Como a Rimini Street rouba clientes das bilionárias SAP e Oracle
Com faturamento global estimado US$ 250 milhões, a Rimini Street concorre com gigantes no mercado de atendimento
Karin Salomão
Publicado em 14 de novembro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 16 de novembro de 2018 às 11h06.
Não importa o setor: da indústria à construção, do varejo a serviços, cada vez mais, empresas são dependentes de tecnologia. Mais do que isso, os sistemas de gestão, análise e bancos de dados estão mais complexos que nunca, com a introdução de inteligência artificial e internet das coisas. Com tamanha dependência, o que fazer quando o sistema sai do ar ou apresenta algum problema?
A Rimini Street surgiu há 13 anos para enfrentar gigantes como SAP e Oracle e entrar no mercado de atendimento, oferecido até então apenas pelas empresas de tecnologia . A briga chegou até a uma disputa judicial nos Estados Unidos contra a Oracle, com pagamento de multa milionária.
No Brasil desde 2011, a companhia atende 80 clientes e deve terminar o ano com mais de 100 clientes em sua carteira. Já são 200 clientes na América Latina. Dá suporte principalmente a grandes empresas, como a farmacêutica Libbs e a construtora Even - o primeiro cliente no país foi a Embraer.
Com faturamento global estimado 250 milhões de dólares este ano, tem mais de 1.700 clientes no mundo. A companhia, que tem 65% de suas receitas vindas do mercado norte-americano, quer expandir sua atuação internacional. Europa, Israel e América Latina são as regiões mais visadas para expansão.
A empresa ainda é pequena perto de suas maiores concorrentes. A SAP teve um faturamento global de 23,5 bilhões de euros em 2017, com mais de 378 mil clientes pelo mundo. Já a Oracle apresentou faturamento de 40 bilhões de dólares no ano fiscal de 2018, com 430 mil clientes. O suporte é uma parcela importante do faturamento das companhias, com margens normalmente altas.
Para atrair clientes e brigar com as grandes empresas de tecnologia, o custo do suporte oferecido pela Rimini é metade do oferecido pelo mercado, diz Edenize Maron, diretora da companhia no Brasil.
Além disso, ela também garante atendimento para sistemas personalizados, que fogem do que é vendido pelas desenvolvedoras. Normalmente, quando uma companhia altera o código do sistema, a garantia cai e o suporte não é mais oferecido. “Na maior parte das vezes, é a customização que dá problema. Então o cliente paga pelo suporte mas não consegue usá-lo quando precisa”, diz a diretora.
Para conseguir prestar o atendimento aos sistemas desenvolvidos por outras empresas, os funcionários da Rimini precisam ter uma grande experiência - todos já trabalharam nas concorrentes. Por isso, a média de idade dos funcionários, de 48 anos, é mais alta que a média do mercado.
O "underdog"
Sebastian Grady, presidente da Rimini Street, estava acostumado a trabalhar em empresas conhecidas. Agora, a situação é outra. “Somos o underdog, o desconhecido, e o trabalho é mais desafiador”, afirma ele.
Parte do desafio é convencer clientes a deixarem o atendimento prestado pelas fabricantes de softwares para apostarem na Rimini. No entanto, essa reticência tende a diminuir. “Os diretores mais novos já enxergam seu negócio e o departamento de tecnologia como algo único e dão mais ênfase a inovação tecnológica”, afirma o executivo.
Ultimamente, esse trabalho tem sido mais fácil pela entrada de outras empresas de tecnologia. Companhias com a Amazon Web Services (AWS), Azure da Microsoft e a Google Cloud estão ajudando clientes a migrarem sistemas, servidores e serviços para a computação em nuvem. Ao invés de contratar grandes pacotes, os clientes pagam apenas pelo que usam e têm flexibilidade maior para crescer ou diminuir seus projetos.
Essa migração abriu os olhos para outras mudanças que podem trazer eficiência, como o caso do atendimento feito pela Rimini, afirma Grady.