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Com iPhone SE mais barato, Apple tenta recuperar vendas em queda

Empresa lançou novo iPhone SE a partir de 399 dólares. Enquanto isso, recém-lançado iPhone 11 tenta brigar com a chinesa Huawei e Galaxy S20 da Samsung

iPhone SE: ovo aparelho tem o mesmo formato do iPhone 8, mas incorpora alguns dos componentes do iPhone 11, que é o modelo topo de linha da empresa (Apple/Reuters)
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Carolina Riveira

Publicado em 16 de abril de 2020 às 16h00.

Última atualização em 16 de abril de 2020 às 17h44.

Sem muito alarde e em meio à pandemia do novo coronavírus , a Apple virou o grande assunto da tecnologia na quarta-feira, 15, ao lançar uma nova versão de celular: o novo iPhone SE, que será vendido a 399 dólares nos Estados Unidos (e ainda sem previsão de preço no Brasil).

Habituada a lançar celulares top de linha, acima de 800 dólares nos Estados Unidos e que podem passar de 3.000 reais no Brasil, a decisão pelo lançamento de um celular "popular" vem na esteira do desejo da empresa de alavancar as vendas de seu aparelho.

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O ano de 2019 não foi o melhor do mundo para a Apple. A empresa perdeu a vice-liderança em celulares para a chinesa Huawei , que já vinha encostando no número de vendas da Apple desde 2018. A líder é a sul-coreana Samsung .

Em 2018, embora o número de smartphones vendidos no mundo tenha caído, as chinesas como Huawei e Xiaomi (quarta colocada global, atrás da Apple) tiveram altas de dois dígitos nas vendas. O ritmo se repetiu em boa parte de 2019.

De acordo com dados das consultorias Canalys, Strategy Analytics e Counterpoint Research, a Huawei cresceu 17% no ano passado e aumentou sua participação de mercado de 14,8% para 17,6%. A companhia da maçã, por sua vez, teve resultado 7% menor e perdeu mercado. Tem agora apenas 14,5% das vendas totais. A Samsung cresceu 2% no volume comercializado e tem cerca de 22% do mercado.

No acumulado entre janeiro e setembro do ano passado, o iPhone teve queda de 15% na receita de vendas: de 128 bilhões de dólares em 2018 para 109 bilhões nos primeiros nove meses do ano passado. A única boa notícia para a Apple veio depois do lançamento do iPhone 11, no último trimestre, que fez as vendas voltarem a subir. O iPhone 11 foi elogiado e visto como tendo melhorias em relação aos antecessores, o iPhone 8 e o iPhone X.

O lançamento do iPhone SE, agora, pode ajudar a melhorar as vendas da Apple em um momento particularmente difícil. Com a recessão quase certa na economia global, os consumidores devem optar por produtos mais baratos ou até mesmo reduzir as compras de eletrônicos.

Concorrentes como a Samsung, por sua vez, dispõem de uma maior variedade de produtos em todas as faixas de preço, e podem estar melhor posicionadas. Mesmo na faixa top de linha, dominada pela Apple (sobretudo nos países do hemisfério Norte, como EUA e Europa), a Samsung lançou em março o Galaxy S20, que vem sendo elogiado pela crítica e faz frente ao iPhone 11 -- apesar do lançamento do iPhone SE, o celular da Samsung, inclusive, está entre os assuntos mais comentados nas redes sociais do Brasil nesta quinta-feira, 16, após aparecer em uma festa do programa Big Brother Brasil na noite de ontem.

Enquanto isso, só nos EUA, maior mercado da Apple, o número de desempregados nas últimas semanas bateu mais de 20 milhões de pessoas, segundo números divulgados nesta quinta-feira, 16. O cenário, definitivamente, não é para grandes investimentos em equipamentos de ponta. Em outros mercados, sobretudo os emergentes, o dólar valorizado também pode desestimular a compra de produtos importados.

O lançamento do SE foi bem visto pelo mercado. O banco alemão Deutsche Bank aumentou o preço-alvo das ações da empresa de 270 para 275 dólares. O banco JP Morgan também projeta boas perspectivas de venda para o modelo mais barato, e espera que a Apple produza até 20 milhões de unidades do iPhone SE só em 2020. Para o iPhone 12, que será lançado no segundo semestre, a projeção é de 68 milhões de unidades.

A Apple também vinha tentando ampliar suas frentes de receita para além do iPhone. No quarto trimestre de 2019, último com dados divulgados, categorias como serviços de assinatura e os chamados wearables tiveram alta superior a clássicos como os computadores iMac e Macbook e o tablet iPad.

O segmento de acessórios e wearables teve alta de 4% no último trimestre, fechando em 10 bilhões de dólares. O setor de serviços fatores subiu 16%, com faturamento de 12,7 bilhões de dólares. Os serviços incluem produtos como mais armazenamento na nuvem, serviço de música e seu streaming Apple TV+, lançado em novembro passado e disponível no Brasil por 9,90 reais.

Um problema adicional para a Apple é seu mercado na Ásia, de onde vem 15% das vendas da companhia. A Ásia é a terceira região mais importante para a empresa, atrás de Américas e Europa. Por lá, lojas foram fechadas e o mercado ficou praticamente estagnado no primeiro trimestre em meio à pandemia do novo coronavírus que levou a um intenso isolamento social, sobretudo na China. Agora, embora as cidades chinesas estejam lentamente reabrindo, o país deve sofrer com queda na economia e perda de empregos, que deve levar a novas perdas para a Apple.

Enquanto isso, a própria linha de produção da Apple, que fica majoritariamente na Ásia, também sofreu com a pandemia. Uma de suas principais fornecedoras, a Foxconn, estava com parte das operações paralisadas, o que prejudicou uma leva de 80 milhões de smartphones que a Apple pretendia fabricar só no primeiro semestre. Os impactos na linha de produção e na receita da empresa presidida por Tim Cook ainda não estão totalmente contabilizados, mas devem ficar mais nítidos quando a empresa divulgar seus resultados do primeiro trimestre, no próximo dia 30 de abril.

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