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Climatech que usa IA para detectar incêndios florestais capta R$ 18,7 milhões com investidores

A umgrauemeio (1,5°C) monitora mais de 17,5 milhões de hectares no Brasil, já evitou a emissão de 18 milhões de toneladas de CO₂ e fez com que seus clientes evitassem um prejuízo de R$ 100 milhões

Monitoramento de incêndios: Com a ajuda de câmeras de alta resolução, um algoritmo que faz uso de IA monitora o surgimento de fumaça imediatamente. (JBS/Divulgação)
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Publicado em 3 de abril de 2024 às 08h00.

“A jornada é árdua, mas quando se tem propósito e, principalmente, uma equipe dedicada e competente as coisas acontecem”, postou Rogerio Cavalcante, no final de março, em sua conta no LinkedIn. Trata-se do CEO da umgrauemeio (1,5°C), climatech que usa inteligência artificial (IA) para detectar incêndios florestais. O que motivou a postagem? A rodada de investimentos que injetou R$ 18,7 milhões no caixa da startup. “Como budista que sou, acredito na força do karma neste caso, o bom karma de ter encontrado pessoas do bem e extremamente capacitadas que fazem parte de nosso time”, registrou Cavalcante no mesmo post.

A rodada foi liderada pela Baraúna Investimentos, que desembolsou R$ 9 milhões. Já a Indicator Capital aportou R$ 7 milhões. Os valores que saíram do caixa da The Yield Lab Latam e da Rural Ventures não foram informados. “O aporte nos fortalece ainda mais na missão de proteger as florestas e a biodiversidade, combatendo incêndios e contribuindo na redução dos impactos com as mudanças climáticas”, resumiu a climatech ao anunciar a conquista dos R$ 18,7 milhões. “Somos gratos pelo apoio e confiança e estamos prontos para expandir nossa presença no Brasil e dar os primeiros passos rumo à internacionalização, reforçando nosso compromisso com a sustentabilidade e a inovação tecnológica”.

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Certificada como uma corporação B — este selo é destinado a companhias comprometidas com a construção de um mundo melhor para a sociedade e para o planeta —, a umgrauemeio virou referência na prevenção de incêndios na mata e na proteção ambiental. A startup surgiu da premissa de que não existe economia saudável sem florestas bem cuidadas. E a missão dela é desenvolver inteligência de combate a queimadas florestais para reduzir as emissões de carbono e preservar o patrimônio natural e privado.

O segredo da climatech fundada por Cavalcante, Antonio Leblanc e Eimi Arikawa, entre outros, são as detecções instantâneas de focos de incêndio. Com a ajuda de câmeras de alta resolução instaladas em torres de monitoramento, um algoritmo que faz uso de IA monitora o surgimento de fumaça imediatamente. Trata-se de um sistema com raio de cobertura de até 20 quilômetros, o que representa 120 mil hectares. Com direito a painéis solares e conexão via rádio, que dispensa internet em áreas remotas, a infraestrutura autossuficiente é outro diferencial.

A companhia emite boletins diários — chegam nos e-mails e nos celulares dos clientes —, faz previsões meteorológicas e análise de material combustível disponível nas áreas monitoradas. Recorre a mais de 15 satélites espaciais, faz rastreamento de frotas em tempo real, mapeia pontos de interesses próximos, a exemplo de fontes de água, e ainda elabora relatórios estratégicos — a respeito, por exemplo, da origem e da causa do fogo. Mais: faz simulações sobre a maneira como os incêndios se propagam, o que leva em conta a ação do vento e características do relevo, entre outras variáveis.

Atualmente, a startup monitora mais de 17,5 milhões de hectares no Brasil. Desse total, 2,2 milhões se referem a florestas, 7,8 milhões a áreas nativas e 7,5 milhões a lavouras. Com mais de 130 torres de monitoramento, ela já evitou a emissão de 18 milhões de toneladas de CO₂ e fez com que os clientes dela evitassem um prejuízo de R$ 100 milhões. A climatech atua em 20 estados, monitora 5 biomas e já finalizou mais de 15 mil relatórios de incêndios.

Em 2022, a umgrauemeio ajudou a tirar do papel o projeto “Abrace o Pantanal”. Custeado pela JBS, monitora 2,5 milhões de hectares de áreas nativas da região, um dos mais importantes biomas do mundo. De acordo com a climatech, houve uma redução de 60% na perda de mata nativa na área do projeto em relação a 2020, quando a região foi palco de incêndios devastadores. Na área monitorada a pedido da BP Bunge, as queimadas diminuíram 90%. E o tempo de acionamento das brigadas de incêndio que cuidam da região que pertence à Suzano, que também recorreu à umgrauemeio, foi reduzido em 80%.

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