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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.
A sentença contra o laboratório Merck, por efeitos colaterais danosos do analgésico Vioxx, dá ainda mais impulso a um movimento contra a indústria farmacêutica que já está afetando o desenvolvimento e colocação no mercado de novos medicamentos nos Estados Unidos. A Merck foi condenada a pagar 229 milhões de dólares de indenização à viúva de um paciente que utilizou Vioxx no tratamento. O laboratório amargou imediata queda de quase 8% no valor de suas ações.
Tanto as companhias quanto a agência americana responsável pelo controle de remédios e alimentos (FDA, na sigla em inglês), estão adotando renovada ênfase na política da extrema cautela. Segundo reportagem desta segunda-feira (22/8) do The Wall Street Journal, a nova tendência provavelmente vai inibir a chegada de novos tratamentos ao mercado.
Os fabricantes estão reavaliando que espécie de remédios vão desenvolver, baseados em antecipações dos potenciais problemas de segurança e de custos. Além disso, as próprias práticas de publicidade estão sendo revisadas pelas farmacêuticas. "Houve tanta propaganda do Vioxx que seu nome tornou-se familiar", diz a reportagem. A Merck retirou o medicamento do mercado em 30 de setembro do ano passado, quando foi estabelecida uma relação entre seu uso e ocorrências de ataques cardíacos e derrames.
As vendas dos analgésicos da classe do Vioxx, há pouco tempo um filão promissor para os laboratórios, estão em acentuada queda. O Celebrex da Pfizer vendeu 813 milhões de dólares nos primeiros seis meses de 2005, ante 1,5 bilhão em mesmo período de 2004. O Bextra, do mesmo laboratório, gerou 14 milhões de dólares na primeira metade do ano, ante 545 milhões no primeiro semestre do ano passado.
Além disso, o desenvolvimento de outros tipos de medicamentos para dor está atrasado. "As companhias estão mais conservadoras sobre os tipos de produtos que estão promovendo e o FDA está analisando os processos [para aprovação de novos remédios] mais detidamente, o que desacelera o ritmo de aprovação", diz Fred Hassan, presidente executivo e do conselho de administração da Schering-Plough.
Um teste da nova tendência virá na primeira semana de setembro, quando o FDA vai analisar as requisições iniciais de três novos medicamentos: uma insulina inalável para o tratamento da diabetes, desenvolvido em conjunto pela Pfizer, Sanofi-Aventis e Nektar Therapeutics, e remédios para artrite reumatóide e diabetes da Bristol-Myers Squibb.