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Como esse jeans sustentável da Renner chama a atenção de investidores

A varejista de moda abriu plantas de energia solar para abastecer lojas, criou métodos para cortar o consumo de água e ampliou parcerias com fornecedores

Coleção Re Jeans, peças mais sustentáveis da Renner (Renner/Divulgação)

Karin Salomão

Publicado em 28 de dezembro de 2020 às 12h30.

Última atualização em 29 de dezembro de 2020 às 13h08.

O ano que vem é essencial para os planos da Renner. A varejista de moda tem metas significativas de ampliar a sustentabilidade de sua cadeia produtiva, das peças de roupa e de suas lojas. Entre os objetivos estão reduzir 20% das emissões de gases causadores do efeito estufa em relação aos índices de 2017, suprir 75% do consumo corporativo de energia com fontes renováveis e chegar a 80% das vendas de peças com algum atributo de sustentabilidade, sendo 100% com algodão certificado.

A varejista de moda abriu plantas de energia solar para abastecer lojas, criou métodos para cortar o consumo de água e ampliou parcerias com fornecedores. Essas e outras ações chamam a atenção de investidores e a companhia está bem posicionada em índices de sustentabilidade na bolsa de valores.

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Para Eduardo Ferlauto, gerente sênior de sustentabilidade da Lojas Renner, o objetivo é que uma cadeia mais sustentável gere mais valor tanto para consumidores quanto para seus fornecedores e acionistas. "A prioridade é trabalhar o produto e gerar valor  com o tema da sustentabilidade", diz ele. Se de 2017 ao início deste ano a empresa tinha vendido 68 milhões de peças de roupa com alguma característica sustentável, em novembro esse número chegou a 125 milhões.

Um exemplo é o Re Jeans. Lançado pela primeira vez em 2018 e com uma nova coleção em 2020, o jeans consome 44% menos água na produção e lavagem. "Esse jeans é o grande símbolo do que temos feito em termos de sustentabilidade, com ênfase nos princípios da economia circular", diz Ferlauto. A peça também usa algodão reciclado feito de retalhos que sobraram de sua cadeia produtiva.

O foco no jeans mais sustentável faz sentido ao analisar o impacto que a peça pode ter no meio ambiente. O tecido é um dos que mais demanda algodão para sua produção, e cada etapa de beneficiamento demanda uma quantidade grande de água e produtos químicos. Assim, qualquer alteração no processo produtivo de peças jeans tem um impacto maior em toda a cadeia produtiva. Hoje, cerca de 84% das peças jeans vendidas pela varejista têm algum atributo que reduz seu impacto ambiental.

Sustentabilidade na bolsa

A Lojas Renner integra a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores (ISE B3) pelo sétimo ano seguido, sendo a única varejista de moda. A carteira da bolsa brasileira reúne ações de 39 companhias, de 15 setores.

A Renner também está pelo sexto ano consecutivo entre as mais sustentáveis do mundo, conforme o Índice Dow Jones, sendo a única brasileira com atuação no varejo. A companhia ainda está bem posicionada no índice S&P/B3 Brasil ESG, lançado este ano pela B3 e a S&P Dow Jones, maior provedor de índices do mundo. O indexador utiliza critérios baseados em práticas ambientais, sociais e de governança para selecionar empresas brasileiras para sua carteira.

A Renner está pelo sexto ano consecutivo entre as mais sustentáveis do mundo, conforme o Índice Dow Jones.

As ações da Renner estão em queda de quase 26% desde o início do ano, principalmente por causa do impacto que a pandemia do novo coronavírus teve em ações de varejistas. A Renner alcançou receitas líquidas de 3,7 bilhões de reais nos nove primeiros meses do ano até setembro, queda de 33,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

Apoio dos fornecedores

De acordo com o gerente de sustentabilidade, é essencial envolver os fornecedores. "Precisamos colocar na mesa todos os fornecedores envolvidos em uma peça para desenvolver uma peça de forma totalmente inovadora", diz.

No início desses projetos, algumas coleções eram lançadas para provar que esses métodos de produção eram possíveis. Agora, o objetivo é provar junto a fornecedores que não só é possível fabricar roupas com um impacto menor como também é possível escalar esses métodos, segundo Ferlauto.

Inicialmente, essas iniciativas podem elevar o custo da produção e, consequentemente, o preço do produto final. No entanto, a empresa optou por manter os preços dos produtos mais sustentáveis nos mesmos níveis dos itens tradicionais. Ao se aproximar da cadeia de fornecedores, a Renner conseguiu enxergar algumas oportunidades de corte de custos e geração de novas receitas.

Soluções de sustentabilidade podem reduzir custos, como gastos com água ou energia, e gerar novas receitas, como a venda de retalhos para a indústria de reciclagem de tecidos.

Um dos exemplos é a reciclagem dos retalhos da costura, uma etapa que poderia custar mais para a varejista, já que não havia uma cadeia logística integrada para recuperar esses tecidos cortados. A empresa integrou, então, uma empresa de reciclagem de tecidos à sua cadeia de fornecedores. "A partir dessa conexão, nossos fornecedores têm até uma receita extra com a venda desses resíduos para a indústria de reciclagem e conseguem os tecidos pelo mesmo preço”, diz Ferlauto.

Outra iniciativa de logística reversa é o programa EcoEstilo, que existe desde 2011 para que consumidores depositem nas lojas produtos para reciclagem. O programa coletou 145 toneladas de descartes dos clientes, entre embalagens e frascos de itens de perfumaria e beleza e peças de roupa em desuso.

Neste ano, a marca iniciou uma parceria com o brechó online Repassa para a revenda de peças. A C&A também firmou uma parceria com o brechó e a Malwee já é parceira desde o ano passado.

Sustentabilidade nas lojas

A Lojas Renner neutraliza 100% das suas emissões dos gases de efeito estufa desde 2016. A empresa assinou os dois pactos globais da ONU referentes às mudanças climáticas, em que se compromete a zerar suas emissões de gás carbônico até 2050. Hoje 44,3% da energia consumida pela companhia já é proveniente de fontes renováveis de baixo impacto, como energia solar e de pequenas centrais hidrelétricas.

A preocupação também se aplica às lojas. A meta é que elas sejam abastecidas por 75% de energia renovável. Uma das iniciativas para alcançar esse objetivo são as fazendas solares. Três plantas de energia solar já abastecem oito lojas, das mais de 392 da marca Renner -- 605 no total, ao considerar as marcas Camicado e Youcom.

Recentemente, a empresa inaugurou uma nova planta solar no Distrito Federal, para abastecer três lojas na região. A perspectiva de economia nos custos da conta de energia elétrica das três unidades é de 18% ao ano.

Para a Renner, a sustentabilidade deve gerar valor -- para consumidores, fornecedores e acionistas.

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