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Dexia, primeiro banco europeu vítima da crise da dívida

O banco franco-belga está prestes a sofrer uma cisão do grupo

Acionistas do banco, França e Bélgica tentaram tranquilizar os mercados
 (Dirk Waem/AFP)

Acionistas do banco, França e Bélgica tentaram tranquilizar os mercados (Dirk Waem/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2011 às 14h06.

Paris - O banco franco-belga Dexia, à beira da asfixia três anos depois de escapar da falência graças à ajuda pública, está prestes a sofrer uma cisão do grupo, o que o converteria na primeira entidade europeia a ser vítima da crise da dívida.

Acionistas do banco, França e Bélgica tentaram tranquilizar os mercados, assegurando que garantirão com seus bancos centrais os depósitos e os empréstimos necessárias para salvar do grupo.

"Os Estados belga e francês responderão como em 2008", assegurou o ministro francês das Finanças, François Baroin, em Luxemburgo.

"Tanto França quanto Bélgica estão dispostas a fornecer uma garantia para os financiamentos da Dexia, qualquer que seja a forma que adote", disse o ministro das Finanças Belga, Didier Reynders, ao anunciar uma reunião de emergência do governo de seu país na noite desta terça-feira.

Após seis horas de um conselho de administração de maratona, Dexia abriu o caminho, em um comunicado publicado na madrugada desta terça-feira, para novas cessões e alianças com o objetivo de resolver os "problemas estruturais".

O conselho de administração encarregou o administrador delegado Pierre Mariani de "preparar, em consulta com os Estados e as autoridades de controle, as medidas necessárias para resolver (estes) problemas".

"O conjunto do grupo Dexia está a venda", indicou à AFP Jean-Michel Cappoon, responsável sindical belga, ao fim de uma reunião de representantes da direção e dos funcionários do banco em Bruxelas.

"É o fim da linha (...) Os funcionários estão preocupados", resumiu Pascal Cardineaud, representante do sindicato francês CFDT ao comitê de empresa europeu da Dexia.

"A este ponto, desconhecemos os impactos sociais", ressaltou, criticando a ausência de detalhes fornecidos pelos dirigentes.

Em seu comunicado, o Dexia deu a entender que iria isolar uma carteira com 95 bilhões de euros em ativos de risco da qual tenta se livrar há anos e que "pesa estruturalmente no grupo".

A criação de um "bad bank" (banco ruim), uma estrutura para absorver os ativos depreciados, é "uma das possibilidades", reconheceu o ministro belga das Finanças.

Mais além, o conselho do Dexia deseja "abrir novas perspectivas de desenvolvimento" para as filiais francesa e belga.

Segundo o jornal francês Le Figaro, o Dexia deveria ceder sua filial turca Denizbank, as atividades de gestão de ativos do banco privado, assim como da filial do banco de varejo na Bélgica, apoiada no velho Crédit Comunal da Bélgica. Quanto à carteira de empréstimos às comunidades locais na França, que pesam cerca de 70 bilhões de euros, será absorvida por uma sociedade criada pela Caisse de Dépôts e pelo Banco Postal.

As duas entidades já trabalham na recuperação das atividades do Dexia, segundo fontes próximas a estas entidades.

"Não há razões para uma preocupação maior sobre este grupo se continuar a acelerar a cessão de ativos", assegurou Reynders, que rejeitou falar de desmantelamento. "O banco caminha em direção a um reforço da atividade bancária, é o objetivo", afirmou.

Interrogado sobre a forma de apoio que Paris e Bruxelas podem adotar, Reynders respondeu que as "ajudas financeiras passam por garantias, recapitalização, empréstimos" e que "tudo dependerá do esquema apresentado pela direção da Dexia".

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