Com Kiss no catálogo, gravadora sueca chega ao Brasil de olho em funk, sertanejo e até o trap
A Snafu Records oferece adiantamentos financeiros sobre os catálogos dos artistas e depois monetiza essas músicas em diversas frentes
Repórter
Publicado em 1 de novembro de 2024 às 12h37.
Última atualização em 1 de novembro de 2024 às 12h58.
A gravadora sueca Snafu Records desembarca oficialmente no Brasil, trazendo a promessa de um modelo diferente para artistas independentes: apoio financeiro sem que eles precisem vender seus direitos autorais.
Com um investimento previsto de cerca de10 milhões de dólares até 2025, a Snafu planeja atrair nomes do cenário nacional e expandir seu catálogo de artistas por aqui.
Conversas preliminares com nomes como Seu Jorge, Alok e Vitor & Léo, além da equipe de Marília Mendonça, já estão acontecendo, mas nenhum contrato foi firmado até o momento.
Entre os parceiros financeiros da Snafu está Björn Ulvaeus, ex-integrante do lendário grupo ABBA e fundador da empresa de entretenimento Pophouse (do mesmo grupo controlador da Snafu), que recentemente adquiriu a marca, catálogo e propriedade intelectual da banda Kiss por cerca de R$ 1,5 bilhão.
Esse investimento no país ocorre em um momento em que o setor musical está cada vez mais dominado por grandes plataformas, como TikTok e Spotify, que já transformaram a forma de consumir e monetizar música. Os artistas que mais se destacam hoje são aqueles que conseguem emplacar uma música viral na plataforma de vídeos chinesa.
Por que o Brasil?
A Snafu busca não apenas explorar o potencial do Brasil como mercado consumidor, mas também transformar a música brasileira em um produto de exportação, algo que pode render lucros significativos a longo prazo.
“O Brasil realmente se encaixa em nosso modelo de negócios: fornecer financiamento e suporte ao crescimento, enquanto permanecemos 100% independentes”, diz a gerente sênior de A&R da Snafu, Laura Monzonis.
Os gêneros brasileiros de funk, trap e MPB, assim como o sertanejo e o pop nacional, são as apostas da gravadora sueca para atrair novos talentos e expandir seu catálogo.
“Estamos vendo crescimento no trap e no rap local. Esses gêneros ressoam com a juventude brasileira e encontraram uma tração significativa em plataformas como o TikTok”, completa Monzonis. A gravadora já atua com uma base de cerca de 40 artistas, incluindo nomes locais como MC Laranjinha e Pacificadores.
O que propõe a Snafu?
O modelo de negócios da Snafu oferece adiantamentos financeiros sobre os catálogos dos artistas, para monetizar essas músicas em diversas frentes – de campanhas no TikTok à sincronização em comerciais e filmes.
Esse sistema permite que os artistas mantenham o controle sobre seus direitos autorais, sendo apresentado pela Snafu como “independente” e “flexível”.
Ainda assim, vale lembrar que essa proposta não é gratuita. Para a Snafu, trata-se de um investimento estratégico: a gravadora lucra principalmente com royalties e licenças para mídia, visando maximizar o valor de cada catálogo.
Como a Snafu lucra?
A estratégia de monetização da Snafu é clara: diversificar as fontes de receita ao máximo para garantir o retorno sobre o investimento.
Após adquirir os direitos de sincronização de um catálogo, a Snafu busca aumentar sua presença em plataformas digitais e redes sociais, como o TikTok, que possui grande alcance entre jovens consumidores brasileiros.
Além disso, a empresa fecha parcerias para usar as músicas em comerciais, séries de TV e filmes, além de desenvolver estratégias para impulsionar as canções em redes de streaming, consolidando um modelo de negócios focado em monetizar a música no ambiente digital e no consumo rápido.