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Covid: Indústria procura clínicas privadas para vacinar "fim da fila"

Associação que estuda comprar vacina da Índia conversa com empresas para fornecer imunizante a funcionários; entidade quer conseguir 15 milhões de doses

Aplicação de vacina da Pfizer/BioNTech: empresas americanas e europeias saíram na frente na corrida pela vacina (Eric Lee/Bloomberg)

Mariana Desidério

Publicado em 4 de janeiro de 2021 às 18h11.

Última atualização em 4 de janeiro de 2021 às 18h18.

A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) foi procurada por empresas privadas interessadas em uma vacina da covid-19 disponível pela rede privada de saúde a fim de garantir a vacinação de seus funcionários. A entidade mantém conversas com essas empresas para a aplicação da vacina Covaxin, desenvolvida pela companhia indiana Bharat Biotech. A associação firmou acordo para aquisição de 5 milhões de doses da vacina, que ainda precisa ser aprovada pela Anvisa.

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De acordo com Geraldo Barbosa, presidente da ABCVAC, uma vez adquirida a vacina, as clínicas associadas devem firmar acordos tripartites envolvendo empresas privadas a fim de fornecer a vacinação aos funcionários dessas companhias.

“Tem gente que só será vacinada no final da fila e que sai todos os dias para trabalhar. A indústria está querendo investir para vacinar o trabalhador e diminuir a propagação da doença. Formalmente temos várias indústrias tradicionais que solicitaram a aquisição dessas vacinas”, afirma.

Segundo a associação, a legislação atual afirma que para receber uma vacina pela rede privada é necessário apenas uma prescrição médica. Mas o Ministério da Saúde informou nesta segunda-feira que a rede privada também deve seguir a ordem de vacinaçãode grupos prioritários prevista no plano nacional de imunização. Desta forma, mesmo que possa vender o produto, as clínicas deverão oferecer primeiro a idosos e profissionais específicos.

Meta de 15 milhões de doses

O presidente da ABCVAC embarca nesta segunda-feira para a Índia para visitar duas fábricas da Bharat Biotech – a primeira já em operação tem capacidade de fabricar 300 milhões de doses da vacina, e a segunda, que deve iniciar sua operação em breve, terá capacidade para fabricar 200 milhões de doses, de acordo com o dirigente.

Além de conhecer a estrutura da companhia indiana e verificar a in loco a segurança da vacina, um dos objetivos da viagem é negociar a aquisição de um lote maior do imunizante. A associação tem acordo para adquirir 5 milhões de doses da vacina. A meta é chegar até 15 milhões de unidades.

De acordo com Barbosa, foi o laboratório indiano que procurou a associação, após receber a notícia de que o setor privado brasileiro estava com dificuldades para adquirir uma vacina contra a covid-19. O dirigente afirma que o lote negociado com a associação se refere a um excedente fabricado pela Bharat Biotech e não compromete o acordo da fabricante com o governo brasileiro nem com o governo de nenhum outro país.

“Minha percepção é de que a Índia tem interesse em investir no Brasil, eles querem trazer a tecnologia indiana para o mercado privado brasileiro, onde não entraram ainda”, diz Barbosa.

A vacina só será de fato adquirida após ter sido aprovada pela Anvisa em caráter definitivo. A expectativa é de que os dados finais dos testes sejam apresentados ao órgão ainda em janeiro. Havendo aprovação, a vacinação começaria em abril.

O valor a ser pago pelas vacinas ainda não foi definido. A associação não descarta adquirir vacinas de outros laboratórios, no entanto, não há perspectivas no momento, devido aos compromissos já firmados com governos do mundo todo.

A Abcvac tem sido procurada por laboratórios e clínicas interessados em se associar à entidade. Apenas empresas associadas terão acesso às vacinas negociadas. Segundo a associação, seus associados já representam 80% da compra de vacinas no mercado privado.

“Queremos deixar claro que viemos para ajudar, jamais para concorrer com o serviço público. Queremos que a saúde seja alcançada de qualquer forma, no serviço privado ou no público, a meta é agregar forças”, diz.

Uma que estuda a possibilidade de se associar à entidade é a rede de laboratórios Labi. O laboratório tem mantido conversas com distribuidores para que, quando haja a disponibilidade da vacina, ela possa ser adquirida, mas não procurou laboratórios diretamente.

Segundo Octavio Fernandes, co-fundador do Labi, o maior gargalo para haver vacina de covid no setor privado é a disponibilidade do produto. “Todas as clínicas que se propõem a fazer vacinação têm que seguir requisitos estritos e nós nos preparamos em infraestrutura e parte regulatória. Já a disponibilidade do produto é mais complicada. A vacina vai chegar no ente privado na medida da disponibilidade”, afirma.

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