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Com prejuízo bilionário, BRF sacrifica até a produção de peru

Empresa divulgou prejuízo de R$ 1,57 bilhão, mas promete manter redução da dívida, com venda de ativos, férias coletivas e redução na produção de peru.

BRF: empresa tenta derrubar vetos a exportação em momento crítico  / Divulgação (BRF/Divulgação)

BRF: empresa tenta derrubar vetos a exportação em momento crítico / Divulgação (BRF/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 10 de agosto de 2018 às 12h53.

Última atualização em 10 de agosto de 2018 às 13h04.

São Paulo – A BRF divulgou hoje um prejuízo de 1,57 bilhão de reais no segundo trimestre de 2018 e uma dívida líquida de 15,7 bilhões de reais – 1,7 bilhão a mais do que no trimestre anterior. Apesar do resultado desastroso, o presidente global da companhia, Pedro Parente, disse que mantém o plano de redução da dívida da empresa.

“O preço da credibilidade é prometer e entregar. A promessa que foi feita sobre a alavancagem está mantida apesar dos resultados do segundo trimestre que são muito aquém do potencial da empresa”, disse o CEO em teleconferência com analistas nesta sexta-feira.

O plano da BRF é chegar a uma alavancagem (relação entre a dívida da empresa e seus resultados) de 4,35 até o final de 2018, e 3 até o final de 2019. Hoje, o índice é de 5,69.

Para dar conta de cumprir a promessa, a companhia vai ter que suar. Dentre as medidas previstas está a venda de ativos e desinvestimentos na Argentina, Europa e Tailândia.

Mas só isso não será suficiente, e para fechar a conta a BRF vai sacrificar até o peru – algumas linhas de produção desse item serão desativadas. Outras ações incluem férias coletivas e funcionários em layoff. Com essas medidas, a empresa espera gerar 5 bilhões de reais em caixa.

“São todas medidas que não dependem de fatores externos”, ressaltou Parente. Isso porque o resultado desse trimestre foi fortemente impactado por fatores fora do controle da companhia, como a greve dos caminhoneiros e o aumento nos preços dos grãos. Para piorar, como resultado da Operação Trapaça, a Comissão Europeia vetou a compra de produtos vindos de 12 fábricas da BRF, num golpe duro para as exportações da companhia.

Esses fatores fizeram com que os resultados ficassem “aquém do potencial da empresa”, diz a BRF em seu relatório de resultados.

A BRF luta para se reerguer de um tombo e tanto. Pedro Parente assumiu a presidência da companhia em junho com a missão de arrumar a casa num cenário de conjuntura internacional instável e problemas na cadeia de suprimentos. Fora a crise na gestão da companhia, que trocou de presidente cinco vezes nos últimos seis anos.

Parente conta com a simpatia o mercado, em especial após sua atuação à frente da Petrobras. Porém, a paciência dos acionistas tem limite. As ações da companhia caíam 6% nesta sexta-feira.

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