No contexto global de descarbonização, o Brasil pode assumir papel de protagonista
País tem empresas de geração de energia 100% renovável como a AES Brasil, que dobrou sua capacidade instalada nos últimos seis anos e prevê novas usinas solares e eólicas
EXAME Solutions
Publicado em 26 de março de 2024 às 14h00.
Última atualização em 26 de março de 2024 às 14h04.
Um dos principais pontos discutidos na COP28 refere-se à importância do aumento da capacidade global das energias renováveis. Não à toa, o documento final da conferência propõe triplicar a geração proveniente desse tipo de fonte. “É uma medida fundamental para limitarmos o aumento do aquecimento global médio em 1,5°C”, alerta Erika Lima, diretora de estratégia e ESG da AES Brasil. “As fontes renováveis têm papel de destaque no país, que pode assumir o protagonismo na transição energética.”
AES Brasil
Empresa de geração de energia 100% renovável, a AES Brasil comprova o que ela diz. Nos últimos seis anos, a companhia dobrou sua capacidade instalada. De 2,7 GW, em 2016, passou para 5,2 GW, em 2022, distribuídos entre hídrico (2,7 GW), eólico (2,2 GW) e solar (0,3 GW).
“Temos executado uma estratégia de expansão baseada em ampliação de ativos e diversificação de portfólio”, resume a executiva.
Atualmente, a energia renovável corresponde a 85% da matriz elétrica brasileira. De acordo com um estudo da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), cada R$ 1 investido em parques eólicos no país acarreta um incremento de R$ 2,9 no PIB após um breve período — estamos falando de dez a 14 meses. “A energia eólica e a solar são a resposta para o futuro da eletricidade”, afirma Elbia Gannoum, presidente executiva da entidade. “Até mesmo os veículos elétricos vão depender de fontes renováveis”.
Capacidade instalada
Entre 2009 e 2018, lembra Elbia, a capacidade dos parques eólicos brasileiros cresceu a um ritmo de 2 GW por ano. De 2019 em diante, esse ritmo de expansão subiu para 4 GW por ano. Atualmente, o Brasil dispõe de mais de mil parques eólicos em 12 estados e de mais de 10 mil aerogeradores em operação. Tudo somado, a capacidade instalada em operação comercial é de 31 GW. Convém registrar que o Brasil, em breve, deverá regulamentar as eólicas offshore, ainda inexistentes no país.
“O setor privado desempenha um papel crucial na transição para uma economia de baixo carbono e na redução das emissões de gases de efeito estufa”, observa Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil. “No geral, temos visto uma crescente conscientização e um aumento significativo no comprometimento de diversas empresas com a descarbonização”.
Pereira lembra que o desmatamento e o uso inadequado da terra contribuem significativamente para as emissões de gases de efeito estufa no Brasil. “A gestão sustentável da terra, a redução do desmatamento ilegal e a promoção de práticas agrícolas sustentáveis são essenciais para a descarbonização”, observa o CEO.
Metas de sustentabilidade
A par de tudo isso, a AES Brasil traçou metas alinhadas a seis dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Contribuir com a transição energética por meio da ampliação das fontes renováveis é um dos compromissos assumidos. A AES Brasil apoia seus clientes para que evitem a emissão de gases de efeito estufa em seus processos e fabricação de seus produtos a partir do consumo da energia limpa.
Além de gerar energia 100% renovável, a empresa faz a gestão de seus processos com metas de redução de emissões de gases de efeito estufa em 18% até 2030 — o ano de 2020 serve de base.
Outra meta, muito relevante e alcançada antecipadamente, é a de compensar até 2025 as emissões históricas desde o início da operação, que foi em 1999.
A executiva vai além. “O ESG está no centro da nossa estratégia de crescimento e acreditamos que as pessoas são nossos maiores ativos”, explica. Convém registrar que o Programa de Diversidade e Inclusão da companhia promoveu cursos exclusivos para mulheres em parceria com o Senai da Bahia e o do Rio Grande do Norte, com especialização técnica em manutenção e operação de parques eólicos.
“Temos orgulho em ser a primeira empresa do setor a ter um complexo eólico operado exclusivamente por mulheres”, Lima acrescenta. Refere-se ao Complexo Eólico Tucano, na Bahia. No Rio Grande do Norte, o Complexo Eólico Cajuína também seguirá o mesmo modelo. Em linha com o compromisso de aumentar a diversidade de gênero na companhia, a empresa aderiu ao Movimento Elas Lideram 2023 tendo assumido a meta de até 2025, ter 30% de mulheres em cargos de alta liderança.
Única companhia de energia da América Latina que obteve a classificação “AAA” no rating de ESG do Morgan Stanley Capital International (MSCI), voltado para empresas de capital aberto, a AES Brasil firmou um pré-contrato com o Porto do Pecém, no Ceará, em 2022. Desde então, tem desenvolvido um estudo de viabilidade técnica e comercial para a construção de uma planta industrial para produção de hidrogênio verde, com capacidade instalada de eletrólise de até 2 GW — o objetivo final é produzir até 800 mil toneladas por ano de amônia verde."
A abertura do Mercado Livre de Energia no Brasil, em janeiro deste ano, promete trazer mudanças profundas para o setor. Até o ano passado, só as empresas que consumiam mais de 500 kW podiam escolher o fornecedor que quisessem. “Existem pelo menos 72 mil unidades com potencial para migrar para o Mercado Livre”, comemora Erika Lima. “Nós já estamos prontos para ele e entre as três maiores comercializadoras varejistas do país.”