclusão.
Representatividade de grupos socialmente minorizados nas estruturas de tomada de decisão, transparência em processos e o alinhamento ético são a base para construir a confiança de investidores, parceiros e consumidores.
No contexto das médias empresas, em que muitas vezes os recursos e equipe são mais limitados, investir em boas práticas de governança pode parecer desafiador e, até mesmo, algo que poderia ser deixado para depois. Contudo, a implementação de códigos de conduta e de conselhos — ainda que consultivos — bem estruturados é essencial para reduzir riscos operacionais e vislumbrar futuros prósperos.
Desafios no Brasil
Apesar das vantagens, médias empresas brasileiras enfrentam barreiras na implementação de práticas de ESG, especialmente em diversidade e governança. A falta de recursos financeiros e humanos, a resistência cultural e a falta de clareza regulatória são pontos que dificultam avanços mais rápidos.
Além disso, há uma pressão crescente para comprovar resultados concretos em ESG, o que pode intimidar empresários em início de jornada.
Ainda assim, as oportunidades superam os desafios. Em um cenário de crescente regulamentação e exigências de transparência, adotar o ESG não é apenas uma escolha ética, mas uma estratégia de sobrevivência e crescimento.
O futuro é promissor, especialmente para médias empresas que apostam no desenvolvimento de suas equipes, na digitalização de processos e em treinamentos para sensibilizar lideranças sobre a importância desses pilares. A jornada é complexa, mas a recompensa é significativa: organizações mais resilientes, inovadoras e preparadas para o futuro.
Diversidade e governança não são apenas tendências; são fundamentos indispensáveis para a sustentabilidade e o sucesso das médias empresas no Brasil e no mundo. Cabe às lideranças transformar desafios em oportunidades e consolidar o ESG como parte integral do DNA corporativo.