Com nova oferta, Netshoes decide: quer mesmo o Magalu. Mas por quê?
Netshoes recomendou a seus acionistas que aceitem oferta do Magazine Luiza na assembleia marcada para amanhã
Lucas Amorim
Publicado em 13 de junho de 2019 às 08h33.
Última atualização em 13 de junho de 2019 às 08h53.
Um novo dia, uma nova oferta pela Netshoes. A varejista de artigos esportivos divulgou comunicado nas primeiras horas desta quinta-feira anunciando um segundo acordo para venda de suas operações ao Magazine Luiza. Pelo texto divulgado, o Magalu concorda em igualar a oferta feita ontem pela Centauro, de 3,70 dólares por ação, colocando o valor de mercado da Netshoes em 115 milhões de dólares.
O acordo ainda fixou uma multa de 6 milhões de dólares para o caso de cancelamento. Ou seja, os acionistas da Netshoes têm uma barreira para vetar, na assembleia marcada para esta sexta-feira, a oferta do Magazine Luiza. Pelo comunicado de hoje, o conselho de administração da Netshoes volta a reiterar aos demais acionistas da varejista seu desejo de venda para o Magazine Luiza, e não para a Centauro.
A grande pergunta entre executivos próximos às negociações é: por quê?
A guerra de ofertas tem feito muito bem aos acionistas da Netshoes, que já viram suas ações subirem mais de 50% em 45 dias. Em 29 de abril, o Magazine Luiza iniciou a contenda com uma oferta de 2 dólares por ação para a Netshoes (cerca de 62 milhões de dólares). Quando a oferta do Magazine Luiza chegou a 87 milhões de dólares, o conselho da Netshoes recomendou aos acionistas que aprovassem a venda por este valor, no dia 26 de maio.
Mas a Centauro continuou elevando a mão, para 109 milhões e depois para 115 milhões, ou 3,70 dólares por ação, nesta quarta-feira, forçando a nova oferta do Magazine Luiza. Ou seja: em 15 dias o conselho da Netshoes recomendou o aceite de duas ofertas com diferença de 28 milhões de dólares entre elas.
Para além dos valores, a disputa envolve questões sobre a sobrevida da Netshoes, em dificuldades financeiras. Como parte da oferta revelada ontem, a Centauro incluiu um empréstimo de 120 milhões de reais à Netshoes como reforço do caixa para capital de giro. O adiantamento tentava dirimir uma dúvida em relação à Centauro. Como a varejista é concorrente direta da Netshoes, uma eventual demora na análise da compra pelo Cade, o conselho de defesa da concorrência, poderia deixar a companhia sem caixa para manter suas operações.
Nesta quarta-feira, porém, o Cade anunciou que vai avaliar a proposta da Cenatuaro em rito sumário, ou seja, num prazo de até 30 dias, o mesmo apontado como necessário para avaliar a oferta do Magazine Luiza.
Ou seja, há propostas semelhantes na mesa, mas a preferência clara do conselho da Netshoes por um dos lados. “Talvez esteja pesando o ego de não vender a marca para um concorrente direto”, diz um executivo do setor. “Pode pesar também o medo de dizer não a uma empresa com o poder de fogo do Magazine Luiza”, diz outro executivo.
Haverá resposta? Se a Centauro aumentar sua oferta, a assembleia marcada para amanhã será mantida? São questões a serem respondidas nas próximas horas. A quinta-feira deve ser mais um dia movimentado para o varejo esportivo na bolsa.