Trabalhador ajusta uma válvula em um dos canos da refinaria de petróleo Najaf, ao sul de Bagdá, no Iraque (Ahmad Mousa/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2013 às 16h53.
Londres - As novas refinarias ultramodernas e grandes tradings estão mudando para navios de longo curso e terminais de armazenamento em importantes centros à medida que revertem um padrão de décadas em sua batalha por novos mercados.
As mais novas refinarias da Ásia, Oriente Médio e Estados Unidos se beneficiam de menores custos com matéria-prima e energia e menos impostos e regulamentos.
Isso lhes permite competir com refinarias locais na Europa, América Latina e África para vender produtos como gasolina, diesel, óleo diesel e combustível de aviação.
Dispostas a venderem volumes maiores, as refinarias estão usando petroleiros de 75 mil toneladas, conhecidos como LR2s, que são o dobro do tamanho dos navios-tanque de produtos petrolíferos tradicionais.
Entre as empresas peso-pesadas orientadas para a exportação estão a refinaria Jamnagar, na Índia, da Reliance Industries, com 660 mil barris por dia (bpd), e a nova refinaria Jubail com 400 mil bpd, na Arábia Saudita, de uma joint venture com a Total.
"Toda a dinâmica (de negociação) está mudando", disse Dario Scaffardi, gerente-geral da Saras Group, uma refinadora independente italiana, na conferência Oil&Money, em Londres, nesta semana.
Segundo ele, os fundamentos de refino têm sido sempre manter centros de refino próximos a centros de consumo, com o petróleo a longa distância e os produtos em uma curta distância. Mas isso apresentava alguns problemas para carregar pequenos volumes para uma variedade de pequenos portos, disse.
"Esse modelo tem sido desafiado e alterado e a Reliance tem nos mostrado que é possível enviar embarcações LR2 ao redor do mundo e a logística está se adaptando a isso. Nós provavelmente vamos precisar nos deslocar para grandes volumes e algum tipo de integração vertical".
Grandes unidades na Costa do Golfo dos EUA, como a refinaria de 600 mil bpd Motiva em Port Arthur, da Shell e da Saudi Aramco, também estão mirando o mercado internacional, uma vez que estão elevando a produção de gasolina e diesel graças à abundância de óleo de xisto doméstico.
"Estamos usando navios que são o dobro do tamanho dos que foram utilizados 20 anos atrás, o que pode levar a uma diferença de três a quatro dólares nos custos com frete", disse Tony Fonte, diretor para refino e marketing da Reliance, na conferência.
A Europa enfrenta uma nova onda de fechamento de refinarias devido a uma maior concorrência das refinarias dos EUA, que podem funcionar com gás mais barato, e devido à queda continuada na demanda europeia.
Segurança no Abastecimento
As refinarias e as tradings também estão investindo em terminais de armazenamento de grande porte em centros comerciais, a fim de garantir os fluxos de abastecimento em caso de problemas no transporte.
"Em todos os nossos mercados-chave, seja em Cingapura, no Mediterrâneo, Roterdã ou Nova York, nós mantemos armazenamento. Temos a confiança do comprador de que ele não é totalmente dependente do próximo carregamento", disse uma fonte da Reliance.
A capacidade de refino mundial deverá crescer em cerca de 10 por cento nos próximos cinco anos, para 106,7 milhões de barris por dia e superar a demanda, que deverá ficar em torno de 95 milhões de bpd.